Vozes Trans
Imagem de Ingrid Niara para Theia

Vozes Trans

Quantas pessoas trans já trabalharam com você? Com quantas pessoas trans você tem uma relação de amizade? Quantas pessoas trans já almoçaram na sua casa em um almoço de família?

A causa trans é muito delicada. Muitas vezes o nosso corpo chega antes de nós nos lugares. A sociedade, de uma forma geral, tende a não querer saber sobre nós, além de nos resumir aos rótulos negativos que carregamos. Somos obrigados a nos acostumar com as piadas, os olhares e com os pré-julgamentos. Mas isto não é a pior parte, por todos os preconceitos que enfrentamos, poucas, ou nenhuma, são as oportunidades que surgem para nós no mercado de trabalho e, por este motivo, muitas pessoas trans são levadas a se utilizarem da hipersexualização de sua imagem para ter acesso ao mínimo existencial, como moradia, alimentação e saúde.

Como fazer com que pessoas trans estejam integradas no mercado de trabalho? Trata-se de uma questão complexa, tendo em vista que, já no tempo da escola vivenciamos situações degradantes causadas, dentre outros motivos, pela incompreensão dos colegas e professores sobre a nossa condição física, o que torna uma simples ida ao banheiro, um tabu. Temos que nos subordinar aos padrões estabelecidos pela maioria da sociedade e tentar parecer cis com hormônios e cirurgias, para que as pessoas nos enxerguem com um grau de normalidade. Prejudicamos o nosso corpo e a nossa saúde objetivando alcançar um padrão inatingível e, por isso, os costumes e conceitos morais vigentes devem ser reavaliados. Ser trans é natural, lindo e único, nascemos assim, mas estamos longe de sermos tratados como seres humanos.

A louvável iniciativa da Theia de dar visibilidade, gerar oportunidades de trabalho e desenvolvimento profissional para pessoas transexuais, simboliza um importante avanço para a integração de todos nós à sociedade, além de possibilitar que demonstremos a nossa capacidade de desempenhar funções complexas e criar soluções inovadoras para problemáticas presentes e futuras.

Ante o exposto, sou muito grata à Theia pela oportunidade de mostrar que não sou apenas uma pessoa trans, e o mesmo é válido para as demais pessoas trans que aqui trabalham. Somos designers, programadores e bons em resolução de problemas. Isso faz com que os nossos corpos se tornem meios secundários para a definição da nossa personalidade e dos nossos atributos, além de significar um importante avanço na busca por mais espaço no mercado de trabalho, inclusão e respeito.

Texto de Alice Lopes 🏳️⚧️ para o Toda Theia Vozes Trans, que ocorreu no dia 01/02 via zoom para toda a família Theia.

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