A educação que ainda não chegou ao século XXI.

Falar de transformação em uma educação que está sucateada, é extremamente complexo. Por mais que o governo entenda que o modelo atual de educação seja deficiente, é importante destacar que são os professores, os principais instrumentos de implementação de novas práticas. Em contrapartida, está a dependência de recursos para que tal transformação seja de fato realizada.

Se realizássemos uma viagem no tempo e trouxéssemos profissionais do século passado, como por exemplo, um médico cirurgião para uma sala de cirurgia do século XXI, de fato ele teria uma enorme dificuldade para exercer a sua profissão, devido ao progresso desta área. E se trouxéssemos um professor para dentro das salas de aula de hoje? Talvez ele nem percebesse a diferença, pois encontraria a mesma lousa, a mesma disposição das carteiras e a mesma maneira de aprender (o professor fala e o aluno ouve).

É fato que, nos últimos anos vivenciamos uma revolução cientifica e tecnológica histórica, que tem transformando completamente a nossa maneira de viver, conviver e se relacionar com o mundo. Tudo mudou, mas a educação parece estacionada e nós temos um desafio, afinal o que fazer para conectar a sala de aula com o mundo em que vivem hoje as nossas crianças e os nossos jovens?

É claro que esta conexão vai muito além de trazer smartphones e tablets para dentro da escola, afinal as TICS (Tecnologias da Informação e Comunicação) são apenas uma pequena parte do avanço tecnológico. Precisamos alargar as fronteiras educacionais e repensar os nossos modelos educacionais. É necessário ir além. As novas tecnologias nos proporcionam o rompimento com os paradigmas tradicionais de ensino, enfatizando a participação e a experimentação do aluno, através de interações que facilitam o processo de assimilação e construção de conhecimentos e habilidades.

“Por que limitar-se a transmitir conhecimentos se os estudantes dispõem para isto, além da imprensa escrita, inventada há mais de 500 anos, outros meios de acesso às informações? Por que não privilegiar discussões em torno de temáticas levantadas junto aos alunos? Por que não prestigiar a aquisição de mentes criativas e inquiridoras, através de debates, de resoluções de problemas extraídos da própria realidade sócio-cultural?” (BALZAN, 1999, pg. 178)

A escola deve assumir o papel de mediadora no desenvolvimento de competências, e deixar de ser apenas uma transmissora de conteúdos. É preciso estimular o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Segundo estudos do professor James Heckman, Nobel de Economia as crianças que tiveram as suas habilidades socioemocionais trabalhadas na primeira infância tem 44% mais chances de concluírem o ensino médio e 50% mais chances de ganharem salários acima de R$ 3 mil por mês.

De fato, desenvolver pessoas para construção de um mundo melhor é uma tarefa árdua, na qual precisaremos utilizar todas as ferramentas e conhecimentos disponíveis.  Afinal, é na escola que estão se formando milhares de pessoas que serão os nossos futuros decisores políticos, econômicos e sociais. É da escola que saíram pessoas que irão construir um amanhã melhor.