Como o Spotify molda nossa experiência musical

Como o Spotify molda nossa experiência musical

A personalização trouxe mudanças profundas na forma como consumimos música. Desde o lançamento do Discover Weekly, em 2015, o Spotify transformou a maneira como acessamos e descobrimos novas faixas. A promessa era otimizar nossa experiência, reduzindo o excesso de escolhas. No entanto, ao entregar “o que parece que queremos”, o algoritmo pode ter limitado nossa curiosidade e o prazer da exploração musical.

Em um artigo publicado por Tiffany Ng na MIT Technology Review, são discutidos os impactos dessa abordagem automatizada na descoberta musical. A personalização, alimentada por inteligência artificial, categorizou mais de 6 mil microgêneros, mas deixou de lado a interação humana, crucial para expandir horizontes culturais.

A crítica central gira em torno do efeito das playlists geradas por IA: músicas que giram em torno de preferências já conhecidas, evitando o novo e o inesperado. Isso cria bolhas de consumo e enfraquece a conexão emocional que antes vinha de recomendações pessoais ou da construção de mixtapes.

Iniciativas que resgatam a descoberta musical Embora o algoritmo continue predominando, algumas plataformas e comunidades buscam reviver a interação humana na curadoria musical. Exemplos incluem:

  • Music League, onde usuários participam de competições enviando músicas para playlists temáticas.
  • Oddly Specific Playlists, um grupo que conecta pessoas a partir de playlists com inspirações curiosas.
  • Unchartify, que reorganiza o banco de dados do Spotify para facilitar a descoberta manual de microgêneros.
  • Radiooooo, que abandona gêneros e oferece música por períodos históricos e localizações geográficas.

Esses espaços promovem a interação social e criam experiências significativas, indo além das recomendações padronizadas.

O Spotify, assim como outros serviços de streaming, pode ser visto como uma ferramenta, não um destino final. Explorar além das sugestões algorítmicas exige curiosidade ativa, muitas vezes despertada por comunidades que valorizam o contexto e a subjetividade humana.

Artigo original por Tiffany Ng, publicado em 26 de agosto de 2024, na MIT Technology Review.

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