Economia
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Por e , Nova York e São Paulo

O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que há muito valor na unanimidade de votos entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), mas que isso não pode ser usado como um escudo para se proteger de eventuais críticas sobre um dissenso.

- Fico muito orgulhoso que Copom tenha tido coragem de tomar decisão com cada um seguindo sua consciência - afirmou ele ao participar do Summit Valor Econômico, em Nova York. Segundo ele, os membros do grupo conversam entre si "N" vezes", "e ninguém tenta convencer o outro".

Galípolo comentou que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nunca o procura para o orientar sobre como votar, e quando ele procura o líder da autoridade monetária, Campos Neto até compartilha suas próprias opiniões, mas nunca de uma forma a pressioná-lo.

- Roberto é tão zeloso pelo tema da autonomia, que sempre que eu o procuro, ele deixa claro que sua resposta é só uma sugestão.

O diretor do BC ressaltou que, durante as discussões do Copom, em qualquer momento houve um debate de um lado dizendo ao outro que o argumento para votar de tal maneira não era plausível.

- Tem muito valor ao mostrar esse preocupação [com a inflação e o cenário macro] ao reduzir o ritmo para 0,25 ponto, como votaram meus colegas.

Ele comentou ainda que há "diferenças de tempo" entre alguém que está terminando seu mandato, como Campos Neto, e outra pessoa que está apenas começando seu tempo no BC.

- Roberto está na volta da vitória no fim do mandato dele. O meu mandato vai até março de 2027, os tempos são diferentes.

Galípolo reforçou que sua preocupação, ao eventualmente mudar de opinião e votar por um corte de 0,25 ponto, era que quebrar a lógica de comunicação coerente que ele vinha construindo "poderia gerar um processo de desconfiança". Por esse motivo ele acabou ficando com seu voto de 0,5 ponto.

Meta não se discute

Segundo o dirigente do Banco Central, o arranjo institucional para a política monetária no Brasil torna "a discussão sobre persecusão de meta de inflação interditada para quem está como diretor do BC".

O diretor do BC enfatizou que o poder Executivo, através do representante no Conselho Monetário Nacional (CMN), determina a meta de inflação.

- E cabe aos diretores colocar a taxa de juros em um patamar restritivo suficiente e pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta, e essa é a função do Comitê de Política Monetária e não há qualquer tipo de tergiversação sobre isso.

'Compromisso'

Galípolo ressaltou ainda a "concordância" de todos os diretores sobre o tema:

- Fica claro na concordância que tem de todos os participantes ali [do Copom], de que existe este compromisso e a clareza sobre como funciona institucionalmente a política monetária no Brasil.

A discussão sobre um corte de 0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto "não inviabilizava essa taxa restritiva o suficiente para você alcançar a meta de inflação". Conforme o dirigente, "a discussão era muito mais sobre o que se ganha ao fazer uma redução no ritmo versus o custo que se teria, que era questão de entregar o 'guidance'".

Galípolo reconheceu que "ganha-se muito, ao reduzir o ritmo". A decisão que prevaleceu na última reunião do Copom foi a reduzir o ritmo de corte das taxas de juros para 0,25 ponto em lugar de manter o "guidance" de redução de 0,5 ponto.

A decisão foi dividida e Galípolo foi um dos integrantes do colegiado a votar pelo corte de 0,5 p.p. -- o que acabou não prevalecendo.

- Votar por um corte de 0,25 foi algo que cogitei em vários dos diálogos [com os colegas da diretora do BC] - afirmou. - Estaria hoje muito confortável em apresentar todos os argumentos de o porquê votar em 0,25, mas eu entendo que o ponto mais importante na mudança de meio para 0,25 era sinalizar um tom adicional de preocupação para o mercado para além daquilo tudo que está registrado em consenso entre os membros do Copom.

Segundo o diretor, "[não seguir o guidance], porém tinha um custo [em termos de credibilidade para a autoridade monetária]". O diretor do BC, no entanto, ponderou haver percepções diferentes em relação a cada um dos integrantes do colegiado.

- A partir do processo de autonomia [do BC] cada diretor vai ser cada vez mais analisado individualmente no seu comportamento - avaliou. - Realmente entendo que pode existir um peso distinto para diferentes diretores sobre o custo de largar esse guidance.

'Aquilo que se fala e se faz'

Galípolo ressaltou que o trabalho dos BCs está muito ligado à credibilidade, que depende da coerência entre "aquilo que se fala e se faz", mas também "é uma função do tempo".

Segundo o diretor de política monetária, "os diretores que já estão há mais tempo [na autoridade] conquistaram essa credibilidade perante o mercado". Na visão de Galípolo, "quando você ganha credibilidade, você ganha graus de liberdade, inclusive para eventualmente não entregar um guidance e, mesmo assim, não gerar uma dúvida no mercado sobre qual é a sua função de reação".

O representante do BC ponderou ser "absolutamente normal que diretores que chegaram mais recentemente, como eu, sejam mais demandados para explicar [suas posições]", disse, em referência aos questionamentos sobre os motivos pelo qual fez parte do dissenso na última reunião do Copom.

De acordo com o diretor do BC, "quem veio acompanhando todas as minhas falas não só ao longo deste ciclo de Copom, mas desde que eu entrei, dificilmente vai argumentar, que se surpreendeu com o meu voto". Galípolo enfatizou vir "reforçando a comunicação oficial, [ressaltando] a parcimônia e serenidade, que a barra pra largar o guidance é alta, que não há uma relação mecânica entre o fiscal, a política monetária norte-americana, o câmbio e a nossa política, que é [preciso] não se emocionar com dados de alta volatilidade".

Coerência

No Brasil, a taxa terminal nas expectativas da pesquisa Focus, do BC, "subiu bastante e a desancoragem permanece ou até andou e esse é o ponto que nos incomoda". O diretor ponderou ver "muito valor em passar essa noção de preocupação ao reduzir o ritmo, como foi proposto pelos cinco colegas que votaram em 0,25". Galípolo, porém, justificou a decisão de votar pelo corte de 0,5 ponto como forma de manter a coerência diante de sua comunicação prévia.

- Realmente, do meu ponto de vista particular, me preocupava muito qual era a função ou reação que eu poderia passar ao dar um pivô e meia volta em cima de toda a comunicação que eu vinha fazendo - disse. - Se eu quero com o tempo ganhar credibilidade, eu preciso ter coerência entre a minha fala e as minhas ações.

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