Você sabe com quem está falando?

Esta é uma frase emblemática da famosa carteirada, onde alguém busca estabelecer uma condição de vantagem por ter um acesso privilegiado no âmbito social, profissional ou político. Na realidade a carteirada é tipificada como crime na Lei de Abuso de Autoridade e, inclusive, com previsão de pena de reclusão. 

Contudo, o comportamento vexatório acontece em algumas empresas familiares, com certa dose de condescendência dos pais empresários em relação aos seus filhos. Não há a necessidade de pronunciar a frase de forma explícita, mas de fazer uso de condutas que indicam autoritarismo, falta de cumprimento às normas organizacionais, desrespeito reiterado aos colaboradores e outras práticas abomináveis.

O fato é que quando os próprios donos permitem que seus familiares ultrapassem certos limites da empresa estão passando a mensagem de que atitudes como desobediência e desacato são aceitáveis, mesmo que apenas para alguns.

Todos compreendemos que de fato é um desafio harmonizar família e empresa, quando fazem parte de um só ecossistema. Porém, é preciso entender que o exemplo arrasta e tanto as más condutas quanto as boas práticas são percebíveis dentro e fora do ambiente empresarial. Por isso, a família empresária deve construir sua história baseada em valores e não pode abrir mão deles, nem por um minuto. 

Os valores essenciais devem ressaltar a honestidade na conduta, a lealdade nos relacionamentos, a responsabilidade individual com os acordos estabelecidos, a integridade nas ações e a humildade nos posicionamentos. Uma empresa familiar que consegue imprimir esta cultura envolve toda a sua equipe de funcionários neste clima de compromisso com a qualidade na entrega de serviços e produtos aos seus clientes.

Desta forma, não vai necessário perguntar: “Você sabe com quem está falando?” porque as pessoas irão saber com quem estão falando, mais que isso, terão orgulho em anunciar que estão falando com esta pessoa. 

Este é o grande legado a ser perseguido pelas famílias empresárias! Ter o sobrenome reconhecido pelos valores que elas representam.

César Andrade - CEO do Família Bem Sucedida - FBS