Aos que estão empregados e aos que estão em busca de emprego...
Poucos meses após decretado estado de pandemia, resolvi escrever um texto que tinha como pano de fundo o despertar de “empatia” e a possibilidade de “sermos úteis” ajudando o próximo, que talvez estivesse com nervos à flor da pele por não imaginar formas de adaptar seu negócio - e sustento - à uma nova realidade. Claro que muitos pequenos e médios negócios fecharam, e como se não bastasse o castigo óbvio às empresas devido à crise sanitária, ainda tivemos (e temos) que sofrer pelo desgoverno no país. Da mesma forma, não é difícil perceber o desinvestimento feito por multinacionais como resposta a todo esse cenário de instabilidade, menos ainda que a situação de desemprego no Brasil se agravou pelo mesmo motivo. Tenho visto minha rede aqui no LinkedIn, e notado muitas pessoas há um bom tempo procurando emprego, até postagem com contagem de mais de 400/500 currículos enviados. E tenho pensado... Sobre os outros, sobre mim, sobre minhas atitudes, sobre como elas refletem no mundo ao meu redor, sobre muita coisa... Independente de crenças religiosas, acho que o não deslocamento para nenhum lugar externo, força-nos o deslocamento interno, e confesso que às vezes acho que é até isso que o mundo quer nos explicar por essa situação...
Mas e se, ainda nesse espírito de ajuda que falei no começo, conjugado com esse momento de reflexão e autoconhecimento forçado pela pandemia, estendêssemos nossos pensamentos críticos também à vida profissional? Por vezes, ficamos “dando murro em ponta de faca”, querendo insistir em coisas que não são para a gente, neste mesmo no âmbito. E aqui quero abrir um parêntese, pois no embalo dos dizeres populares, corro o risco de alguém pensar ou postar aquele ditado “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Olha... Eu acredito sim em sonhos, persistência e resiliência; mas não sou muito adepto de autoajuda ou fé sem atitudes coerentes. Aliás, sobre coerência! Já parou para pensar se esse é o conflito que existe entre seu currículo (atitude) e sua entrevista (discurso)? E se isso estiver dificultando os próximos passos do processo seletivo?
O que quero dizer: Você pode tentar milhões de vagas, ter anos de experiência em atividades de determinada área, mas não ter desenvolvido nenhum projeto e/ou não ter estudado porque não achou importante, talvez porque consumia tempo que você achou que não tinha. Nesse momento você abandona seu currículo (atitude). E se antes existia a defesa de “não quero crescer, gosto do cargo que tenho agora e estou satisfeito”, como isso pode ajudar em momento de recolocação/movimentação durante entrevista (discurso).
Onde existe a coerência? Você, no papel do recrutador, contrataria você? Muita gente não percebe, mas essas atitudes revelam escala de prioridades, além de demonstrar pouco interesse, pois até para permanecer no mesmo lugar é necessário que exista reciclagem.
Então caímos em um novo ponto: coerência com interesses e prioridades. Nós nem sempre fomos ensinados a buscar conhecimento sobre nós mesmos e sobre o que gostamos no sentido profissional. Muitas vezes ficamos iludidos pelo brilho que algumas carreiras parecem oferecer, e depois se percebe que existe uma diferença muito grande entre “admirar” e “ser” algo. Outra coisa que não paramos para perceber são os sinais que emitimos e como o mundo lê esses sinais, como tentei ilustrar no parágrafo anterior. Enquanto isso, a vida vai nos apressando por este caminho de “autoDESconhecimento”, e a sociedade segue impondo uma série de eventos e datas difíceis de escapar.
Pois é... Na mesma pressa, ninguém nos avisa que um planejamento de vida profissional é importante. Quando eu tinha 07 anos, eu disse que queria ser biólogo porque gostava de bichos. Todos acharam uma graça, mas ninguém me perguntou se eu estaria disposto a ser mordido, picado, ferroado por animais. Não estava no meu planejamento, e isso teria feito eu perder o interesse na hora, como ainda faz hoje...
Não quero cair na falácia ou passar ideia de que essa seria a razão do desemprego de ninguém, até porque realmente existem mais desempregados que vagas no mercado, e isso é um fato. Eu também entendo que todo esse questionamento e autocrítica não são simples, e precisam ser feitos com muito cuidado neste momento delicado e sensível, mas tenha em mente que a vida adulta não dá tanto espaço para quem não conhece a si mesmo. E já que estamos obrigados a nos deslocar para nosso interior, reforço o convite para pensarmos sobre nossas escolhas, interesses e mensagens para o mundo; encorajando re-planejamentos pensados e todos que porventura queiram dar guinadas de 180° na vida. Meu palpite é que outras áreas da vida também podem melhorar!
Vai que dá mais certo?!
Inspiradora Humana & Psicóloga | Desenvolvimento de Líderes | Aprendizagem Corporativa | Desenvolvimento de Carreira | Curadoria de Conteúdos
3 aMuito bom Eduardo Ribeiro! Olhar para dentro, fazer essa viagem cuidadosa e profunda, nos permite encontrar essa coerência, que também pode ser chamada de integridade, :) E que nos permite fazer escolhas melhores! E o que se espera, claro, é que a gente escolha sempre considerando a ecologia dessas decisões!
Talent Acquisition | Tech Recruiter | Headhunter | Remuneração & Carreira | People Analytics
3 aAutoconhecimento é sempre o primeiro passo. Saber quem somos, nossas fortalezas, nossas lacunas de desenvolvimento, onde estamos e onde queremos chegar. Não é um processo fácil, mas com certeza nos torna mais assertivos nessa busca ;)