Você pratica o Scrum em sua empresa?
Desde que me formei quis trabalhar com desenvolvimento e devo confessar que eu odiava a metodologia ágil. Em meu primeiro emprego tive uma péssima experiência com agilidade. Foi uma correria para entender o que era “ser ágil” – através do Google e minicursos gratuitos de Youtube – e começar a aplicar no projeto do qual trabalhava. Devo afirmar que foi um desastre por diversos motivos que antes não compreendia.
Passei a me interessar mais sobre gerenciamento de projetos a partir desse trabalho e comecei a estudar a metodologia tradicional do PMI, ainda em sua 5ª edição. Passei a ser um defensor do método tradicional de gerenciamento de projetos e repudiava a agilidade, apoiado pela minha mãe, com quem sempre conversei sobre a área de desenvolvimento, pois ela mesma é uma “dinossaura” do Cobol.
Isso tudo mudou após realizar um curso “de verdade”, o preparatório para a certificação para Product Owner da Pilar Sanchez Albaladejo . Posso afirmar que o curso me ajudou muito, mas é necessário estudar ainda mais para tirar a certificação. Hoje, já certificado como PSPO consigo entender algumas nuances do Scrum e das metodologias ágeis.
Sendo um “framework leve” e “simples”, porque é tão complicado aplicá-lo corretamente em uma empresa, independentemente de seu tamanho?
Eu creio que uma grande dificuldade está descrita nas primeiras páginas do Guia do Scrum:
“O framework Scrum é propositalmente incompleto, apenas definindo as partes necessárias para implementar a teoria Scrum.”
É fácil aplicar cegamente os eventos: passar a dividir as fases do desenvolvimento em Sprints, adotar as reuniões diárias, uma Reunião de Planejamento rápido de uma hora ou menos, onde alguém mostra as Histórias de Usuários (às vezes sem nada escrito), uma Reunião de Revisão – quando existe – apenas para os gerentes ou diretores olharem para o trabalho feito, uma Reunião de Retrospectiva para apontar dedos e culpados por algo que deu errado durante a correria de 3-4 semanas e voilà! Nós usamos Scrum em nossa empresa!
Como Mario Sergio Cortella coloca em seus diversos (e divertidos) posts: será?!
Estudando cada vez mais, agora entendo que, não importa muito se você adota os eventos Scrum ou seus artefatos, de nada adianta se você não adotar a sua filosofia por completo em todos os níveis da empresa. E aí é que está o complicador desta metodologia maravilhosa. Descobri que não basta você aplicar o Scrum em sua empresa, você precisa vivenciá-lo para obter os seus benefícios.
“Ué, mas podemos alterar uma coisa aqui e ali e continuará sendo Scrum” – já ouvi isso uma vez e devo dizer que sim e que não.
Recomendados pelo LinkedIn
A base de todo o Scrum reside nos pilares da Transparência, Inspeção e Adaptação. Assim como em uma cabana “tipi” – aquelas usadas povos indígenas norte-americanos – de três pontos, se um dos pilares do Scrum faltar, todo o conceito desaba. E isso NÃO é Scrum, independentemente se você adota todos os ritos e artefatos do Scrum.
- Na minha empresa não escrevemos Histórias de Usuários, o gerente entrega requisitos e trabalhamos neles. É Scrum?
- Não gostamos de todas as reuniões, mas frequentemente mostramos o trabalho e adaptamos nossa forma de trabalhar de acordo com o feedback de pessoas chave para o sucesso do processo, é Scrum?
Se há um entendimento entre todos, estão confortáveis com essa forma de trabalhar e há Transparência no trabalho a ser realizado, Inspeção do trabalho feito e Adaptação do trabalho, do time e de seus processos, sim, há grande chance de ser Scrum. Os eventos e os artefatos do Scrum foram criados para facilitar a adoção dos Pilares, mas, se você substituir algum evento por algo que os mantenha, então sim, continuará sendo Scrum.
Outra coisa muito importante também é quanto aos Valores Scrum: compromisso, foco, abertura, respeito e coragem, que devem fazer parte da convivência entre todos os envolvidos no projeto, desde o Time Scrum até o dono da empresa. Eles servem para criar uma cultura empresarial que – adivinhem só – ajuda a promover os Pilares do Scrum. Todo o Guia serve como referência na promoção da Transparência, Inspeção e Adaptação.
Portanto, para que o Scrum seja corretamente adotado, toda a empresa deve se empenhar a entender esses conceitos e filosofias, mais do que simplesmente ler o Guia e adotar seus eventos e artefatos.
Depois de ler este artigo eu convido você, dono de empresa, a responder:
Você pratica o Scrum em sua empresa?
Imagem da capa do artigo de tonodiaz no Freepik.
Analista de banco de dados (DBA) - (MCA - MCSA - MCTS - MCP - MTA / OCA - OCS) - (ITIL 4)
7 mMuito interessante. Nos leva a reflexão...