Na era do Metaverso e do 5G, a consolidação do boca a boca
Definitivamente, não sou um nativo digital. Não transito por esse universo com a mesma desenvoltura que as minhas filhas, no auge de seus 20 anos, por exemplo, mas, evidentemente, trabalhando nesse vibrante campo da comunicação, acompanho de perto as transformações. O que noto é que, por mais que a tecnologia evolua e as possibilidades de formatos e transmissão de mensagens tornam-se infinitas, o que orienta essa permanente revolução é sempre o aperfeiçoamento das experiências e estreitamento da conexão humana.
Assisti ao vídeo em que Mark Zuckeberg apresenta o Metaverso e destaca os pilares que já estão aí como base desse admirável mundo novo, sendo um deles a sensação de presença. Eu acrescentaria também a sensação de pertencimento. Poucas coisas satisfazem tão bem as necessidades emocionais humanas quanto reconhecer-se parte de um todo e peça importante compondo algo maior.
Não por acaso, essas também são as bases do marketing boca a boca que, resumidamente, é a estratégia de criar condições para que as pessoas espalhem as mensagens de uma marca de maneira espontânea, com a sua própria linguagem e repertório para um relato o mais genuíno possível das suas experiências entre as pessoas com quem se relaciona e convive.
Provavelmente, minha mãe confiava mais na recomendação de sabão em pó da vizinha do que na propaganda em horário nobre da televisão da mesma forma como as minhas filhas acreditam mais em uma dica de produto cosmético de uma garota da idade delas que elas acompanham nas redes sociais porque se identificam com o estilo de vida do que em um banner que possa impactá-las durante a navegação na Internet. No mundo digital, as barreiras que antes limitavam o sentimento de presença e pertencimento estão sendo apagadas.
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Boca a boca amplificado
Há nove anos, quando encerrei um ciclo como executivo de vendas e marketing em corporações de diferentes segmentos e trouxe a The Insiders para o Brasil, enfrentei muita resistência dos profissionais de empresas e agências que ainda não visualizavam como seria possível organizar uma estrutura potente para que o marketing boca a boca pudesse ser relevante em suas estratégias.
Eu, particularmente, não tinha dúvidas. Sabia, pela experiência em empresas, que o brasileiro é ávido por experimentar coisas novas, gosta de criar e, em 2012, início dos trabalhos da The Insiders, era um povo que já apresentava grande interesse pelas redes sociais. Com o passar do tempo, organicamente, as plataformas multiplicaram-se e conquistaram um espaço maior na vida das pessoas. Houve também a escalada dos dispositivos móveis conectados facilitando esse processo. A pandemia de Covid-19 e a necessidade de distanciamento social quebraram ainda mais a resistência das marcas em relação ao digital, obrigando-as a lidar com esse ambiente complexo por questão de sobrevivência. Foi também um contexto favorável para que o marketing de influência, que já vinha em ascensão, decolasse, como mostrou essa análise da Comscore.
Com os cenários que vão se delineando na nossa frente, Metaverso, conexão 5G, que permitirá uma velocidade de Internet até 20 vezes maior do que o 4G, eu só vejo um terreno ainda mais fértil para os criadores de conteúdo e uma possibilidade ampliada de reunir pessoas em torno de seus interesses, quebrando ainda mais as barreiras geográficas. A tecnologia abre alas para o boca a boca sem limites e sem fronteiras. Tempos empolgantes estão por vir.