A discussão sobre a pauta racial na Pearson em 2020
O ano de 2020 foi repleto de desafios em diversos aspectos: houve uma necessidade muito grande de descobrir novas formas de trabalho e de vida em sociedade, ao passo que percebemos que podemos e devemos parar um pouco para ver o que realmente importa. Esta situação provocada por um vírus invisível, além de representar um marco para nossa geração, também deu visibilidade à diversas situações de desigualdade. Uma delas que acredito que ganhou muito destaque foram os diversos racismos que ocorrem diariamente em relação à pessoas não-brancas e nossa sociedade. Isso tudo ganha mais força nesta semana, em que celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra aqui no Brasil.
Desde o ano passado, a Pearson elaborou um programa de Diversidade & Inclusão, que recebeu o nome de “Pearson para Todxs” e que foi dividido em vários capítulos: Spectrum (voltada para o público LGBTQIA+), Able (voltado para a discussão sobre acessibilidade para pessoas PcD), Parents (voltado para a discussão sobre parentalidade), Will (voltado para as questões de gênero e mulheres na liderança) e o Bold (voltado para a discussão sobre a diversidade racial), sendo este último o foco deste texto.
Desde a metade de 2020, assumi o compromisso de liderar as ações organizadas pelo Bold, em um esforço de colaborar com o processo de equidade de acesso de pessoas não-brancas em nossa empresa, além de contribuir para a construção de um ambiente racialmente mais saudável. Acredito que, diante dos últimos acontecimentos veiculados na mídia, estes programas de D&I devam ser realizados com o maior cuidado possível, a fim de conseguir alavancar de maneira não ingênua uma legítima diversidade racial no ambiente de trabalho. Neste sentido, a Pearson optou por um caminho saudável: deixar com que os funcionários que fazem parte das parcelas das populações “minorizadas” liderassem este processo de mudança. No Bold, por exemplo, desenvolvemos somente em 2020:
- Assinatura do manifesto antirracista em parceira com o instituto identidades do Brasil (IDBR);
- 4 Webinars temáticos idealizados e desenvolvidos por funcionários da Pearson, que trabalharam sobre a visibilidade da mulher negra no ambiente de trabalho, a realidade da população negra no período pós-escravidão, saúde mental da população Negra em tempos de Covid-19 e formação teórica sobre conceitos envolvidos na luta antirracista;
- Cessão de 500 licenças para nossa solução de inglês autoinstrucional “Meuinglês” para estudantes e professores da Uneafro;
- Integração da discussão sobre diversidade racial como os times Latam;
- Parceira com a EmpregueAfro, no que diz respeito ao auxílio em nossos processos de contratação;
- Cessão de matrículas da WizardOn para os funcionários da EmpregueAfro;
- Realização de uma roda de conversa, em parceria com a Aline Alves Felix (Culture, Employee Experience and Employer Branding Sr Manager da Natura&Co) e com a Patrícia Santos (CEO Fundadora EmpregueAfro), sobre os desafios enfrentados nos processos de promoção da diversidade racial no ambiente de trabalho;
- Produção de inúmeras reuniões de formação, discussão com produções de textos para nosso blog interno.
Apesar da grande lista, temos um longo caminho para trilhar até a conquista de um ambiente de trabalho racialmente saudável. Mas, acredito que é importante celebrar o que foi conquistado até aqui, pois percebo que só com muito trabalho poderemos conquistar nossos objetivos. Mas isso só foi possível devido a um apoio do departamento de RH que abraçou a ideia de D&I e deu carta branca para a realização de nossas ações e demonstrou estar aberta as nossas ideias.
Como professor de formação, muitas vezes encontramos barreiras para a discussão sobre diversidade por ser um assunto considerado “polêmico. A discussão em sala de aula ainda é complicada. Mas, liderando o Bold, como pessoa parda, tenho a percepção que construímos este espaço apenas por ser o certo, ser um direito humano básico, com o objetivo de alcançar um espaço que priorize a pluralidade.
Minha dica para as empresas que passaram a olhar esta questão só agora é: ouça seus funcionários que passam constantemente as opressões da discriminação! Eles têm muito a contribuir. Mas esta escuta precisa ser ativa, disposta a entrar em assuntos que são considerados difíceis. Precisamos dar nome ao monstro na sala: RACISMO. Se não conhecemos o problema, não conseguimos tratá-lo. Existe um tabu em se discutir o tema, mas já passou a hora de desnudarmos este problema e de fato enfrenta-lo.
Não podemos deixar que isso seja pauta apenas no dia 20 de Novembro! O tema precisa ser uma pauta diária, fazer parte da cultura da empresa. O Bold foi o espaço que a Pearson encontrou para o debate. E você, como está procurando este debate?
João Paulo Reis Soares
Editor assistente de Ciências da Natureza na Pearson