Cotado para presidir BC, Gabriel Galípolo é recebido por Lula no Planalto

Ex-braço direito de Haddad na Fazenda é visto como o favorito para a indicação de Lula à sucessão de Campos Neto à presidência do Banco Central no fim deste ano


Em reuniões internas e com o mercado, Galípolo diz que não está no BC para fazer oposição Cristiano Mariz / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 25/06/2024 - 18:44

Gabriel Galípolo favorito para presidir Banco Central

Gabriel Galípolo é cotado para presidir o Banco Central e se reúne com Lula no Planalto. O economista é visto como favorito para substituir Roberto Campos Neto e discute a meta de inflação. Lula critica a atuação do BC e busca um nome maduro para o cargo.

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, esteve reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto nesta terça-feira, 25. Ele é o principal cotado para suceder o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, em 2025.

O encontro também contou com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além da ministra da Casa Civil substituta, Miriam Belchior. A participação de Galípolo não constava nas agendas oficiais — nem de Lula, nem do diretor do BC.

Segundo pessoas que participaram da conversa, um dos assuntos sobre a mesa foi a meta de inflação. A meta para este ano é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior, 4,5%.

Já as projeções oficiais do BC, apuradas entre agentes do mercado financeiro, estão em 4,0% para 2024 e 3,4% para 2025. Atualmente, o foco do BC é no ano que vem para executar a missão de colocar a inflação na meta.

Mais cedo, Galípolo disse que a situação fiscal do país não será "muleta" para não perseguir a meta de inflação. A declaração foi dada em uma live da Warren Investimentos, pouco tempo depois de o BC divulgar a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que terminou com a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano com a unanimidade entre os 9 diretores do BC, incluindo Campos Neto e Galípolo.

Ex-braço direito de Haddad na Fazenda, Galípolo é visto como o favorito para a indicação do presidente Lula à presidência do BC no fim deste ano. Como auxiliar de Haddad, teve bom desempenho nas articulações com o Congresso. Mas, no BC há quase um ano, o economista tem sido alvo de constante escrutínio do mercado, como mostrou reportagem recente do GLOBO. A dúvida é se, à frente do BC, o economista resistiria à pressão de Lula para um corte acelerado dos juros para estimular a economia.

Críticas ao BC

Lula não poupa críticas ao BC de Campos Neto desde o início do seu terceiro mandato, queixando-se de juros que considera altos demais, prejudicando o crescimento da economia. Galípolo votou junto com o atual presidente do BC em todas as decisões do Copom, exceto na penúltima (quando houve uma divisão na diretoria que causou mal-estar no mercado), mas nunca foi alvo do petista, até porque, desde agosto do ano passado, o BC vinha reduzindo a taxa básica de juros, a Selic.

Na última semana, Lula fez várias críticas a Campos Neto disse que a única coisa “desajustada” no Brasil é o Banco Central. Ainda afirmou que “não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”. Além disso, o presidente falou que o próximo presidente do BC não pode ser alguém que pense só no controle da inflação e que tem que ser um nome “maduro” e “calejado”.

Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Campos Neto deixa o cargo em 31 de dezembro cumprindo a regra de autonomia da instituição, que deu ao presidente e seus diretores mandatos fixos de quatro anos. O presidente da República tem o poder de indicá-los, mas não pode demiti-los.

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