A classe média não vai mais ao paraíso!

A classe média não vai mais ao paraíso!

A classe média não vai mais ao paraíso!

Historicamente, “classe média” sempre foi o recheio dos sanduíches das bocas grandes, dos ratos e das formigas. Também é aquela zona cinzenta de conforto e desconforto do que parece tudo, mas é muito pouco. Tem até subdivisões: A, B, C… Mas, na essência, ela é quem segura as barras dos extremos; o amortecedor dos pesos e contrapesos.

No amadorismo que permeia muitas estatísticas e estudos no Brasil, o papel da “classe média” nunca é devidamente explicado, muito menos entendido. O respeitável público não quer pensar no assunto.

Recentemente, um amigo empresário do segmento de restaurantes me traçou um quadro da situação do setor, ao seu olhar e experiência. Além dos aspectos econômicos, financeiros e estruturais da economia como um todo e das condições reais da classe média, ele constatou que na linda orla de Salvador não tem um único restaurante digno de indicação e frequência. Que em todo o litoral norte há no máximo três que merecem ser visitados, e que em toda a cidade não chegam a dez. Ele se referia ao conceito técnico de restaurante, observando os requisitos qualificadores desses empreendimentos. Fez referência a alguns lugares onde se come bem um ou dois pratos, as comidas do dia a dia. Não contra-argumentei sobre o assunto na terra do já teve e do já foi, mas, não parei de pensar no assunto.

Quem sustenta as empresas são os clientes, em todas as classes. Quem cria referência para os empreendimentos é a qualidade. Óbvio. O tal do mercado, um Deus para muitos e um satanás para muitos outros.

Uma coisa é certa: as cidades refletem a situação das suas economias, das condições reais das suas classes econômicas. Seja nos condomínios, na sustentação de restaurantes, na inadimplência nos serviços como escolas, planos de saúde, nos saldos bancários e de cartões de crédito, além de muitas outras variáveis que mostram uma realidade não exposta, uma verdade não assumida pela sociedade e muito menos pelos políticos e governantes.

Um dia a “classe média” foi ao paraíso, mas, há muito tempo não vai mais. Tudo ficou muito sacrificado e tenso. A manipulação da realidade e das mentes promovida pela mídia, pelas modas, pela publicidade e propaganda, pelas redes sociais (sociais?) não permite que as pessoas, individual ou coletivamente, falem seriamente do assunto e tomem atitudes de mudança. Não há certo ou errado nisso; há consequências.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de antonio de oliveira

  • Apostar no analfabetismo e na ignorância dos brasileiros é um erro fatal.

    Apostar no analfabetismo e na ignorância dos brasileiros é um erro fatal.

    A origem da tragédia chamada Brasil – Parte III Em oportunidades anteriores, escrevendo ou falando, defendi que o…

  • A origem da tragédia chamada Brasil – Parte II

    A origem da tragédia chamada Brasil – Parte II

    A origem da tragédia chamada Brasil – Parte II Se a descontinuidade de planos, projetos e obras na administração…

  • A origem da tragédia chamada Brasil – Parte I

    A origem da tragédia chamada Brasil – Parte I

    A origem da tragédia chamada Brasil – Parte I Se consideramos que os brasileiros com acesso a algum tipo de educação…

    2 comentários
  • Comportamentos e atitudes transformadoras.

    Comportamentos e atitudes transformadoras.

    Comportamentos e atitudes transformadoras. Ouvi nesta semana, mais uma vez, críticas à sinceridade e intolerância com a…

  • Ignorantes eleitos cometerão atos de ignorância, óbvio!

    Ignorantes eleitos cometerão atos de ignorância, óbvio!

    Por Ignorância se mata, de Ignorância se morre! No Brasil inventaram uma história, e o povo acreditou, que as leis…

  • Construir relações são desafios intransferíveis!

    Construir relações são desafios intransferíveis!

    Construindo relações, semeando colheitas O simples é tão óbvio que chega a ser desmoralizante; é tão claro que ofende e…

  • 2022

    2022

    2022 522 anos que o Brasil foi invadido e começou a ser explorado, saqueado. 522 anos que os europeus começaram a…

  • As lições dos teimosos!

    As lições dos teimosos!

    As lições dos teimosos Envelhecer em uma nação de terceiro mundo não é uma experiência fácil, muito menos confortável…

  • A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES HUMANOS

    A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES HUMANOS

    A classificação dos seres humanos – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira Confesso meu imenso desconforto com a…

  • Cidades não administráveis.

    Cidades não administráveis.

    Cidades Inadministráveis - I Escrevo este artigo agora mais na condição de “administrador remido” do que colunista do…

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos