#3 Perenidade organizacional, inovação e amor radical
Logo que comecei a trabalhar em uma grande empresa recebi a indicação de um livro: Feitas para durar. É bem provável que você também o conheça. Foi a bíblia de muitos negócios nas décadas de 90 e ainda hoje faz sucesso.
Em resumo, o livro fala sobre práticas comuns das empresas que prosperam - as chamadas visionárias. A partir da análise de 18 casos bem sucedidos (daquela época, 1995), os autores questionaram alguns mitos e apontaram as melhores práticas das empresas que se mantem relevantes.
Não é surpresa que muitas das empresas desta lista quebraram ou entraram em declínio alguns anos depois. Pelo menos isso gerou um novo livro para Collins, que tentou explicar porque as gigantes caem. Sem entrar no mérito dos argumentos, me pergunto se é realmente possível colocar em um bando de páginas uma receita infalível para ter sucesso - ou evitar o fracasso. Será que as empresas estão buscando a mesma coisa? Todo mundo quer durar?
Como disse Machado de assim, “nem tudo que dura, dura muito tempo."
No último artigo, eu comentei sobre como a expectativa de vida das empresas tem diminuído. Mas a pergunta que fica é: as organizações são feitas para que?
As organizações mais antigas do mundo
Curiosidade do dia: a Business Finance levantou a lista das organizações mais antigas do mundo. Há quatro milenares no ranking: uma fundição de sinos na Itália, uma cervejaria na Bélgica, um moinho na Dinamarca e um restaurante na China. São negócios que já devem ter passado por pelo menos 15 gerações. Imagina esse restaurante chinês vendendo seus franguinhos por 1153 anos!
O Visual Capitalist fez um artigo bem legal sobre as empresas mais antigas do mundo. Se você gosta de imagens interessantes, aproveita e coloca o site nos seus favoritos.
Inovação como estilo de vida
A essência da perenidade das organizações é a inovação. E não estou falando de inovação tecnológica, mas da prática adaptativa essencial, que independe de uma pessoa, de um programa ou de um produto.
É essa prática que vai dividir os esforços do resultado de curto prazo para pensar no negócio em 10, 20, 30 anos. É ela que vai provocar cenários futuros divergentes e gerar reflexões extremamente desconfortáveis. É essa prática que vai questionar as verdades absolutas e as crenças de sucesso. É ela que vai olhar para o propósito e não para os cargos. É um estilo de viver, que as organizações cultivam da sua própria forma.
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Esse estilo de vida não pode depender de uma área, de uma tecnologia ou de uma pessoa. Assim como qualquer outra prática na nossa vida, como comer e dormir, ela tem sua própria lógica. Seus processos, seus objetivos, suas normas… e ela faz sentido em escala.
O trabalho mais difícil da inovação é construir uma organização a prova de futuro.
Feitas para que?
Poucas empresas nascem para durar. Poucas nascem com o propósito de serem perenes, dispostas a se adaptar e navegar nos mares agitados e a repensar as lógicas de negócio através de gerações. Menos ainda nascem para gerar um impacto transformador.
Se a empresa não nasce para durar, ela nasce pra quê? Às vezes pra captar uma boa rodada de investimento e virar de fase, para ser uma plataforma de fama e prestigio para a sua liderança, para maximizar o resultado financeiro... e por aí vai.
Satish Kumar faz uma provocação linda no seu livro, ao sugerir que o propósito universal, inclusive das organizações, deveria ser o amor radical. E que essa é a força mais poderosa de transformação pessoal, econômica, social e ambiental que pode existir.
Se você, assim como eu, achava que falar de amor no trabalho era loucura, leia esse livro. A história de Satish é um convite para desconstruirmos as lógicas que nos limitam - e também nas nossas organizações. É um convite para escolhermos o amor. Praticá-lo e vivê-lo de forma irrestrita.
De modo geral estamos escolhendo não amar.
O World Economic Forum publicou uma pesquisa onde menos de 1% das organizações estavam alinhadas aos ODS - objetivos de desenvolvimento sustentável. Os ODS são, reconhecidamente, as nossas maiores prioridades coletivas como planeta. Ou seja, continuamos limitados a uma lógica de separação, competição e individualismo.
Enquanto vivermos na lógica de escassez, não desfrutaremos da perenidade que vem da abundância.
Partner Development Specialist @AWS | Data & GenAI | Industry Solutions
4moColoquei na minha lista! Depois te falo Cla 😉😘
Open Innovation @ Petrobras | Venture Clienting | Venture Building
4moEstou lendo e aproveitando Clarisse! Vlw pelo presente :)
LinkedIn Top Voice| Business Excelence | Business Transformation | Innovation | Management and Process | Product Manager | Design Thinker | Lean | OKR | Governance & Management | People & Culture | Performance | Process
4moPerfeita analogia. Não conhecia o livro e o conceito do amor radical. Já adicionei no carrinho.
EU Citizen | Manager @ Deloitte | Infrasctructure & Capital Projects | PMO-CP - Process Kaizen Engineer
4moMuito bom!
Innovation & Digital Assets @bancoBV • PhD (C) @COPPEAD • Professor @ESPM
4moCirúrgica e coerente (como sempre), Clarisse!