A Crise dos Relacionamentos na Era da Liberdade Feminina

A Crise dos Relacionamentos na Era da Liberdade Feminina

O mundo moderno prometeu um universo de possibilidades... mais igualdade, mais liberdade, uma gama de opções. Os professores disseram que nós poderíamos ser e fazer o que quiséssemos. Que essa era a melhor época para ser mulher. Se alguém, por ventura, dissesse que a avó era feliz, logo havia uma reação de espanto. O quê? Viver como nossas avós? Disseram, eles, que eu e você poderíamos muito mais, que merecíamos muito mais. Que finalmente deixaríamos de ser humilhadas. Que a resposta estava na carreira, no dinheiro, nas graduações, no feminismo, na militância, na consciência política. Nos fizeram crer que as mulheres de antigamente eram alienadas, passivas, burras, desesperadas. E eles estavam certos em alguns aspectos. Muito nos foi proibido, limitado, cerceado, impedido, precisávamos de mais espaço, inclusive para fazer escolhas em relação a nossa vida pessoal. Progredimos, conquistamos e vencemos apesar das constantes lutas. Contudo, também perdemos ou escondemos um pouco da nossa essência a fim de nos encaixar em um padrão único de comportamento ignorando nossa pluralidade. No que se refere a relacionamentos, a desconstrução dos homens e a reconstrução das mulheres trouxe uma nova perspectiva de romance que apresenta um constante desequilíbrio quanto ao papel do homem e da mulher nas relações afetivas. E hoje, estamos aqui implorando por homens que sejam viciados em nós, não em telas de celular que trazem a obsessão por pornografia fácil desde a adolescência, que não sejam apáticos, que nos defendam, homens maduros não só na idade. Suplicamos por futuros pretendentes que não façam questão de dividir a conta, e que não achem mais interessante ficar trancados no quatro jogando ao invés de desfrutar da nossa companhia. Estar solteira atualmente querendo estar em um relacionamento dá a você duas alternativas: ou você continua solteira para não se decepcionar ou aceita a qualidade subterrânea de um relacionamento contemporâneo: tendo que mandar nudes cada vez mais diferentes( e correndo o risco de ser chamada de puritana no pior sentido da palavra se disser não), sendo comparada a atrizes pornô (não que isso seja um problema, cada um vive conforme as suas próprias escolhas) pegando o celular dele e vendo dezenas de mensagens de grupos duvidosos, sendo traída e tendo que relevar. As comprometidas pensando que já está tarde para arranjar outro e as solteiras achando que chegou a hora de congelar os óvulos.

Recentemente vi uma publicação em uma rede social que trazia o seguinte relato: “21 anos e laqueada. Não terei filhos. Não transmitirei a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.” Assumir que não se tem vocação para a maternidade pode sim ser um ato genuíno de amor, coragem e de responsabilidade. O que assusta não é o fato de não querer ter filhos, mas a idade em que esta decisão irreversível está sendo tomada.  Diante da liberdade que tanto sonhamos, sinto-me livre para questionar. Será que daqui há alguns anos vamos ouvir corações arrependidos se perguntando: - Por que ninguém me avisou? Será que fracassamos como meninas aprisionadas em busca de tanta liberdade e nos engaiolamos em outro problema? Será que os nossos pais fracassaram conosco? Será que fracassamos na escolha dos pais de nossos filhos ao aceitar a degradação e banalização dos relacionamentos, tendo múltiplos parceiros na transmissão de uma ideia de que o amor não existia e que o casamento não valia a pena...Será? Talvez a nossa urgência nos fez errar a mão na forma como viver essa transformação. E assim crescemos com o peso do mundo sobre as costas ainda que nos jurassem que o fardo seria mais leve. Não é. Todos falhamos em transmitir amor. Uma menina que se esterilize aos 20 anos é uma vítima, assim como as mulheres do passado também foram. Atitudes extremas podem ser sinal de um pedido de socorro.

Desilusão, frustração, desvalorização. Será que perdermos a melhor parte da festa? Será que o que resta é realmente o bagaço da laranja? Tomara que não, mas ainda que eu esteja errada, garanto a você: será preciso procurar muito para se ter um relacionamento de valor. Enquanto isso, tenha uma relação fiel e de valor consigo mesma.

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