Declaração de Independência da Má Gestão (July 4th, 2023)

Declaração de Independência da Má Gestão (July 4th, 2023)

Parte do Programa de Formação e Certificação de Conselheiros Board Academy Br

Declaração de Independência da Má Gestão (July 4th, 2023)


Há na natureza humana a intenção da livre associação, base greco-romana do nosso direito, seja ela na vida privada, com fulcro laboral ou societário, respeitando sobretudo o princípio affectio societatis.  As pessoas se relacionam e decidem empreender por motivos de alinhamento de intenções, de afeto, do desejo de trabalharem sob objetivos comuns.  


Há também a vontade humana de se libertar do que já não vale mais a pena, do que não faz mais sentido.  O panorama empresarial nos impele rever a natureza das nossas afeições e portanto, associações.  Com base no desejo de rompimento das relações societárias e do avante desenvolvimento da gestão moderna, fiz uma adaptação da declaração de independência americana à luz de uma reflexão sobre as boas práticas de governança corporativa.  O texto de 4 de Julho de 1776, com uma nova roupagem, segue abaixo. 


“Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário as pessoas  reavaliar os laços laborais que as ligavam a uma empresa, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno para com as opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação. 


Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, empresas são instituídas entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos clientes internos e externos; que, sempre que qualquer forma de empresa se torne destrutiva de tais fins, cabe às pessoas envolvidas - stakeholders, o direito de alterá-la ou aboli-la pela pressão da falta de credibilidade junto ao mercado e instituir nova empresa, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. 


Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem as empresas instituídas há muito tempo por motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais empresas e instituir novos conselheiros para sua futura segurança. 


Tal tem sido o sofrimento paciente destas filiais e tal agora a necessidade que as força a alterar os sistemas empresariais anteriores. A história da má gestão compõe-se de repetidos esgarçamentos do tecido social, tendo todos por objetivo direto o exclusivo aumento do pagamento de dividendos, tirania absoluta do lucro máximo em detrimento da saúde dos colaboradores, das comunidades e do meio ambiente. Para prová-lo, permitam-nos submeter os fatos a um mundo cândido. 


Recusaram assentimento a planejamentos dos mais salutares e necessários ao bem público. Proibiram os gerentes a promulgação de diretrizes de importância imediata e urgente, a menos que a aplicação fosse suspensa até que se obtivesse o seu assentimento, e, uma vez suspensas, deixaram inteiramente de dispensar-lhes atenção. Recusaram promulgar outras diretrizes para o bem-estar dos colaboradores, a menos que abandonassem o direito de representação no legislativo, direito inestimável para eles e temível apenas para os tiranos. 


Convocaram os colaboradores a lugares não usuais, sem conforto e distantes dos locais em que se encontram suas casas, com o único fito de arrancar-lhes, pela fadiga, o assentimento às medidas que lhe conviessem. Dissolveram canais de comunicação repetidamente porque se opunham com máscula firmeza às pesquisas de clima.  


Recusaram por muito tempo, depois de tais dissoluções, fazer com que outros fossem contratados; em virtude do que os poderes legislativos incapazes de aniquilação voltaram aos colaboradores para que os exercessem; ficando durante esse tempo a empresa exposta a todos os perigos de aquisições externas ou greves. Procuraram impedir a comunicação dos colaboradores, obstruindo para esse fim as diretrizes benéficas, recusando promulgar outras que animassem a inclusão de uma agenda ESG propositiva e complicando as condições para a inovação dos processos.


Dificultaram a governança corporativa pela recusa de assentimento às boas práticas.  Tornou os CEOs e conselheiros dependentes apenas da vontade dos acionistas para gozo do cargo e valor e pagamento dos respectivos dividendos. Criou uma multidão de novos cargos e para eles enviou enxames de colaboradores para perseguir os clientes e devorar a sua substância com a falta de iniciativa. 


Manteve entre nós, em tempo de estabilidade artificial, exércitos de colaboradores permanentes sem o entendimento das flutuações cambiais e político-econômicas. Tentou tornar os conselheiros desconectados do chão de fábrica e do calor das lojas.  Combinou com outros sujeitar-nos a uma jurisdição estranha ao nosso Código de Ética e não reconhecida pelas nossas diretrizes, dando assentimento aos seus atos de pretensa legislação: para aquartelar grande número de colaboradores sem propósito entre nós; para protegê-las por meio de julgamentos simulados, de punição por desligamentos que viessem a cometer contra os colaboradores destas filiais; para fazer cessar o nosso comércio com todas as partes do mundo; por lançar aumentos de custos sem nosso consentimento; por privar-nos, em muitos casos, dos benefícios do julgamento pelo conselho; por transportar-nos por mar para julgamento por pretensas ofensas; por abolir o sistema livre de boas práticas, aí estabelecendo confusão societária e de patrimônio e ampliando-lhe os limites, de sorte a torná-lo, de imediato, exemplo e instrumento apropriado para a introdução do mesmo domínio absoluto nestas filiais; por deixar de redigir nosso regimento interno,, abolindo as nossas diretrizes mais valiosas e alterando fundamentalmente a forma do nosso planejamento estratégico integrado; por suspender os nossos sistemas de auditoria interna, negando o poder de ordenar novos investimentos em tecnologia e inovação para nós em todos e quaisquer casos. 


Abdicou da conduta ética aqui por declarar-nos fora de sua proteção e fazendo-nos guerra. Saqueou o nosso caixa, devastou as nossas contas, incendiou a nossa reputação por falta de media training do CEO  e destruiu nosso propósito. 


Está, agora mesmo, a transportar grandes exércitos de potenciais compradores para completar a obra de morte, desolação e tirania, já iniciada em circunstâncias de crueldade e perfídia raramente igualadas nas idades mais bárbaras e totalmente indignas do chefe de uma empresa civilizada. Obrigou as nossas parcerias aprisionadas no mar alto a tomarem armas contra a nossa própria empresa, para que se tornassem algozes dos amigos e irmãos ou para que caíssem em suas mãos. 


Provocou insurreições internas entre nós e procurou trazer contra os nossos colaboradores pressões selvagens e metas impiedosas, cuja regra sabida de guerra é a destruição da vida pessoal sem distinção de idade, sexo e condições. Em cada fase dessas opressões solicitamos reparação nos termos mais humildes; responderam a nossas petições apenas com repetido agravo. 


Um Diretor cujo carácter se assinala deste modo por todos os atos capazes de definir um tirano não está em condições de gerenciar uma empresa competitiva. Tão pouco deixamos de chamar a atenção de nossos irmãos concorrentes. De tempos em tempos, os advertimos sobre as tentativas da Má Gestão de estender sobre nós uma jurisdição insustentável. Lembramos-lhes das circunstâncias de nossa migração e estabelecimento aqui. Apelamos para a justiça natural e para a magnanimidade, e conjuramo-los, pelos laços de nosso parentesco comum, a repudiarem essas usurpações que interromperiam, inevitavelmente, nossas ligações e a nossa correspondência. 


Permaneceram também surdos à voz da justiça e da consanguinidade. Temos, portanto de aceitar a necessidade de denunciar nossa separação e considerá-los, como consideramos o restante dos homens, inimigos na guerra e amigos na paz.

Nós, por conseguinte, representantes das EMPRESAS COM PROPÓSITO, reunidos em REUNIÃO DO CONSELHO CONSULTIVO, apelando para o Juiz Supremo do mundo pela retidão das nossas intenções, em nome e por autoridade do bom povo destas filiais, publicamos e declaramos solenemente: que estas filiais unidas são e de direito têm de ser PESSOAS LIVRES E INDEPENDENTES; que estão desobrigadas de qualquer vassalagem para com a Má Gestão, e que todo vínculo laboral entre elas e a falta de propósito está e deve ficar totalmente dissolvido; e que, como PESSOAS LIVRES E INDEPENDENTES, têm inteiro poder para declarar a guerra, concluir a paz, contrair alianças, estabelecer comércio e praticar todos os atos e ações a que têm direito as pessoas livres e interdependentes. 


E em apoio desta declaração, plenos de firme confiança na proteção da Divina Providência, empenhamos mutuamente nossas vidas, nossas fortunas e nossa sagrada honra”.


4 de Julho de 2023.


 #boardacademy #empresas #networking #esg #compliance #inovacao #conselheiro #startup #linkedin #conselho #strategy #startups #business #venturecapital #boardclub #governancacorporativa #estrategia #negocios #financas #educacao #lideranca


João Luiz Carvalho

Partner & Founder | C - Level | Board of Advisor | Investor, Business & Consulting Management

1 a

Parabéns Felipe Figueira ficou ótimo !

Cláudia Torres, M.Sc.

Mentora | Economista centrada no valor da VIDA | Investidora FCJ/Board | Planner de Vida | DNA Organizacional | Owner | Escritora | Estoica | Nexialista | Lifelong Learner | Mestre em ADM

1 a

Ficou ótimo! 👏👏👏

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos