Carreira e Maternidade - Como encontrar o caminho?
Ser uma profissional “bem-sucedida” ou ser mãe?
Dedicar-se à família ou à carreira?
A frequência com que ouvimos esses questionamentos, quer seja em nosso trabalho como com desenvolvimento de lideranças e carreiras, seja em nosso convívio familiar e social, não deixa dúvidas de que este é um ponto central na vida das mulheres de hoje.
E digo mulheres de hoje, pois somos, me incluindo, mulheres na faixa de 40 anos, das primeiras gerações de mulheres que foram à escola com a expectativa de saírem com seus diplomas em busca de uma posição no mercado de trabalho.
Muito prazer! Meu nome é Renata, tenho dois filhos e atuo na SER Desenvolvimento. Comecei a trabalhar aos 18 anos, dando aulas de inglês em uma escola, e segui uma carreira executiva de quase 25 anos no mercado financeiro antes de começar a atuar na área de desenvolvimento humano. Por mais de uma vez tive dois empregos simultâneos - uma dessas vezes com o meu filho mais velho com menos de 3 anos e o mais novo com cerca de 7 meses.
Quando nasceu meu filho mais velho tive meu primeiro contato com o coaching. Eu havia adiado por muitos anos a maternidade, depois de presenciar e conviver com algumas profissionais pra lá de competentes que, ao retornarem de licença maternidade, eram colocadas em posições que não aproveitavam toda sua capacidade e potencial - simplesmente pelo fato de terem se tornado mães. Minha interpretação desses sinais à época era de que a escolha pela maternidade significaria uma renúncia à uma ascensão profissional; e que para não perder a curva ascendente na carreira, sendo mãe eu teria que escolher me dedicar 200% para a empresa - para tentar mostrar que sim, eu ainda seria capaz de ser uma ótima profissional, “apesar” de ser mãe.
No início, de forma inconsciente, mas depois de forma mais clara, esse dilema adiou minha opção pela maternidade ao “limite” do relógio biológico.
E, então, me tornei mãe. A opção foi por permanecer no mercado de trabalho, por diversas razões. Foi a minha escolha. Não quis ter que decidir entre um ou outro; queria ser mãe e também profissional. Por que não?
No entanto, foram inevitáveis as dúvidas e questionamentos que começaram a surgir. Eu que sempre gostei tanto da vida executiva, dos projetos, dos resultados, de gerir equipes e desenvolver pessoas, comecei a perceber que o peso das coisas estava diferente. Sim, a satisfação de ter um projeto bem realizado, de contribuir com a empresa e a sociedade, de sentir o reconhecimento pelo meu esforço, a gratificação de formar equipes e profissionais, tudo isso continuava lá. Só que agora algo mais tinha ganho importância em minha vida. A maternidade mudou minhas prioridades.
Isso significou que o trabalho deixou de ter importância? Que minha dedicação, empenho, vontade de realizar, crescer e ser reconhecida deixaram de existir? Certamente que não. Na verdade, pelo contrário... vem uma força, um foco, uma energia, não se sabe de onde...
E o que fazer então? O Coaching foi uma das formas que encontrei de ressignificar meu caminho, de entender como poderia conciliar a maternidade com a atividade profissional, e ao longo de alguns anos voltei minha atuação para uma atividade que atendesse aos meus valores.
Em coaching, valor é aquilo que nos é muito importante, características marcantes que guiam nossas atitudes e decisões, ainda que não tenhamos consciência das mesmas. E os valores podem mudar de prioridade ao longo da vida; não significa que deixamos de ser quem somos, mas sim que passamos a ter outras prioridades de acordo com nossa vivência e os eventos da vida. E que evento é a maternidade!
Mas esta é a minha história, a minha experiência.
Para as duas perguntas que iniciam esse texto, acredito que não se trata de encontrar “a” fórmula ou regra, o cenário perfeito ou o caminho certo. Trocas de experiências são importantes pois nos mostram que não estamos sozinhas, nos mostram formas alternativas, nos inspiram, nos trazem um sentimento de pertencimento, nos dão força.
Mas o que funciona para uma pessoa não necessariamente funciona para outra. Somos seres únicos: a história é de cada uma, a escolha é de cada uma. Ninguém tem exatamente a mesma experiência de vida que nós. Nossos valores são únicos. Cada pessoa tem seu sonho e sua busca.
O fundamental é encontrar suas próprias respostas, a partir do que é relevante para si. Autoconhecimento, reflexão, clareza... - buscar o que faz sentido para cada uma, em sua singularidade.
Nosso desejo na SER Desenvolvimento é que cada uma caminhe da melhor forma possível por sua própria história. E seja o que quiser ser!!
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[Renata Cintra é diretora na SER Desenvolvimento, tem 25 anos de experiência corporativa como executiva, e nos últimos anos vem atuando com desenvolvimento de lideranças e carreira, para indivíduos e organizações. Vê o trabalho como uma forma de expressão e realização do ser humano, e acredita na capacidade das pessoas de escolherem seus caminhos e atitudes que as levem na direção do que querem ser e fazer.]
(Este artigo foi adaptado do originalmente publicado por Renata Cintra no site Somos Mães de Primeira Viagem – somosmaes.org.br)