Criatividade. Eu sou, tu és, ele é...
Study of Regular Division of the Plane with Reptiles - M. C. Escher, artista plástico holandês. Dica: mergulhar no universo da arte é uma ótima forma de aguçar a criatividade.

Criatividade. Eu sou, tu és, ele é...

Uma das coisas que me move é a criatividade. Tenho paixão por novas ideias e conexões. Deixar minha cabeça subir nas alturas e só depois puxar meus pés para o chão para entender a viabilidade dos meus pensamentos. Melhor ainda se esse processo for feito de forma colaborativa, com várias cabeças com diferentes visões de mundo pensando juntas. Da mesma forma que brilha meus olhos, sinto que inspira as pessoas a minha volta, seja no trabalho, com amigos ou em casa: de uma simples ideia para engajar colaboradores a uma nova forma de combinar acessórios ou cozinhar. O objetivo desse artigo é dividir um pouco desse meu olhar de designer com mais pessoas e, o mais importante, mostrar que você pode beber da mesma fonte e se tornar uma pessoa criativa. Vem comigo ;)


10% de inspiração, 90% de transpiração e uma boa dose de coragem.

Muita gente acha que eu sempre fui megacriativa, mas hoje quero abrir para vocês como foi essa trajetória, repleta de inseguranças. E o que fez a diferença no meu caminho? Pessoas que me estimularam a acreditar no meu potencial, ter coragem e curtir a jornada.

No primeiro ano da faculdade de design gráfico, pensei que estivesse no curso errado. Embora curtisse muito pensar em coisas diferentes e fosse movida a desafios, tinham muitas pessoas talentosas a minha volta que desenhavam como se não houvesse amanhã e tinham total domínio de programas gráficos. Mas se design, por essência, é projeto e não desenho, e se não são as ferramentas que fazem um bom designer, por que me preocupava com isso? Não sei, só sei que me sentia menos capaz que meus colegas.

Foi então que, no segundo ano da faculdade, conheci uma pessoa que me fez acreditar no meu potencial. Foi o empurrãozinho que eu precisava para avançar. O medo continuava me acompanhando, mas eu seguia assim mesmo. E foi com apoio desse colega que consegui meu primeiro estágio e aprendi a deixar o meu talento falar mais alto que meus medos. 

No estágio, a cada ideia que conseguia tirar do papel (ainda em ritmo lento), ficava super feliz. Às vezes, tinha bloqueios criativos, mas sempre seguia adiante. Aos poucos, as coisas começaram a fluir com naturalidade, as dificuldades diminuíram, criar já não era um bicho de sete cabeças. Nessa jornada de superação pessoal, sempre procurei me apoiar em mentores, colegas de trabalho e faculdade, além de buscar capacitações e muita leitura para vencer meus medos e encarar novos desafios. Da mesma forma, passei a apoiar diretores de arte e redatores em início de carreira para que também superassem o bloqueio criativo.

Assim se passaram 10 anos exclusivamente trabalhando com criação e criatividade. Sabe aquele velho ditado que as melhores conquistas são suadas? Pois é! No final do meu ciclo como diretora de arte, recebi alguns reconhecimentos do mercado, que me deixaram muito feliz!

Bom... e como nunca fui fã de zona de conforto, quando já estava feliz, contente e reconhecida com tudo o que tinha alcançado, iniciei minha carreira no mundo corporativo (mas isso já é história para outro post). O interessante é que, apesar de ter deixado de trabalhar diretamente com criação, parece que essa forma de pensar penetrou profundamente em mim. E sabe o que é o mais bacana? Ficamos cada vez mais corajosos quando olhamos para o mundo pela lente da criatividade, pois uma infinidade de possibilidades se abre a nossa volta. Basta se permitir.


Mas afinal, por que ser criativo?

A minha vivência pessoal me mostrou que:

  •  NO TRABALHO: Criatividade nos deixa mais curiosos e abertos. Tudo isso habilita a inovação e promove resultados extraordinários.
  • NA VIDA PESSOAL: A vida fica mais leve e divertida.
  • NA CARREIRA: Ficamos mais abertos para novas experiências e caminhos. E, quando isso acontece, não há tecnologia ou mudança no mundo que nos impeça de continuar se adaptando ao meio. Com isso, viver no mundo VUCA (Vulnerável, Incerto Complexo e Ambíguo) se torna estimulante.
  • NO FUTURO: Criatividade é uma das habilidades fundamentais para os profissionais do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial. Quer saber mais sobre o assunto? Clica aqui.
  • VOCÊ PODE! Criatividade pode ser aprendida \o/. Na infância, certamente a criatividade fazia parte de seu dia a dia. Logo, basta reativar essa “musculatura”, que ficou sem uso por um bom tempo. (Pense nisso como quando aprendemos um esporte novo. O início é difícil, mas depois a gente pega o jeito).


Como faço para ser criativo?

Preparei algumas dicas baseada na minha experiência pessoal para te apoiar com essa jornada de transformação.

  • YES, YOU CAN: nunca deixe alguém te falar que você não pode ser criativo. Basta treinar.
  • MENTE ABERTA: esteja sempre com a mente aberta para ouvir ideias e opiniões (as suas e a dos outros), com olhar curioso e sem julgar. O julgamento sufoca a criatividade. Em processos de criação, há uma fase inicial para gerar ideias (inclusive as mais absurdas) e depois o momento de refinamento de tudo que surgiu. É nesta hora que ativamos o senso crítico para avaliar a viabilidade em termos técnicos, de custos, etc.
  • DIVERSIDADE GERA INOVAÇÃO: valorize a diversidade de opiniões e exercite o hábito de conversar com diferentes pessoas. Cada um tem uma vivência e forma de ver o mundo. Logo, possuem maneirar diferentes de resolver problemas. Para exercitar, se proponha a conversar com uma pessoa diferente a cada dia (pode ser mais velha ou mais nova, de outra área, que nasceu em outro estado e por aí vai). Aproveite a hora do cafezinho ou almoço. Para os mais ousados, experimente trabalhar em espaços de coworking.
  • SAIA DO AUTOMÁTICO: isso é mortal para a criatividade. Que tal escolher um caminho diferente para ir ao trabalho hoje? Ou mudar a mão de uso habitual do mouse por alguns minutos? Quando fazemos isso, nosso cérebro busca novas possibilidades para situações e amplia a forma de ver o mundo.
  • EXPERIÊNCIAS PROMOVEM REPERTÓRIO: permita-se viver experiências diferentes para engrandecer seu repertório. Quanto mais elementos você guarda na sua "mochila", mais poderá fazer conexões diferentes ou improváveis ao fazer um brainstorm. Por exemplo, já fiz curso de dança de salão. Por quê? Naquele momento, apenas por curiosidade e para quebrar minha crença de que não tinha jeito para dançar. Esse repertório ficou guardado e foi útil quando tive que fazer uma campanha para o maior Festival de Dança do Mundo. 
  • SEJA CURIOSO: questione, pergunte, olhe além do óbvio. Isso também te ajudará a multiplicar ideias, perceber as coisas por óticas diferentes e formar repertório.
  • EXERCITE A EMPATIA: Olhe o problema ou situação pela perspectiva do seu cliente. A chamada "jornada do usuário" te apoiará a pensar na solução de forma diferente.
  • RESPIRE O ASSUNTO: busque ler sobre o tema com frequência (na internet ou em livros), participe de workshops, webinars e afins.
  • PERSISTA: a persistência é a chave para resultados extraordinários. Que tal montar um plano para desenvolvimento dessa competência? Quando escrevemos e nos comprometemos formalmente com o assunto, os resultados aparecem.


Tenho que ser um mago da criatividade para ser bem-sucedido no mundo VUCA?

A minha visão pessoal indica que não. Afinal, sempre conviveremos com pessoas com características e aptidões diferentes: uma mais analítica, outra mais comunicativa, outra mais visionária ou aquela que curte um bom planejamento. E isso continua sendo fundamental para as diferentes posições em uma empresa (financeiro, marketing, jurídico, etc). O ponto é que, para aproveitar o potencial de transformação das empresas, você precisa estar aberto para trabalhar de forma colaborativa. Se você é líder, o desafio está em facilitar o processo, por meio de perguntas instigantes, para explorar todo o potencial de sua equipe (estimular a "cabeça nas alturas"). Da mesma forma, saber o momento de colocar os pés no chão para partir para a ação. Basicamente, tudo é uma questão de manter a mente flexível e estar aberto a novas conexões, visões e ideias. Essa troca fará a diferença para construção de resultados extraordinários.

Um grande abraço,

Maria Regina Runze

Consultora de Comunicação e Desenvolvimento de Pessoas para Resultados Extraordinários

Etney Neves

Professor, Cientísta Químico e Gestor PD&I

6 a

Eu sou um Cientista Químico, Doutor e Professor e defendo que a criatividade é uma capacidade de todos, e quem não a tem evidente é porque não foi devidamente estimulado. 

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