Empreendedorismo feminino como ferramenta de transformação social

Empreendedorismo feminino como ferramenta de transformação social

Mulheres encontram no mundo dos negócios oportunidades para ganhar visibilidade em suas áreas de atuação, mas, ainda assim, a desigualdade assusta

Para muitos, o empreendedorismo se limita a grandes empresas e projetos de sucesso. É importante ter em mente, porém, que o empreendedorismo feminino vai muito além. Isso porque, além de ter um negócio e lucrar com ele, o ato de empreender empodera e dá visibilidade para muitas mulheres no mundo todo.

É o caso da Beatriz Cricci, proprietária da BR Goods, empresa brasileira que produz cortinas e outros produtos de decoração e hoteleiro. A empresária, que hoje tem em sua cartela de clientes o Copacabana Palace e os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, começou sua empresa sozinha 2001 no quintal da casa do pai, em Indaiatuba (SP). No início, o medo de dar errado era grande, mas atualmente Cricci colhe os frutos do sucesso e tem faturado mais de R$ 6 milhões ao ano.

Histórias como essa nos fascinam, mas nem todos os casos são assim. Um levantamento divulgado em 2018 pelo Sebrae mostrou que 24 milhões de mulheres empreendem no Brasil – a maioria sem sócios –, sendo que muitas delas se tornam a principal fonte de renda da casa. A pesquisa apontou ainda que as empreendedoras brasileiras são mais jovens e possuem um nível de escolaridade 16% superior aos homens, mas, infelizmente, ganham 22% menos que eles. No ano em questão, donos de negócios alcançaram um rendimento mensal médio equivalente a R$2.344, enquanto as mulheres obtiveram um ganho médio de R$1.831.

Os números revelam a realidade de milhões de mulheres que lutam diariamente para ganhar espaço na sociedade e encontram muitas barreiras pelo caminho. Barreiras estas que envolvem uma educação desigual – 60 milhões de mulheres no mundo todo são privadas de frequentar escolas – e o próprio sexismo – 79% de todo investimento de 2017 foram feitos para equipes totalmente masculinas, sendo que um estudo divulgado pela McKinsey, apontou que empresas com mulheres em cargos de liderança tem 21% mais chances de terem desempenho financeiro acima da média.

A dupla jornada também é um fator que se destaca nesse aspecto. A pesquisa Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), revelou que 90% das entrevistadas fazem atividades domésticas, além do trabalho fora de casa. Enquanto isso, a taxa entre os homens foi de apenas 50%. Mas, o que mais impressiona nessa pesquisa, é que ainda assim, as mulheres trabalham 7,5 horas a mais do que o público masculino.

E como mudar essas estatísticas? Defendo que o poder público precisa enxergar essa realidade com outros olhos e entender que o público feminino já ocupou esse espaço, mas precisa de mais apoio para se fortalecer. Só assim, vejo que podemos começar a viabilizar ações de incentivo a esse público, criando então uma grande rede de transformação social. É um ganho para nós (mulheres), e para a economia do país.

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