Entenda como a repressão das emoções gera adoecimento psicológico

Entenda como a repressão das emoções gera adoecimento psicológico

Neste texto relato a história clínica de uma moça, paciente de Freud, que adoeceu gravemente após violenta repressão de seus sentimentos. 

Em psicanálise, a repressão é uma operação psíquica que tende a suprimir conscientemente uma ideia ou um afeto cujo conteúdo é desagradável. A repressão de um afeto pode gerar graves problemas psicológicos.

Para saber mais sobre esse assunto, continue lendo o artigo!

Caso clínico

Conta Freud que a moça um pouco antes de adoecer havia perdido seu amado pai, a quem havia dado assistência. 

Após o casamento da sua irmã mais velha, a moça demonstrou simpatia especial pelo novo cunhado, sentimento esse que podia ser tomado por afeição familiar. 

Pouco tempo depois, a irmã adoeceu e morreu, enquanto a moça e sua mãe estavam ausentes. 

Elas foram rapidamente chamadas a retornar sem ter uma informação precisa do triste acontecimento. 

Quando a moça estava se aproximando do leito da irmã falecida, ocorreu-lhe, em um breve instante, uma ideia que podia ser expressa nas seguintes palavras: “agora ele está livre e pode casar-se comigo.” 

Podemos dar como certo que tal ideia traía sua afeição familiar pelo cunhado, entendimento que ela mesma não tinha consciência e que foi entregue à repressão no instante seguinte, graças ao tumulto de seus sentimentos. 

A garota adoeceu com graves sintomas histéricos e, quando Freud a tomou em tratamento, verificou que ela havia esquecido completamente da cena em que estava junto ao leito da irmã e do feio impulso egoísta que nela se manifestou. 

Ao lembrar daquele impulso patogênico no tratamento, logo o reproduziu dando mostra de violenta emoção e, em seguida, ficou sã após o tratamento. 

Conclusão 

O casamento da irmã despertou na moça um desejo pelo cunhado que se achava em agudo contraste com os demais desejos dela, que se mostrava inconciliável com as exigências éticas e estéticas de sua personalidade. 

Desse modo, ocorreu um breve conflito intrapsíquico e, no final dessa luta interior, a ideia que aparecia antes à consciência como portadora daquele desejo incompatível, sucumbiu à repressão, sendo impelida para fora da consciência e esquecida junto com as lembranças a ela relacionadas. 

O motivo da repressão, portanto, era a incompatibilidade entre a ideia em questão e o eu do paciente. As forças repressivas que atuaram mediante ao aparecimento da ideia absurda eram reivindicações éticas da própria paciente. 

A aceitação do desejo inconciliável ou o prosseguimento do conflito geraram intenso desprazer; esse desprazer foi evitado pela repressão do sentimento, que, dessa maneira, se revelou como um dos dispositivos de proteção da personalidade psíquica da paciente.

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