Você já ouviu falar em Edge Computing?

Você já ouviu falar em Edge Computing?

Lá pelo início dos anos 80 a arquitetura de TI tinha uma solução bastante curiosa: os recursos de computação eram concentrados em máquinas bastante robustas e com muita capacidade de processamento para a época e nas pontas, ou edge como vamos discutir nesse artigo, terminais que tinham duas funções principais: servir como interface para que os usuários dessem comandos nos sistemas e mostrar o resultado deles na tela.

Esses terminais eram conhecidos popularmente como "terminais burros". A meu ver, um nome ruim, mas era o que tínhamos para aquela época. Pensando nesses terminais me vem a lembrança dos tempos de faculdade. Pois eram neles que administrávamos a nossa vida acadêmica: notas, faltas, solicitações à secretaria, e também foi em um dele que ganhei meu acesso à internet no ambiente acadêmico.

Mas se o mundo dá volta, o papel da tecnologia nas pontas também sofreu uma reviravolta. A bola da vez é a computação na borda, ou Edge Computing. Por que será?

O que significa Edge Computing?

Primeiro pensemos na coleta de dados e as decisões que podemos tomar em decorrência da análise desses mesmos dados. Em muitos processos onde essa parte analítica dos dados se encaixa, a demanda pela resposta é praticamente imediata.

Com IoT e Inteligência artificial, esses casos aumentaram substancialmente. Imagine uma fábrica de picolés (ou sorvete no palito, como se diz em outras regiões), que produz dezenas deles por minuto e precisa fazer o controle de qualidade do fechamento da embalagem. Se fizermos isso com uma câmera e um algoritmo de IA processando as imagens e identificando as embalagens defeituosas para dar o comando de retirar esse item da esteira de produção, a precisão em relação ao olho humano aumenta sensivelmente.

Agora imagine se, a cada picolé produzido, tenhamos que enviar a imagem para que um algoritmo de IA faça o seu processamento e retorne com uma decisão -manter ou eliminar, em um Datacenter há dezenas ou até centenas de quilômetros de distância.

Só o tempo de viagem da informação na ida e na volta - a famosa latência - pode fazer com que essa linha de produção funcione em uma velocidade tão baixa que os picolés percam qualidade e amoleçam antes de chegar ao consumidor final.

Como resolver essa questão? Trazer o algoritmo de IA para uma infraestrutura computacional o mais perto possível da produção. Com respostas imediatas, o impacto na qualidade da produção deixa de existir. Está aí o Edge Computing!

A relevância desse tema é tão grande que o Gartner prevê que até 2025, 75% dos dados gerados dentro das corporações serão processados na borda (edge).

Algumas as vantagens do modelo de Edge Computing

1 - Latência: talvez essa seja a mais latente (!). Trocadilhos à parte, levar o processamento para a borda faz com que a informação viaje menos tenha menos atraso entre a geração e o processamento. Baixa latência habilita uma série de modelos de negócio para o setor produtivo. Vide o exemplo dos picolés e suas embalagens acima.

2 - Proteção de dados: sem a necessidade de ser processado em um datacenter remoto, limitar a circulação desses fluxos dentro do ambiente pode ser estratégico para o negócio, evitando a exposição de informações estratégicas da empresa a terceiros.

3 - Economia com links e diminuição da dependência de links com alta performance e disponibilidade: dados processados localmente não tem requisitos de conectividade tão grandes quanto um cenário sem edge. Outro ponto é a economia financeira e a flexibilidade para levar edge computing até áreas pouco atendidas por conectividade de qualidade.

4 - Continuidade do negócio: sem a dependência direta de um datacenter centralizado, a computação distribuída na borda faz com que cada unidade de negócio trabalhe de maneira independente e mais resistente a falhas.

Por fim, vejo que se combinado a redes de acesso de alta performance, como o 4G e principalmente o 5G privados, podemos ter casos de uso onde os sensores e atuadores não dependam de rede cabeada para funcionar e possam entregar seus insights e decisões em tempo real para os casos de uso do setor produtivo.

E você, conhecia esse conceito de Edge Computing? Já tem alguma iniciativa rodando na sua organização? Compartilhe conosco nos comentários...

Publicado originalmente em mauroperiquito.com

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação. 

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

Artigos relacionados:

Bibliografia:

Alexandre Coelho Rodrigues

Gerente Executivo de Negócios e Soluções na TecBan

1 a

Ótima reflexão, Mauro. A integração das redes de acesso de alta performance, aliada ao edge computing pode acrescentar muito para as indústrias. 

Soluções de baixa latência não são mais exclusividade do mundo financeiro! É como os negócios devem acontecer! E pra isso temos que fazer conversar várias tecnologias como 5G, redes privadas e data center Edge. Edge computing precisa de uma infra capaz de tornar real sua aplicabilidade!!! Vai ser legal nosso bate papo no DCD!!!

Ricardo Menezes

Head of Sales and Business Development - Brazil - Armada

1 a

Excelente artigo. Na mosca !!!

Tiago Fonseca

C-Level | Executivo | Engenheiro de Produção | Conselheiro Certificado | Gestor de Risco Certificado | Compliance | Normas | Regulação | Governança | Certificação | Qualidade| Inovação | Gestão | Liderança

1 a

Excelente artigo, Mauro PERIQUITO! Eu não conhecia.

Edmar Moraes

Parallel Entrepreneur and Executive specialized in helping organizations accelerate market penetration and growth

1 a

As redes de hoje permitem fazer EdGE assim como as antigas também. As ferramentas que exploram vulnerabilidades de segurança ou distribuição de conteúdo pirata sempre fizeram assim. A indústria é inteligente para ir adicionando novos produtos para upsell.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Mauro PERIQUITO

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos