Dá pra criar a felicidade nesse fim de ano?
Bom-dia / Boa-tarde/ Boa-noite. Saudação democratica, pois não tenho ideia em qual momento você poderá correr seus olhos sobre esse texto. Sequer consigo imaginar se terá TEMPO para tal. Assim como já vou me despedindo de 2022, direi adeus às expectativas da escritora de ser lida, afinal, que prazo temos se faltam apenas 16 dias para 25 de dezembro e para a Simone nos lembrar que "Então é Natal, e o que você fez?".
Antes de responder é importante R E S P I R A R. Acabei de inalar, segurar, e soltar o ar prolongadamente para conseguir escrever esse parágrafo. Essa onda natalina ressaqueou minha costa e respingou na redação desse texto. A inevitável maré retrospectiva veio ao coro simbólico da canção de Simone e acabou trazendo mais indagações do que resoluções. Não necessariamente fiquei insatisfeita. Pelo contrário, me animei para seguir em frente, navegando por esse horizonte de incertezas.
Então, hoje, no meio da preparação do café da manhã meus pensamentos foram tomados por outra pergunta ainda mais complexa, ao menos para mim: dá pra criar a felicidade nesse fim de ano? Eu penso, que lá no interior da célula de cada ser humano moderno só estamos genuinamente buscando a nossa felicidade. Fazemos isso a partir de todo e qualquer serviço e relação. De casa para o trabalho, do trabalho para casa. Todos os dias e anos da existência. Ininterruptamente e a partir das nossas escolhas.
Ao usar o verbo criar nesse questionamento, é por acredit.AR que existe oportunidade para literalmente construirmos esse espaço para além do ciclo anual.
Afinal, felicidade é um estado de espírito e não uma lista para dar ser preenchida. É preciso pensar sobre ser feliz na VIDA. Porém, essa resposta exige uma elaboração profunda e nem os algoritimos do Google consegue formular sozinho, quem dirá a A.I. que ousa dizer o que seremos no futuro.
Xô urucubaca
Não é o primeiro ano que eu tento evitar entrar nesse mar revolto e acabo sempre morrendo na praia nadando contra a corrente para encerrar todas as demandas que preciso/quero/devo/sonho/anseio entregar até que o ano termine e nasça outra vez (Simone, mais uma vez, maravilhosa).
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Cansaço. Exaustão. Esgotamento. Falta de energia. São essas as palavras que leio e escuto nos últimos dias, pelas quais estou sendo atravessada nessa de criar felicidade. Será possível mesmo ser feliz diante dessa nuvem de palavras que mais parece uma prenúncio de tempestadade e que logo cairá no mar elevando seu nível, dificultando ainda mais nosso nagevar?
Essa nuvem representa aquilo que não demos conta de processar. Aquilo que não nos permitimos fazer em outro momento do ano: refletir/parar/contemplar/assumir que não vai dar conta/ satisfazer-se com as entregas realizadas. SER FELIZ ACIMA DE TUDO POR CADA PASSO DO TRAJETO PERCORRIDO.
Se estamos unidos nesse mesmo barco à procura da felicidade, devemos assumir o risco de que poderemos naufragar em poucos segundos, sendo coletivamente inundados. Então, muita gente poderá não concordar com esse ponto, mas eu preciso dizer: ser feliz é uma pauta política, econômica e social.
Não temos como criar sem resolver nossos problemas emocionais e sociais. Nossa incapacidade de parar e reconhecer os cenários adversos. De abrir espaço para perceber o todo, aprofunda o abismo individual e deságua na infelicidade coletiva que sustentamos ao buscar ser feliz convivendo com a desgraça (que não é alheia).
Sigo sem respostas para a pergunta da Simone e para minha própria. Navego ininterruptamente nesse mar de incertezas, partilho meus lampejos na esperança de uma reflexão profunda, primeiramente individual, acreditada que essa angústia de buscar felicidade tem espaço.
Afinal, ela não me pertence apenas. É coletiva. E só remando pela tempestade que assola o céu do Brasil e do mundo poderemos desenvolver resiliência suficiente para, quem sabe, responder essas indagações.
P.S.: pra encerrar, eu não vou mentir: ainda preciso/quero/devo/sonho/anseio em gritar em coro "É HEXA!". Sempre existirá a esperança em restaurar de alguma forma a felicidade coletiva. Isso tá permitido? (e os jogadores ainda doando o valor do prêmio às causas que necessitam - amo uma utopia).
Giórgia Gschwendtner é escritora, jornalista e atua com comunicação consciente, inovação e futuros. Empreende pela GiG.Content, sendo pós-graduada em análise e produção de conteúdos para mídias digitais, comunicação e estudos de mídias. Atua também como facilitadora de atividades que viabilizem a comunicação interna e externa de organizações, a partir de uma abordagem que é pautada nos princípios da sustentabilidade e na perspectiva de expansão da consciência para viabilizar futuros possíveis. Quer falar? Manda um e-mail para giorgia@gigcontet.com.
CEO da ViValor | Especialista em Marketing, Inovação e Psicologia Positiva | Gerar Transformação, Bem-Estar e Impacto Positivo me Movem | Projetos de Consultoria e Mentoria
2 aGi você falou tudo: Felicidade é um estado de espírito e esse estado está cada vez mais ao nosso alcance, pena que um assunto tão sério é tão banalizado por essas correntes da felicidade tóxica. A intenção de ser feliz passa por ações que integram o espiritual, o físico, o emocional, o intelectual e como você se relacional com você e com tudo isso. Bora falar mais de felicidade em 2023 e ajudar as pessoas a serem felizes de forma integral pessoal e profissionalmente 🌱