Cobrança de Energia - A sinapse que coxeia
Até meus netos adolescentes sabem o que são sinapses: aqueles bichinhos com duas perninhas que, rebolando aqui e ali, levam fofoca de um neurônio a outro, compartilhando informações e desse modo fazendo com que o cérebro acredite que pensa alguma coisa.Em resumo, a sinapse é um sistema de transporte de informação, que faço valer aqui nessa reflexão, quando lembro do caos que se instalou na empresa distribuidora de energia aqui de Santa Catarina, o que farei entender com dois exemplos:
1 - Há dois meses que as contas de energia aparecem com distúrbios, ou nem aparecem, ou pior ainda, pois mesmo que estejam autorizadas em débido, não são cobradas, e assim, para não correr risco de pagamento em atraso, ou corte de energia (que a empresa já reconheceu e disse que não voi cortar fornecimento de ninguém), vamos pelo link de whatsapp e retiramos um boleto de segunda via, para pagar no PIX (esse funciona).
2 - Um condômino (estou síndico) recém chegado, inquilino, me envia um print de sua conta, e me pergunta se há algum problema, pois o valor é de R$ 23.000,00 (vinte e tres mil gargalhadas). Bem, não me espantei demais, pois vai que o efebo seja um mineirador de criptomoedas, aí a conta é misteriosa mesmo, mas não, ali foi rateada de leitura, onde o dedinho nervoso do terceirizado fez algo parecido com leitura no reloginho lá, e a sinapse, aqui representada pelo dedo indicador do leitor, dirige-se ao teclado da maquininha esquisita, dedilha com trêmulo vagar, e nesse tremelico todo, os zeros fazem a festa. Isso eu presumo, pois não estava junto para conferir.
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Dito isso, minha perplexidade está em saber que num tempo de Inteligência Artificial pipocando pelos poros do mundo, uma empresa de energia elétrica, mergulhada em tecnologia, ainda dependa do dedo tremelico de um rapaz, que tem que perambular por centenas de casas, condominios, enfrentar a cachorrada nas ruas, frio, calor, ou os dois ao mesmo tempo, enfim, no meio de tanta e tão absurda tecnologia, é completamente jurássico, ler um número num dispositivo eletrônico, e transportá-lo a outro via mão humana.
Paulo Cardoso
Escritor, Designer, e por esses atrapalhos da vida, Síndico*