Liderança: a arte de perguntar

As habilidades e competências necessárias ao exercício da liderança são várias e podemos destacar algumas, como por exemplo, a comunicação, a empatia, a capacidade de inspirar, motivar e convencer, mas uma em especial, que é a capacidade de perguntar ou questionar é a que pretendo explorar. 

No cotidiano de um líder ou gestor, é comum que seja consultado sobre dúvidas e outros aspectos relativos ao trabalho, assim como, se exige dele a tomada de decisões, ou auxílio para que algo seja colocado em curso, ou ainda, se resolva ou auxilie a resolver um problema. Muitas vezes, se espera do líder quase que uma função de oráculo, aquele que tem todas as respostas.

Invariavelmente, o líder é impelido a acreditar que deve ter todas as respostas, pois alguns creem que não as ter, demonstraria fraqueza ou de desconhecimento, mas existem duas alternativas: dar as respostas ou auxiliar o liderado a encontrar a resposta.

Dar a resposta, por mais fácil que pareça, pode ser um equívoco, pois criará com o tempo, uma relação de dependência do líder e um certo acômodo dos liderados. Normalmente essa alternativa é usada por líderes centralizadores, favorece uma estrutura limitada, desestimula a autonomia e a criatividade.

Perguntar ou questionar, exigirá do líder uma disposição maior e a habilidade conhecida como “a arte de perguntar”. Os questionamentos devem servir para se ampliar as perspectivas sobre o tema e fazer uma reflexão mais abrangente da situação, como também, para nortear o caminho até as respostas, o que trará muitas vezes a necessidade de mais informações para a análise, enriquecendo a discussão e trazendo ganhos para ambas as partes.

Questionando, o líder estará desenvolvendo o liderado e cada vez mais ele terá condições de buscar sozinho as respostas, estimulando a independência e a autonomia, assumindo um papel de orientação ou coach. Sempre que necessário, líder e liderado podem buscar respostas em conjunto e isso é salutar, uma vez que, tendo participado do processo o liderado tende a se comprometer mais com a estratégia, decisão ou ação proposta.

Convém lembrar que, seja estimulando a busca por respostas próprias dos liderados ou mesmo com uma busca em conjunto, o líder não se exime de suas responsabilidades, as perguntas devem ser cuidadosa e estrategicamente elaboradas, para que atinjam seus objetivos, mantendo apoio e suporte necessários para que a melhor solução seja encontrada.

O líder que questiona faz com que a estrutura a sua volta não fique dependente de suas ações, estimula a reflexão constante do status quo, valoriza as ideias de seus liderados e contribui para uma cultura de inovação, criatividade e flexibilidade.

Sócrates, conhecido como o pai da arte de perguntar dizia que “o homem sábio pergunta, enquanto o homem ignorante responde”.

(*) Alexey Carvalho é pesquisador de pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, administrador, doutor em educação, diretor executivo da Universidade Anhanguera de São Paulo – Campus Osasco e coordenador e pesquisador, no Brasil, da Rede de Estudos Organizacionais na América Latina, Caribe e Ibero-América.