Como a vergonha impede a sua autenticidade
A vergonha pode impedir completamente a autenticidade e a criatividade de uma pessoa. Mas se tiver coragem, poderá conseguir o melhor de você mesmo. Basta escolher quem estará na arena com você e ignorar a sua arquibancada. E é isso que eu quero que você faça!
Esta é apenas uma das diversas reflexões que o workshop Dare to Lead me proporcionou. Este evento foi incrível. Através dele muitas fichas caíram e eu pude ver como o tema liderança está totalmente integrado com o meu método 3 C’s: conexão e comunicação para obter colaboração.
Vergonha e culpa: você tem?
Pense em situações em que você passou muita vergonha e culpa. Com certeza você já sentiu isso.
De acordo com a tradução do inglês (shame) e da maneira como fomos educados, podemos confundir vergonha com culpa, timidez e humilhação. Eu já falei sobre isso no artigo Você sabe lidar com a vergonha?
Temos o costume de confundir vergonha com timidez e culpa. Veja:
Timidez: “eu não gosto de falar em público”.
Culpa: “eu gritei com meu filho e não queria ter gritado”. Por um lado, isso é positivo, pois você se arrepende e não pretende repetir.
E tem também aquela que a gente ri de si mesmo. Acontece quando você está em uma festa e começa a conversar com alguém e acaba trocando o nome dela porque confundiu com outra pessoa. Assim que percebe a confusão, você fica envergonhado, mas fazer o quê? E depois que a situação passa, dá risada e se diverte. Provavelmente isso já aconteceu com você ou com alguém que conhece.
A vergonha que eu quero abordar aqui é aquela que vem acompanhada de um sentimento de dor somado ao pensamento de “não ser digno” ou “não merecer”.
É uma emoção que faz você pensar não ser adequado, não ser bom o suficiente, não ter valor ou não ser reconhecido. É uma vergonha que se sente sozinho, profundamente, e faz você se sentir muito mal consigo mesmo.
Como o embaraço apaga o seu brilho
Isso não tem nada a ver com o que o outro faz ou fala. Essa vergonha vem de uma interpretação sua sobre você. Neste momento, começa a se questionar se tem algo errado ou algum problema com você.
Isso é comum na maternidade: você toma uma decisão referente ao seu filho e as pessoas questionam as suas escolhas fazendo você pensar: “Nossa será que tem alguma coisa errada comigo?”
Na maioria das vezes, quando você tem esse sentimento, é muito desconfortável e dificilmente vai falar sobre isso com outra pessoa. Você vai se sentir envergonhado, mas vai guardar para si. Na verdade, todos nós temos que ter coragem de falar sobre o que é doloroso para, dessa forma, se conectar.
O que devemos fazer é deixar de sentir vergonha e compartilhar esse sentimento. Isso não significa que não somos bons o suficiente ou que somos um fracasso. Precisamos deixar essa vergonha de lado para ser quem realmente somos.
E quando você se abrir e mostrar seus verdadeiros sentimentos, perceberá que essas emoções são comuns e acomete as outras pessoas também. É daí que surge a empatia e a conexão tão importantes para aceitar as diferenças e a nós mesmos.
A vergonha te impede de ser você mesmo?
Agora pare e reflita: o quanto você se conecta com esse sentimento de não ser digno? De não receber amor e reconhecimento? O quanto isso impede você de usar a sua autenticidade?
Qualquer pessoa que está na arena pode passar por isso e mesmo que alguém não concorde com as suas opiniões e decisões, isso não diz quem você é ou sobre você.
Para ser você mesmo, é preciso se desprender deste tipo de vergonha. Quer ser autêntico e reconhecido? Então deixe de lado todos os tipos de vergonha e faça o que tem que fazer livre de julgamentos e críticas. Defenda seu ponto de vista, isso é autenticidade!
Vá para arena, seja você e se preocupe apenas com quem está com você na arena. É preciso ter coragem e parar de se proteger. Corra o risco. Somos humanos e imperfeitos. Ignore a arquibancada, lá estão as pessoas que querem ver o show e se divertir apenas.
As pessoas que fazem a diferença e são importantes na sua vida estão na arena com você. E eu tenho certeza que elas estão torcendo.
Promover o Dare to Lead pela primeira vez no Brasil foi um grande desafio para mim, mas eu queria muito! Foi difícil, trabalhoso, organizei tudo praticamente sozinha e, no fim, foi gratificante e recompensador.
Gravar meu curso on line também foi um grande passo. Poderia ser que ninguém se interessasse, mas eu acreditei e confiei em que estava na arena comigo.
Não perca seu processo criativo por causa da vergonha
A medida que você se protege para não se sentir vulnerável, você perde o melhor do seu processo criativo e da sua essência. Assim, você deixa de contribuir com o melhor que você tem para o mundo.
Brené Brown fala que qualquer pessoa que age com coragem faz o necessário para o outro crescer também e, consequentemente, se desenvolve. Mostre o seu potencial. Nós só conseguimos fazer isso quando estamos na arena e prontos para fazer ou falar sem se importar com o que os outros pensem ou digam.
Não se preocupe com quem está na arquibancada, com o que as pessoas vão falar, se elas vão rir ou fazer comentários maldosos. Só de pensar nisso já retraímos não é mesmo? Mas se você pensar assim não vai fazer nada.
Por outro lado, se selecionou bem as pessoas que estão na arena, confie. Elas são importantes para você assim como a opinião delas.
Você não vai agradar a todo mundo
Muitas vezes, nós só fazemos ou falamos alguma coisa pensando em agradar a outra pessoa. Definitivamente, isso não deve ser assim. Quantas vezes você pensa em levantar uma bandeira ou se posicionar seja em relação a carreira, a criação de filhos ou ao papel da mulher na sociedade, mas se sente receosa?
Os pensamentos de que “eu sou a única mulher aqui, não vou falar” ou “eu sou a única mãe que pensa diferente no grupo da escola, vou ficar quieta” faz com que a gente se cale e aos poucos vamos deixando de ser nós mesmas.
A vergonha dói, mas ela não deve abafar ninguém. Vamos para arena, decida quem estará lá com você e não deixe nada nem ninguém impedir você se ser autêntica e criativa. Enfim, de ser você!