Qual a receita da felicidade?
Com uma frequência um tanto quanto assustadora tenho visto matérias cujo objetivo é apresentar aos leitores uma espécie de receita para a felicidade, “Como ser feliz no casamento!”, “Como ser feliz no trabalho!” “Como ser feliz na vida!”.
Ora, para fazer um bolo é preciso seguir uma receita, para ser feliz não! O sentido de felicidade é algo singular e intrínseco de cada ser humano, assim, não há como ensinar alguém a ser feliz com base em um modelo de felicidade construído através das minhas experiências, aspirações, percepções e valores.
Mas talvez as inúmeras tentativas de decifrar o segredo da felicidade sejam o reflexo de uma sociedade em que, a cada dia, cresce o número de pessoas vivendo sem um propósito.
Vive-se o hoje pensando no amanhã e de repente, o amanhã passa tão rápido que se torna o ontem sem que nos demos por conta. E só depois que aqueles momentos passaram é que descobrimos que fomos felizes em vivê-los, mas, como eles já se foram, não conseguimos sentir a felicidade com a mesma intensidade que seria possível se essa constatação tivesse ocorrido no exato instante em que os estávamos vivendo.
Sabe aquela frase que diz que “o gramado do vizinho parece sempre mais verde”? Pois é, temos uma mania destrutiva e inútil de comparar a nossa vida com a dos outros: “Nossa a fulana está sempre feliz nas fotos do Facebook!”, “O ciclano só posta fotos de festas e lugares legais no Instagram!”.
Gente, vamos acordar!!!! Tirando alguns poucos sadomasoquistas, ninguém gosta de escancarar as suas tristezas e dificuldades para o mundo, mas isso não quer dizer que não estejam travando suas batalhas e perseguindo a felicidade tanto quanto nós.
O filósofo e professor Mario Sérgio Cortella disse certa vez que a “felicidade é uma vibração intensa, um momento em que eu sinto a vida em plenitude dentro de mim e quero que aquilo se eternize”. Pois bem, quais são os momentos da sua vida que você gostaria que se eternizassem? Quando foi a última vez em que você viveu um momento assim?
Pergunto isso porque Cortella disse também que “nós só sentimos a felicidade porque ela não é contínua”. Isso me fez refletir que cada momento de felicidade que eu vivi me deixou uma espécie de reserva e quando sinto que a felicidade não está comigo, busco a reserva de felicidade que os momentos já vividos me deixaram.
Mas veja bem, não estou falando em viver de passado! Estou falando em ser grata pelos bons momentos e por essa razão conseguir resgatar a felicidade dentro de mim. É como dizem: Quanto mais se tem, mais se quer... Acho que é isso, quanto mais momentos felizes eu tenho, mais eu quero ter, e assim, passo a viver um círculo virtuoso de felicidade e gratidão.
Isso não é uma receita, é uma constatação, e talvez nem faça sentido para você. Mas porque estou lhe dizendo isso então?
Porque cada um de nós tem a sua própria maneira de definir, perceber e sentir a felicidade e quando tomamos consciência disso somos presenteados com o poder da ação!
Você já parou pra pensar o que é felicidade pra você?
O que você está fazendo hoje para ser feliz?
Por qual razão você acorda todas as manhãs?
Quando você não estiver mais nesse mundo de que forma gostaria de ser lembrado?
Sinto muito se vou te decepcionar, mas você não vai encontrar estas respostas em nenhum livro, no entanto, talvez elas possam vir à tona com uma estranha facilidade se você se permitir um mergulho interior. Agora, se você me obrigasse a lhe dar um conselho eu diria que a receita da felicidade é não seguir nenhuma receita!