#Discordância  #Conflito  #Confronto - Nunca foi tão difícil ouvir a opinião alheia sem ser imparcial
Imagem: Pai em Dose Dupla - Paramount Pictures

#Discordância #Conflito #Confronto - Nunca foi tão difícil ouvir a opinião alheia sem ser imparcial

Fui criado em um ambiente familiar com disciplina, seguindo regras e sempre "alfabetizado" pelo trabalho para conseguir nosso sucesso. Meu pai, um exemplo de honestidade, sempre cunhava a união da família e principalmente do poder da palavra. Apesar de uma educação rígida, sempre deu a oportunidade para argumentarmos, mesmo sabendo que ele sempre dava a palavra final avaliando os argumentos dos 3 filhos.

É interessante iniciar esse texto tão pessoal e da década de 80, mas que hoje torna-se muito atual devido ao fato que assola o país nesse momento de decisão política: o discurso vencedor.

Irritado por perder uma discussão que eu estava tendo comigo mesmo, disse para mim: Ah, vá ver se eu estou na esquina. Eu fui, e eu estava.

Para isso é preciso entender alguns fatores que causam uma espécie de "guerra de opiniões" que assolam diversos grupos e que na maioria das vezes terminam em situações de extrema falta de bom senso e de discernimento.

Mais do que falar de política é o fato que o poder de querer "convencer" o outro parece a busca do Santo Graal (cálice sagrado, desculpe o trocadilho) comandada por "reis Arthur" para resgatar o espírito de José de Arimatéia, onde só alguém puro e casto poderá tê-lo.

Discussões são sempre bases para a evolução e nelas podemos debater melhorias e analisarmos conceitos e formas diferentes de realizarmos grandes feitos. Assim, em uma empresa, principalmente em momentos de crise, as ideias tendem a se fortalecer e as chamadas mudança de atitude tornam-se vitrines para as soluções de empresas.

Para que essas opiniões sejam debatidas precisamos analisar 3 fatores que corroboram na construção de discussões que podem ser, ou não, salutar para o desenvolvimento de um profissional:

# Discordância

A discordância é sim salutar em qualquer debate, pois além de levantar questões sobre uma ideia, liga o alerta de que não podemos ficar no conformismo em uma verdade absoluta. A discordância é baseada em pensamentos e valores culturais, bem como relatos que podem ser oriundos da experiência ou de uma opinião "terceirizada". Discordar significa ter opinião contrária à de (alguém); divergir, discrepar, o que quer dizer que não seja a razão da verdade, pois muitas vezes é o oposto, tanto que no conceito musical significa: soar de forma desarmônica; desafinar, destoar. Para a discordância ter embasamento é preciso ser construída através de opiniões baseadas em fatos e através deles que se inicia um debate de (re) construção de novas ideias.

# Conflito

O conflito parte de uma discordância que tenha uma ação, ou seja, são opiniões divergentes que tentam mostrar caminhos para se chegar ao objetivo através de atitudes e exemplos que fortalecem as suas "convicções".

Nas empresas estimular um conflito para incentivar as vendas, mudar a imagem, encontrar um melhor mecanismo financeiro ou uma nova forma de incentivar seus profissionais, pode ser vista de forma muito promissora, pois elevará não só o nível de concorrência como causará "desconforto" para os que não buscam novos caminhos para a melhoria da empresa. Por outro lado existe uma linha tênue entre opiniões discrepantes e confrontos pessoais, algo totalmente nocivo ao desenvolvimento humano.

Um bom gestor sabe elevar o debate e principalmente saber ouvir as partes envolvidas sendo não só um mediador mas principalmente um ouvinte algoz com senso de críticas e imparcialidades. O que importa, repito, não é ter um vencedor de debates e sim extrair as melhores ideias e transformá-las em ações que beneficiaram a maioria e principalmente à empresa. O importante não é o convencimento a qualquer custo e sim a ordem da verdade e principalmente do bem estar financeiro e ambiente de trabalho aceitável em uma empresa.

# Confronto

Em um confronto a questão de perdas torna-se quase insustentável, pois habita assim o conceito de choque de interesses. São grupos opostos chegando quase a duas facções que querem competir para ter apenas um lado vitorioso, o dele próprio. Na maioria das vezes (quase sempre) não há consenso, trazendo à empresa discussões que geralmente irão acabar no RH.

Paul Valéry, célebre escritor e poeta francês dizia que: "O mundo só vale pelos radicais e só dura graças aos moderados". É interessante que mesmo Valéry, notável em seus artigos e frases que enalteciam o poder do silêncio, contrapõe a importância dessas "classes".

Em um confronto as perdas são grandes, tanto na parte profissional como na questão de gestão humana, pois a princípio existe uma sensação de poder e prepotência, fatores esses, que cegam a razão das pessoas, onde por mais argumentos favoráveis que possam fortalecer seu embate em ser o "vencedor", geram sequelas que futuramente prejudicarão a sua carreira.

O respeito deve sempre prevalecer e tanto em um Estado como em uma empresa, a beleza de uma democracia deve imperar no tocante a saber dosar entre ouvir e questionar outros.

E assim com Paul Valéry, os profissionais de sucesso sempre buscam não só o melhor para si mas a satisfação que realizará vários trabalhos que lhe custarão algumas perdas mas que no final irá valer a pena, pois irá seguir a razão do bom senso.

O que me interessa nem sempre é o que tem importância para mim. (Paul Valéry)

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Sobre o autor:

Edinei Cunha é um profissional de vendas com passagens em multinacionais e fundador da Edtar Representações e Consultoria.

Facilitador de vendas e estrategista comercial, representando empresas de varejo e startups de softwares.

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