VOCÊ TEM UM OBJETIVO OU SÓ UM PLANO?

VOCÊ TEM UM OBJETIVO OU SÓ UM PLANO?

No ano de 480 A.C ocorreu um combate histórico entre duas culturas que dividiam o protagonismo do mundo antigo: O império Persas e as cidades estado Gregas. Nessa batalha seria definido qual cultura teria a hegemônica e influenciaria os rumos do mundo antigo. O exército persa estava com sua força máxima, marchando para conquistar a península grega, enquanto isso as cidades estados gregas viviam seus habituais conflitos por poder. Nesse contexto o rei Leônidas de Esparta conseguiu juntar somente a sua guarda pessoal de 300 soldados (esse número não é consenso entre os estudiosos, dizem que talvez fossem 7000 soldados entre espartanos e outros aliados) para combater um exército persa de mais 250 mil (Heródoto fala de centenas de milhares, mas não é muito apoiado pelos estudiosos dessa batalha). Mas mesmo com a vitória na batalha por parte dos persas, eles acabaram perdendo a guerra.

O que causou isso?

Os Espartanos tinham um Objetivo e os Persas tinham um Plano.

Os soldados espartanos eram conhecidos por serem os melhores soldados de todo o mundo antigo conhecido. Os espartanos estavam focados no objetivo de impedir que o exército persa conseguisse chegar ao território grego antes que as questões políticas entre as cidades estados fossem resolvidas, esse objetivo era tão claro e forte no espirito desse grupo que suas vidas não tinham importância e seus planos de batalha eram alterados a todos instante com uma rápida adaptação do exército.

Os Persas estavam seguindo as ordens do Rei Xerxes que tinha o seu objetivo pessoal de conseguir vingança sofrida pelo seu pai anos antes e aumentar o poder de seu império. Seu exército era numeroso e poderoso, mas somente seguia os planos definidos pelo rei e seus generais. Relatos contam que em certos momentos da batalha eles só avançavam sobre os espartanos sendo chicoteados e empurrados.

A história acima é um exemplo de porque Objetivos são mais importantes que Planos. Mas então não devemos ter planos? Devemos somente agir e pronto? Sim e não. Vou explicar melhor

Não gosto de listas (5 passos disso, as 10 regras do sucesso daquilo...), então foi apresentar algumas práticas e mudanças de hábitos que tenho aplicado na minha vida profissional e pessoal, as quais tem me ajudado a atingir resultados melhores e a somar em um mundo cada vez mais colaborativo.

ENTENDA O SEU CÓDIGO CULTURAL, DAS PESSOAS E DA ORGANIZAÇÃO QUE VOCÊ TRABALHA. SE FOR NECESSÁRIO, MUDE.

Conclui que para focar mais nos meus objetivos e menos em planos precisava mudar a maneira como enxergava o mundo ao meu redor, e o primeiro passo foi entender o meu código cultural, das pessoas com quem convivo e das organizações que interagem comigo.

No século XX, o homem moderno tinha característica de querer ter um mundo totalmente equilibrado, dessa forma as organizações valorizavam seus processos grandes e rígidos. Essa situação criava um ambiente de controles pesados, com mudanças lentas e de difícil adaptação. Eram práticas totalmente processuais, onde o foco no objetivo a se atingir era muitas vezes perdido em nome de manter o plano definido. No mundo pós-moderno, com seu alto grau de complexidade e volatilidade manter esse modelo é fatal, é decretar a morte de qualquer organização. 

E os planos? Os planos precisam ser reavaliados, precisam estar alinhados com os objetivos, ou serão abandonados. Se não ajudam a atingir os objetivos estão atrapalhando.

Observem as organizações do século XI. Seus comportamentos são diferentes, elas nascem com essa visão enraizada e sabem que para ter sucesso precisam que o foco esteja nos Objetivos a serem atingidos e ter Planos que se adaptem rápido para acompanhar as mudanças do mundo dos negócios

Parece simples, mas pode virar uma tragédia. A desatenção na definição dos objetivos e desapego aos planos para mudanças pode significar o fim de uma empresa.

VAI COMEÇAR UM NOVO PROJETO OU PRODUTO, QUAL O OBJETIVO DISSO?

Ao iniciar minha carreira com projetos, a primeiro regra que aprendi foi deveríamos definir e defender o escopo. Definir o que será feito e levar até o final era o grande objetivo, sendo isso motivo de mérito para os envolvidos. Alterar o escopo sempre foi uma situação delicada, necessitando de grande esforço para convencimento. Hoje percebo o quanto essa pratica nos distancia dos objetivos iniciais definidos.

O projeto é algo com início, meio e fim definidos para atingir um objetivo especifico. Então por que o escopo tem que ser o mais importante? Veja que não estou falando que não devemos cuidar dele, o que quero dizer, é que ele não pode ser algo escrito em pedra, algo que não pode ser alterado. Precisamos ter em mente que ele é um plano para atingir o Objetivo.

Essa ideia também vale para um novo produto, ou um que já esteja bem consolidado. Muitas vezes insistimos em um produto que sabemos que já não tem mais valor de mercado, não porque era ruim, mas porque o cenário onde ele está inserido mudou, mas ele é mantido mesmo assim, por estar no planejamento estratégico, ou porque tem como padrinho o presidente da empresa ou outro motivo qualquer, e gastamos um tempo valioso, utilizando recursos que já são escassos em algo onde o objetivo se perdeu.

Então, não tenha medo, devemos parar e questionar sempre se o objetivo ainda é valido, senão, pare tudo e siga para outro desafio que tenha um objetivo claro e de valor.

REUNIÃO SEM OBJETIVO É FONTE DE PERDA DE TEMPO

Esse assunto provavelmente é o mais falado, o mais estudado e com milhares de artigos em todas os espaços de análise de gestão pelo mundo, mas continua sendo sem dúvida o exemplo mais comum de como a falta de um objetivo claro nos faz perder o foco no que realmente motivou o nosso trabalho.

Meu primeiro passo, em reuniões onde sou o facilitador ou apenas participante é clarificar o objetivo do encontro. Mas como fazer isso? Escrever o objetivo de forma clara, se for necessário em letras garrafais e deixá-lo visível para todos os participantes é uma boa prática. Isso faz com que as pessoas envolvidas mantenham o foco exclusivamente no trabalho.

Outra boa prática é evitar reunião com mais de 1 hora de duração. Reuniões estendidas tem se mostrado improdutivas, fazendo com que as pessoas percam o foco facilmente. Como essas ocasiões são muito intensas e cercadas de expectativas, o ideal é ter um objetivo claro, e que possa ser resolvido no tempo proposto. Evite reuniões com uma lista enorme de assuntos a resolver. Percebo, por experiência própria que não resolvemos metade deles, e ainda saímos da reunião com a sensação de tempo improdutivo. Mas então não pode existir reuniões com mais tempo? Claro que sim, porém exige maior dedicação e um bom preparo, com intuito de manter o foco e a objetividade dos participantes, o que é sempre um grande desafio.

OBJETIVOS GOLIAS E OBJETIVOS DAVI

A minha tendência sempre foi criar grandes objetivos, ideias épicas, onde por muitas vezes tive a ilusão de entende-las totalmente, sendo que ao final se perdiam em meio a tantas variáveis, fazendo com que eu desistisse. Compreendi então, que meus objetivos precisavam ser menores, com mais facilidade de serem atingidos. A partir desse contexto, comecei a uma divisão mental, entre os Golias e Davis da minha vida pessoal e profissionais.

Quando eu começo a pensar um objetivo, ele geralmente começa um Golias, enorme, pomposo e épico. Então eu paro e lembro da história bíblica, lembro que nem sempre é não é maior que derrota o menor e sim o mais rápido que atropela o mais lento. Então comece a transformar o seus Golias em vários Davis e perceberá como seu esforço de gestão irá diminuir considerável.

O que tenho praticado com minhas equipes de trabalho é  pensar em objetivos menores, MVP (Minimum Viable Product) que podemos implementar rápido, com um feedback rápido e com possibilidade de correções ainda mais rápidas. Nesse modelo tenho observado bons resultados, e com grande aprendizado, ou seja, de Davis em Davis obtenho resultados muito maiores que o Golias inicial.

Trabalhar focado em objetivos hoje não é uma opção e sim uma necessidade. Vivemos uma época de grande complexidade, as mudanças são constantes e o tempo de adaptação é curto, então precisamos ter claro os nossos objetivos, de tempo em tempo avaliar se eles ainda são reais, e principalmente termos coragem de mudar os rumos de nossos planos ou até o objetivo ao primeiro sinal de que ele não é mais factível. Adquirir esse hábito, é um dos requisitos fundamentais para uma vida saudável e uma carreira profissional duradoura. 

Então pare e reflita: VOCÊ TEM UM OBJETIVO OU TEM UM PLANO?


Anabela de Lucca

CEO da Join Digital | Ajudo empresas a compartilharem boas histórias e conquistarem a mente e o coração das pessoas. Também chamam isso de Marketing ❤️

7 a

Parabéns pelo excelente artigo Coaracy Junior! Muito bom 👏🏻👏🏻👏🏻

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