Muitas coisas ao mesmo tempo, é possível fazer tudo?
Tantas séries pra assistir, várias coisas pra ler, muitas indicações para conferir. Talvez você não o conheça pelo nome, mas o FOMO (Fear of Missing Out) é um sentimento inerente à atualidade, que nos faz acreditar que precisamos estar sempre conectados e atualizados. A suspensão recente do Twitter/X no Brasil ajudou a exemplificar esse fenômeno. Mesmo com a rede fora do ar, não foram poucos os relatos de pessoas que continuaram a clicar no ícone do aplicativo. Cliques carregados do desejo de não perder o que estava acontecendo.
Esse comportamento reflete a presença do FOMO em nossa vida digital e cotidiana. De modo semelhante, no filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, Evelyn (Michelle Yeoh) é confrontada com um multiverso de possibilidades, onde cada escolha de vida cria uma nova realidade. A sensação de estar perdendo oportunidades é intensa e o desejo de explorar todos os caminhos é irresistível. Assim como a personagem, sentimos a pressão de acompanhar todas as informações e oportunidades, temendo "perder algo importante."
Tudo em todo o lugar
No ambiente de trabalho não é diferente. O FOMO pode aparecer até mesmo em eventos, como o CONARH, onde uma avalanche de temas é discutida. Realizado em São Paulo na última semana, o encontro debateu desde o impacto da crise climática, inteligência artificial e ESG até estratégias para o futuro do trabalho e diversidade nos conselhos corporativos. Numa infinidade de tópicos essenciais, os presentes se depararam com o desafio de filtrar e priorizar o que era mais relevante para suas realidades profissionais.
Com tantas trilhas simultâneas, a sensação de perder algo importante é inevitável. Uma busca incessante por controlar todas as possibilidades que costuma causar confusão, exaustão e sensação da incapacidade. Muitos de nós, ao tentarmos absorver todas as oportunidades e informações ao mesmo tempo, acabamos perdendo o foco e nos afastando do que realmente importa. Essa sensação de sobrecarga não só prejudica a produtividade, mas também afeta nossa clareza mental e emocional.
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Ao mesmo tempo
No filme, Evelyn se vê sobrecarregada pelas suas escolhas, realidades e versões. Depois de tentar conciliar todos os mundos, ela percebe que, quando tentar abraçar tudo, se perde. Quando pensamos na Geração Z e na sociedade como um todo, visualizamos na prática o quanto a absorção de todos esses estímulos pode resultar numa desconexão do foco. Assim como Evelyn, encontrar um equilíbrio entre o que pode ser controlado e que deve ser deixado de lado é essencial para evitar a exaustão.
Obviamente, priorizar não é uma tarefa fácil. Não raramente, por necessidade ou desejo, nos vemos tentando fazer tudo ao mesmo tempo. No trabalho e na vida, por mais desafiador que seja, é importante lembrar a saúde mental deve ser a prioridade máxima. Aprender a aceitar que não conseguimos saber de tudo e não podemos estar em todos os lugares pode ser libertador, ajudando-nos a seguir em frente de forma mais saudável e produtiva.