Comentário Semanal - 28 de janeiro de 2022
O cenário econômico mundial continua delicado. Restrições de oferta acontecendo simultaneamente e a demanda elevada tem gerado forte pressões de preço ao redor do mundo, colocando a inflação acima da meta dos bancos centrais. Para lidar com essas pressões, diversos bancos centrais ao redor do mundo passaram a apertar as condições financeiras, retirando estímulos e aumentando as taxas de juros.
Uma consequência natural do aperto das condições monetárias é a elevação das taxas de juros de longo prazo, que normalmente são vistas como um termômetro do mercado financeiro. Investidores, ao precificarem ativos, estão preocupados com as taxas de juros reais, ou seja, a taxa de juros descontada da inflação. O ambiente atual de baixas taxas de juros faz com que os investidores tomem mais risco, dado que em muitos locais as taxas de juros reais estão negativas.
Entretanto, apesar do aperto monetário iniciado recentemente, as taxas de juros de longo prazo continuam negativas em muitas economias ao redor do mundo, o que racionaliza os preços elevados de ativos observados. Como novas rodadas de aperto monetário são prováveis, isso pode ter efeitos sobre os mercados financeiros, uma vez que os investidores podem vender seus ativos arriscados à medida em que se tornem menos atrativos devido ao aumento das taxas de juros.
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Para o futuro, com a persistência da inflação, os bancos centrais enfrentam o desafio de balancear os riscos. Por enquanto, as taxas de juros reais continuam em níveis extremamente baixo ao redor do mundo. Mas no combate à inflação, as condições financeiras têm de piorar, relativamente. Portanto, pode haver consequências não esperadas casos essas condições sejam apertadas significativamente e de maneira abrupta, tais como forte reavaliações dos preços dos ativos e ainda maior pânico nos mercados. À medida que as vulnerabilidades financeiras permanecem elevadas em alguns setores, autoridades monetárias deveriam ser bastante claras a respeito dos próximos passos da política monetária, a fim de evitar volatilidade desnecessária e garantir estabilidade nos mercados financeiros.