4 MANEIRAS DE IMPEDIR CONSCIENTEMENTE O BURNOUT
O stress laboral pode ter muito pouco a ver com o seu trabalho. Mas tem tudo a ver com as escolhas que fizer sobre como quer viver a sua vida
Por Jae Ellard | 09 Novembro, 2016 | fonte: Mindful.org
"Em 2007, colapsei por exaustão num evento que estava a produzir. Foi o culminar de muitas horas a trabalhar, as escolhas de vida que estava a fazer (e a não fazer), e o stress permanente de tentar ser "perfeito" no meu trabalho.
O meu médico disse-me que meu corpo estava com fadiga supra-renal e que a minha carreira estava a destruir-me. O conselho que me deu? Arranje um novo emprego. Eu sabia que aquela não era a conversa "certa" - contudo eu não sabia o que era. Eu optei por ficar, mas aprofundei a minha própria prática de mindfulness para tentar perceber o que tinha acontecido.
No ano seguinte, descobri que a conversa certa reside na consciência de que existe escolha sobre a forma como nos relacionamos com o trabalho. Para aqueles que como eu, desafiam o burnout, não estamos sozinhos. De acordo com o Instituto Americano de Stress, 80% das pessoas sentem stress no trabalho. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, relatam que 75% das consultas médicas estão relacionadas com o stress.
No entanto, há esperança. E isso resume-se a estar presente ao que está acontecer na nossa vida e agir com intenção consciente de realmente fazer algumas mudanças.
O Burnout não tem necessariamente a ver com o nosso tipo de trabalho. Tem sim a ver com as escolhas que fazemos (e não fazemos) e sobre a forma como queremos viver. Estar consciente destas escolhas e lidar com os stressores inerentes a qualquer tipo de trabalho com atenção plena e propósito, pode efetivamente transformar a nossa relação com o stress e dar ao trabalho o seu devido grau de importância. Para começar, aqui estão algumas medidas que podemos usar desde já para redefinir a nossa relação com o trabalho.
1) Definir as questões cruciais
Consegue identificar o que lhe provoca stress? É uma questão de capacidade? Tem demasiado trabalho para as horas que deve cumprir? É uma questão de competência? Existe uma lacuna nas suas competências versus o que lhe é solicitado? É uma questão de comunicação? Consegue partilhar o que lhe está a causar stress? Este é o seu primeiro passo: identificar todos os sinais relevantes para que se possa focar nas soluções.
2) Um passo de cada vez
Não chegou ao burnout de um dia para o outro e o processo de se libertar de alguns dos hábitos que criou no processo, irá levar o seu tempo. Identifique desde já uma postura que pode conscientemente começar a mudar.
Por exemplo, defina horas de entrada e de saída para o seu ritmo de trabalho diário. A flexibilidade que a tecnologia e o trabalho remoto permitem pode ser esmagadora e contribuir para o burnout se os limites entre o horário de trabalho e o tempo livre, não estiverem bem definidos.
3) Dê ouvidos ao seu corpo
Qual a sua relação com o stress? Talvez ranja os dentes à noite, sinta um nó de tensão no pescoço, ou não consiga manter uma noite de sono contínuo.
Agora pense sobre o que o ajuda a RELAXAR.
Exemplos: Dar um passeio ao ar livre na hora de almoço, fazer jogging pós-trabalho, ou levar uma massagem semanal. Sintonize-se regularmente com o seu corpo para desde logo reconhecer os primeiros sinais de stress e aja preventivamente através das medidas que identificou, antes que ele se torne avassalador.
4) Peça ajuda
O stress profissional pode ser extremamente isolador. Muitas vezes afastamo-nos para "lidar com" questões de trabalho. Mas deixar as nossas pessoas saberem o que precisamos para nos sentirmos apoiados, é essencial para colocar as coisas em perspectiva e gerir bem o stress. Ninguém pode fazer tudo sozinho. Os colegas e a família não sabem como nos ajudar se não lhes dissermos o que se passa.
Este artigo apareceu originalmente na edição de Outubro de 2016 da revista Mindful.
Jae Ellard é a fundadora da Simple Intentions e autora da série de livros Mindful Life