A volta da palmatória

A volta da palmatória

Existem momentos que eu não sei se choro de tristeza ou gargalho histericamente com as manifestações grotescas dos nossos governantes.

Como vocês todos sabem, nosso sistema de ensino (em todos os níveis) beira a perfeição. As escolas são modernas, os professores são regiamente remunerados e permanente qualificados. Isso, sem contar o fato de que desde a sua formação os professores contam com que existe de melhor no mundo. Não posso deixar de lembrar que os investimentos em educação são volumosos e crescem ano a ano.

Dentro dessa realidade, é óbvio que se os alunos vão mal nas avaliações nacionais, é porque são um bando de vagabundos e desleixados. E, justamente por serem assim, é que não funciona o sistema de progressão continuada, sabendo que vão passar de ano essas crianças maliciosas e mal intencionadas, que propositadamente não aprendem nada do que a escola-maravilha lhes oferece.

Ou será que não é bem assim ? Ou será que a progressão continuada não funciona bem porque os governos não investem mais naqueles que tem maior dificuldade. Ou será que o problema não é de aprendizagem mas de ensinagem ? Afinal, quando olhamos para uma avaliação ela reflete a situação do aluno, mas também a qualidade da escola.

No passado, um dos nossos governadores, que deve acreditar piamente no absurdo que escrevi aí acima saiu em defesa do “memorex” e prova, afinal ele concluiu que o problema do ensino é que é preciso instituir mais avaliações, aumentar as retenções (e, claro, com isso aumentar a evasão escolar....que só vai favorecer os que estudam em escolas "fortes" que vão ter menos competidores no mercado de trabalho), e excluir mais gente do sistema educacional (oba....vai sobrar mais dinheiro para construir pontes e túneis).

Mesmo porque, de acordo com a secretaria da educação, o problema das baixas avaliações do ensino público é essa história de universalização da educação (essa foi recentemente dita por um nefasto ministro da educação). É verdade, quando só as classes médias e alta podiam usufruir da escola pública, tudo parecia melhor. Deixaram os pobres entrar, e deu no que deu.

Podem ir se preparando, em breve deve ser enviado um projeto de lei por algum desses democratas (ou cratas do demo?) recém eleitos para reinstituir o uso da palmatória (professores, podem já começar sua qualificação em academias de musculação)

Descrição da imagem : uma gravura antiga de um professor chamando o aluno para receber os golpes da palmatória

Sucateamento da educação. Falta de ânimo no ensinamento. Metodologia arcaica. Estamos na era digital será que a Educação e os políticos não perceberam? Professores sem conhecimento, sem preparo, não todos, claro. Mas a grande maioria. A escola que estudei - Caetano de Campos - escola pública, tinha os melhores professores de SP. Eram respeitados, não apanhavam na sala e recebiam um salário digno para a época. Pobre Brasil. A quem será que interessa manter os alunos longe da escola? Fica a questão no ar!

Gui Rodrigues

Problem Solver Extraordinaire

2 a

Fábio Adiron só discordo contigo em uma coisa. Nossos investimentos em educação são efetivamente volumosos. Veja... Mesmo após a tenebrosa queda de 19% do orçamento total em 2012 para 8% em 2021, o Ministério da Educação ainda "investiu" 118.4 bilhões de reais (dinheiro gasto e não empenhado ou orçado que era de 129.8 bi). Quando a gente olha os dados da OCDE percebe que o Brasil gastou em 2018 (último dado) 3,9% do PIB em educação primária e secundária. A média do G20 foi de 3.2%, enquanto alguns exemplos de excelência estão bem abaixo: Alemanha 2.7, Espanha 2.6, Suíça 3,1, Coréia do Sul, Austrália e Reino Unido com 3,4. Só esse 0.5 do PIB entre o BR e os mais altos equivale a +/- 30 bi. A questão é que gastamos mal os recursos. E digo gastamos por que quem efetivamente o gasta foi eleito, logo as coisas são o que são também por nossa aquiescência. Basta ver o caso do Ceará e provar que se pode fazer mais com menos. Lá não houveram aumentos nababescos de salários (que deveriam receber mais, não há dúvida), nem construção de escolas entulhadas de alta tecnologia (longe disso). Sem receitas mágicas, apenas um foco incansável em fazer o "arroz com feijão". É preciso querer e é ai que mora o problema....(continua)

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