Acessibilidade, escuta ativa e bom humor: o que se espera dos líderes da nova geração.
Antes de tudo, deixo claro que essas são percepções individuais acerca do que a nova geração de profissionais espera de seus líderes. Elas são baseadas em minhas experiências - individual e coletiva -, meu relacionamento com a nova geração e também em materiais diversos que li, assisti e ouvi.
A figura do líder carrasco, sisudo, inacessível e centralizador há algum tempo não é mais sinônimo de êxito - seja para o próprio líder ou para a companhia. Você se imagina em um ambiente onde você não consiga discordar, falar abertamente sobre determinados assuntos, sendo fiscalizado o tempo todo ou ser liderado por alguém que mantém total distância emocional/pessoal de você, focando apenas na bolha profissional? Não sei você, mas eu não.
“Mas Bárbara, eu não posso misturar vida profissional com pessoal.” Tentar separar as coisas é importante, mas você já pensou passar por doenças na família, separação, problemas financeiros em casa, ou qualquer outro tipo de situação e conseguir performar 100% bem? Somos seres HUMANOS, é inevitável que certas questões nos abalem emocionalmente e, consequentemente, também afetem nosso trabalho. Ter líderes que sejam capazes de escutar ativamente o que se passa em outros âmbitos da nossa vida também é essencial, isso é capaz de produzir um ambiente mais seguro e acolhedor. Isso, inclusive, ajuda a construir a cultura da empresa, e vai ao encontro do que mostram algumas pesquisas sobre a Geração Z, a qual preza pela flexibilidade, empresas que reconheçam e se preocupam com as pessoas, esperam estruturas menos hierárquicas, com espaços seguros e diversos (STARTSE, 2022).
Alguns líderes - do passado - acreditam que “impor medo” seja a melhor forma de gerar comprometimento da equipe. Eu discordo. Obviamente o objetivo não é que as pessoas pensem e ajam inconsequentemente, mas que elas tenham autonomia, e isso inclui cometer certos erros sem medo. A chave dessa questão é a confiança, pois
“Quando a confiança cresce, a velocidade também sobe e os custos diminuem.” (COVEY, 2017, p. 14).
Covey em seu livro “A velocidade da confiança” discorre ainda que quando a confiança é baixa, a velocidade do processo diminui e o custo aumenta. Ou seja, a desconfiança custa caro. E isso serve para outros aspectos da vida também.
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Ter líderes acessíveis também é primordial. Empresas super hierárquicas, em que os funcionários não têm liberdade para mandar um WhatsApp (sem exageros, risos), trocar e-mails, ter bate-papos descontraídos com líderes diretos e indiretos, não são tão atraentes para as novas gerações. Menos hierarquia colabora para o empoderamento das pessoas, deixando-as mais confiantes e seguras.
Outro aspecto importante é em relação ao bom humor. Quem não gosta de ouvir uma história engraçada, um sarcasmo bem humorado ou sentir que seu líder é gente como a gente? Líderes carismáticos, sorridentes e capazes de utilizar o bom humor no trabalho fazem toda a diferença no clima organizacional, reduzindo tensões e melhorando o bem-estar das pessoas.
Ainda, para alguns profissionais, os líderes mais emocionais - são vistos como fracos (especialmente mulheres, como vimos no texto da Gabriella Belle), pois tendem a se envolver de forma mais afetiva e acolhedora com seus liderados. Por experiência própria - ao fazer uma avaliação interna com o time - acolhimento, olhar empático e cuidado com as pessoas são o diferencial de uma liderança positiva e inspiradora.
Isso nos leva a outro ponto: nem todo chefe é líder. Chefes podem ser ótimos em diversos aspectos como negócios, estratégia e resoluções de problemas da organização, mas nem sempre são sinônimos de líderes, ou vistos como tal pelos profissionais da empresa. No caso do líder, suas ações influenciam no comportamento das outras pessoas do time/empresa. Lidera pelo exemplo, compartilhando conhecimento, orienta os profissionais para busca do resultado e crescimento da organização, envolvendo as pessoas nas decisões. Um bom líder identifica os pontos fortes e aqueles a desenvolver de sua equipe, e consegue trabalhá-los conjuntamente. Por outro lado, o chefe é um sujeito que age de modo mais individual, tomando para si as decisões, não abrindo muito espaço para opiniões. O chefe costuma mandar, fiscalizar e, muitas vezes, é autoritário.
Em suma, estabelecer relações de confiança dentro das organizações é fundamental para o sucesso das empresas, horizontalizando as estruturas, ampliando o diálogo, dando autonomia e empoderamento às pessoas e, acima de tudo, construindo um ambiente seguro e empático.
Jornalista | Assessora de Imprensa | Freelancer | Social Media | Criadora de Conteúdo | Gestora de Marketing | Estrategista Digital | Redatora
2 aMuito bom