Alguns momentos com Fernando Diniz

23 de abril de 2012: já tinha decidido que havia chegado a hora de ir pra São Paulo e aproveitei o feriado de São Jorge (Salve Jorge!) para ir do Rio deJaneiro até lá e ter reuniões de trabalho. Por intermédio do querido amigo Luiz Felipe Barros , tive meu primeiro encontro com Fernando Diniz . Despretensioso, mas muito atento. Senti que ficou ali plantada uma semente. Lembro até hoje a blusa que eu usava. 

Agosto de 2012: eu desembarcava na cidade para meu primeiro freela, sob a batuta dele, na F.Biz. Fernando me abriu sua casa, me apresentou sua família, me deu autonomia e segurança para liderar uma concorrência importante. Não levamos, mas ainda assim em momento algum me senti desmerecida ou desacreditada da minha entrega. Tanto é que, não havendo vagas naquele momento, ele passou a mão no telefone e me indicou pra algumas pessoas. 

Fevereiro de 2017: sabendo que eu havia saído da Talent, ele me chama para a DPZ&T, para onde havia ido ser CSO. E diz: “poxa, fiquei sabendo que você anda sem aliança no dedo… não tinha como não te chamar para um date profissional, rs. Vem pra cá, agora chegou a minha chance de trabalhar com você de novo.” Passei por Itaú, ganhamos Vitarella. Sabendo que eu tinha experiência em contas públicas e sou fascinada por política, me deu a concorrência da conta da cidade de São Paulo. Ele não imaginava que eu seria capaz de seguir com leveza diante de um governo do qual era opositora. Não imaginava que eu seria capaz de mobilizar criativos que não queriam fazer aquele job. E eu provei para todos que não era por um governo, mas pelos cidadãos. Segundo ele, era um teste e ele se impressionou.

Setembro de 2017: depois de mais meses do que o financeiro permitiria como freela, me diz: “tenho uma proposta para você. Acho que o mercado te deve um reconhecimento que já deveria ter acontecido. Quero que você seja nossa Diretora de Planejamento para a conta da Petrobras. É a maior marca nacional. Em uma das maiores crises de reputação do mundo. Se você conseguir atravessar isso, tem o case da sua vida. E eu não vou ficar indo ao Rio, tenho uma filha pequena pra criar. Pega o facão e lidera isso”. Eu fui. Era minha primeira vez como diretora. E poucas vezes na vida aprendi tanto. Os prêmios e reconhecimentos vieram. Mas, principalmente, vieram os resultados de marca e os resultados de autoestima dos funcionários que nada tinham a ver com todo o escândalo. Amigos me ligaram dizendo “obrigada pelo que vocês fizeram nessa campanha, meu irmão não tem mais vergonha de sair na rua com o crachá da empresa”. Jornalistas escreveram “O minuto do ano”, sobre um filme sem narração, gravado de forma simples, a partir do ponto de vista de um carro passando por um Lava-Jato. 

Março de 2020: dias antes de entrarmos no vórtex absurdo que mudaria nossas vidas para sempre, chamado pandemia, a minha teve um revés no qual o chão me faltou. Em meio a um dos momentos mais felizes da minha carreira, a operação do Rio foi fechada. Todos dispensados. Inclusive eu, que estava em processo de retorno a São Paulo, ainda pela DPZ&T, contratando time (eu finalmente teria uma equipe) e sendo apresentada a novos clientes. Foi duro, conflituoso como não poderia deixar de ser. Mas o Diniz, ciente do impacto que isso tinha na minha vida, na minha carreira e no meu estado emocional, passou a mão no telefone e ligou para tantos líderes de planejamento e estratégia quanto possível, para que me recebessem ainda naquela semana para uma conversa. 

Dezembro 2023: por isso (e por muito mais), eu fico muito feliz em ver a notícia de que Fernando Diniz assume como CEO da Leo Burnet Tailor Made, após ter sustentado o duríssimo processo de retomada da DPZ (sem o T, após a saída dos demais sócios). Diniz é um obstinado. Alguém que não veio da elite. Que sabe o valor de cada dia trabalhado. Que honra a memória de seu pai. Que erra sim, como eu e como você. Mas, acima de tudo, um homem em pleno processo de construção de si. 

O bacana da gratidão é que ganha quem a oferece. E eu sou muito grata a ele ao longo desses anos. Ficam as nossas longas e impublicáveis conversas em paredes fechadas. Ficam tantos outros momentos que não caberiam aqui, de apoio e também de dissabores. Mas fica, acima de tudo, a lealdade e a torcida pelo seu sucesso.