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Por Arcílio Neto — Recife


Era junho de 2023 e a mudança estava prestes a acontecer. O vitorioso time de vôlei masculino do Sesi deixou para trás os arranha-céus da maior cidade da América Latina e viajou 330 quilômetros até o interior do estado. A equipe campeã da Superliga 2010/11 saiu da Vila Leopoldina, em São Paulo, em direção a Bauru.

Campinas 0 x 3 Sesi-Bauru | melhores momentos | final da Superliga masculina de vôlei 2023/2024

Campinas 0 x 3 Sesi-Bauru | melhores momentos | final da Superliga masculina de vôlei 2023/2024

Após 14 anos na capital do estado, o Sesi-SP se transformou em Sesi-Bauru e foi em busca do calor. Não apenas do calor nos termômetros, mas também aquele dos torcedores apaixonados da cidade de 379 mil habitantes.

O município já tinha, desde 2018, um dos principais times de vôlei feminino do país, o Sesi Vôlei Bauru, que tem o nome quase idêntico ao que a versão masculina passou a adotar. O clube, portanto, chegou à uma cidade que já abraçava o esporte.

Cenário diferente da rotina na capital em meio à diversidade de times e a maior dificuldade em criar identidade com uma equipe novata. Portanto, o Sesi renasceu com um novo nome e uma nova torcida.

O time foi rebatizado e logo no primeiro ano na nova cidade foi campeão da Superliga Masculina 2023/24, ao vencer o Campinas por 3 a 0, neste domingo, na decisão disputada no ginásio Geraldão, no Recife (PE).

Jogadores do Sesi-Bauru levantam a taça da Superliga Masculina 2023/24 — Foto: Leo Caldas / Divulgação / CBV

Novo nome, mesmo elenco

Apesar da mudança de cidade, a base do elenco do Sesi foi mantida, com a permanência de jovens talentos e uma referência em títulos e experiência: o central Éder Carbonera, de 40 anos, medalhista olímpico e, até então, heptacampeão da Superliga.

Éder e Lipe em quadra pelo Sesi-SP na final da Superliga de 2018/19, contra o Taubaté — Foto: Divulgação / CBV

A sabedoria do mais velho foi misturada com a potência de duas futuras estrelas do esporte: Lukas Bergmann, de 20 anos, e Darlan, de 21. Ambos de Seleção Brasileira e esperanças da próxima década do vôlei nacional.

Darlan foi o maior pontuador desta Superliga com 626 pontos marcados, além de ter sido eleito como MVP e melhor oposto.

O ícone do momento começou a temporada com os holofotes todos voltados a ele. Na disputa do Pré-Olímpico pela amarelinha, o oposto foi o maior pontuador em cinco dos sete jogos e logo se transformou na sensação do vôlei brasileiro.

Darlan e Thiaguinho, do Sesi-Bauru, comemoram ponto na final da Superliga — Foto: Fernanda Oliveira/Recife

Bergmann, por sua vez, foi eleito a revelação do campeonato e foi escolhido para a seleção do Superliga como um dos melhores ponteiros.

O técnico do Sesi-Bauru também foi mantido: o ex-oposto Anderson Rodrigues, que jogou com Éder e foi medalhista olímpico. Multicampeão como jogador, mas que nunca tinha saboreado um título de Superliga.

Anderson Rodrigues, técnico do Sesi-Bauru, comemora ponto na final da Superliga Masculina — Foto: Leo Caldas / Divulgação / CBV

O começo

Os treinos na nova casa começaram em junho de 2023, visando a temporada que começaria em agosto. Na primeira competição, o Campeonato Paulista, o Sesi-Bauru perdeu para o Suzano e parou na semifinal.

A transferência para Bauru foi planejada por muito tempo pelo Sesi-SP, seduzida principalmente pelos investimentos feitos pela instituição nas unidades de Bauru e região. O principal deles foi a construção da Arena Paulo Skaf, um ginásio para cinco mil pessoas, que foi inaugurado no fim de 2021.

Arena Paulo Skaf, em Bauru — Foto: Everton Amaro/Sesi-SP

O time profissional masculino veio acompanhado das categorias de base sub-17, sub-19 e sub-21. As duas turmas mais jovens se instalaram na cidade de Jaú, que fica a 40 minutos de Bauru.

O resultado do trabalho de base do clube ficou claro nesta Superliga. 80% do plantel desta temporada foi composto por jogadores formados na base do time. São os casos de nomes como Lukas Bergmann, Darlan e Thiery.

O que dizem os craques do time

Eleito o melhor líbero da Superliga Masculina, Douglas Pureza também fez parte do elenco que passou pela transformação do Sesi-SP para o Sesi-Bauru. Em entrevista ao ge, logo após o título deste domingo, o jogador de 27 anos descreveu a importância da mudança para o interior de São Paulo.

– Bauru é uma cidade que nos acolheu rápido. No início, não tinha o ginásio tão completo, as pessoas estavam conhecendo (o time). O vôlei masculino estava chegando, estávamos nos habituando à cidade, à toda estrutura. Temos uma estrutura e um ginásio incríveis em Bauru. Temos setores de departamento médico, fisioterapia, nutricionistas. O Sesi nunca deixou a desejar em nada para nós. A cidade depois nos abraçou e essa conquista é para todos. Espero que daqui em diante nos abracem cada vez mais, a cada temporada mais e essa vitória também é para todo o povo bauruense.

Líbero Douglas Pureza celebra ponto do Sesi-Bauru durante a Superliga — Foto: Leo Caldas / Divulgação / CBV

O experiente Éder já completou sete temporadas de Sesi-Bauru. Também ao ge, o central lembrou do começo do projeto e destacou a evolução.

– Começamos esse grupo há três anos em São Paulo. Conseguimos manter a base do elenco, mudaram poucas peças. Conseguimos o terceiro lugar dois anos atrás, ano passado foi um pouco pior. Esse ano, o time encaixou e conseguiu trazer entrosamento. O Thiaguinho (levantador) foi um cara que ajudou muito, com a experiência e as habilidades como levantador e líder dentro de quadra. Foi uma construção de três anos para chegarmos à final – disse Éder.

Éder segura a taça de campeão da Superliga 2023/24 pelo Sesi-Bauru — Foto: Leo Caldas / Divulgação / CBV

Campeão da Superliga 2010/11, o Sesi havia chegado a outras quatro finais, mas foi vice, quando ainda tinha como sede a Vila Leopoldina, na capital paulista.

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