Agenda em comum sobre IA depende de cooperação perene
Além das bases para um compromisso global de erradicação da fome e da pobreza e de uma reforma na governança internacional, a declaração final aprovada por unanimidade pela Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, mencionou pontos fundamentais para a agenda da produtividade, como a inteligência artificial (IA).
O documento divulgado pelos líderes internacionais dedicou três parágrafos a diretrizes a serem priorizadas por governos nacionais ao regulamentar as atividades econômicas que tenham alguma relação com sistemas autônomos e mencionou a possibilidade de avanços em diferentes setores da economia global, seja para suprir a crescente necessidade por mão de obra ou para introduzir melhorias operacionais que reflitam em ganhos de produtividade.
Segundo estudo divulgado pelo Global Policy Journal da Universidade de Durham, no Reino Unido, nos Estados Unidos é preciso um adicional de 4,6 milhões de trabalhadores para manter o ritmo atual de produção de bens e serviços, levando em conta a variação populacional e o nível de demanda atual. Na mesma direção, na Alemanha esse mesmo equilíbrio depende de 1,6 milhão de trabalhadores a mais no mercado anualmente, o que equivale a 4% da população.
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A mesma pesquisa aponta a IA como facilitadora para o agronegócio brasileiro, o que vai de ferramentas para identificação de sementes até previsão de colheitas. Vale lembrar que, no Brasil, o marco legal para regulamentar o setor, cuja autoria é do senador Rodrigo Pacheco — também presidente da Casa —, segue na comissão especial criada para tratar sobre o tema.
Bons exemplos ao redor do mundo não faltam. De acordo com relatório publicado pelo Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20, o Reino Unido tem direcionado 117 milhões de libras para formar especialistas e pesquisadores para atuarem em iniciativas com foco nas áreas médicas e também nas mudanças climáticas. O mesmo documento pontua que na Coreia do Sul há programas que tratam de IA e inovação em pelo menos 19 centros universitários.
“Para liberar todo o potencial da IA, compartilhar equitativamente seus benefícios e mitigar os riscos, nós trabalharemos juntos para promover a cooperação internacional e novas discussões sobre governança internacional para IA, reconhecendo a necessidade de incorporar as vozes dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nós reconhecemos o papel das Nações Unidas, juntamente com outros fóruns existentes, na promoção da cooperação internacional em IA, inclusive para fomentar o desenvolvimento sustentável. Reconhecendo as crescentes divisões digitais dentro e entre os países, nós apelamos à promoção da cooperação internacional inclusiva e à capacitação dos países em desenvolvimento neste domínio”, diz a declaração final da Cúpula do G20.
Ainda que analistas sublinhem progressos na cooperação internacional, avanços significativos dependem de uma aproximação ainda maior na próxima Cúpula do G20.
“Reconhecemos que o letramento e as habilidades digitais são essenciais para alcançar uma inclusão digital significativa. Nós reconhecemos que a integração das tecnologias no local de trabalho é mais bem-sucedida quando incorpora as observações e sugestões dos trabalhadores e, assim, incentiva as empresas a se engajarem no diálogo social e em outras formas de consulta ao integrar as tecnologias digitais no trabalho”, prossegue os líderes por meio da declaração.
Ainda que analistas sublinhem progressos na cooperação internacional sobre o tema, avanços significativos dependem de um esforço perene e uma aproximação entre as nações ainda maior na próxima Cúpula do G20, prevista para 2025, na África do Sul.