Entre lições e vidas são quase 30 anos de AMOR pela EDUCAÇÃO, mas como tudo começou?

“Qual sua profissão?”

Professora! Sempre me surpreendo comigo mesma ao dar essa resposta. Resposta essa que vem sempre com um sorriso de quem carrega surpreendentes 29 anos de histórias. Mas, às vezes, paro para pensar: como isso aconteceu? Por que não digo que sou economista?

Quando era mais jovem, ser professora não passava pela minha cabeça. Eu sonhava com outras coisas… ser jogadora de vôlei, por exemplo. Mas, como dizem, o fruto não cai longe da árvore, né?! Minha mãe, que eu ajudava a corrigir pilhas de provas, e minha tia, também professora, eram exemplos de dedicação. Elas trabalhavam incansavelmente, noite adentro, criando aulas, corrigindo trabalhos, e se entregando à profissão como um ato de amor. Não havia tempo ruim. Pois é, acho que veio no DNA!

Eu via de "perto e de dentro" o esforço delas, mas não imaginava que, um dia, seria também o meu caminho. Queria o mundo dos esportes, vivia nele, mas uma torção no joelho mudou meus planos. Fui estudar economia, me inseri no mercado e, por um tempo, achei que seria esse meu destino. Até que um colega de faculdade me convidou para dar aulas de estatística na Escola Estadual Presidente Castelo Branco, uma clássica. Relutei um pouco por insegurança, mas ele acabou me convencendo. Já não vinha gostando dos estágios no Distrito Industrial de Manaus mesmo. Não tinha muita liberdade, o trabalho era extremamente burocrático, o chefe? Ah, meu primeiro chefe (tema para outro momento)... E esses foram os pretextos para aceitar. Topei o convite sem saber que, naquele momento, minha vida mudaria para sempre. É como se o destino quisesse me dar um sinal, a escola onde fui ter minha primeira experiência era a mesma onde minha mãe lecionava. Acabei me tornando colega dela. Foi ali que tudo começou.

Lembro-me perfeitamente da primeira aula: o frio na barriga, a expectativa de estar ali, à frente dos alunos, a preocupação de como fazê-los entender estatística e mais, como me convencer que podia fazer aquilo! Bem, o inesperado aconteceu. Quase matei minha mãe com a surpreendente decisão. Mas eu me encontrei! Me vi falando, explicando, e os olhos atentos dos alunos despertaram algo dentro de mim. Aquilo era mais do que um trabalho; era uma missão. Foi ali, no meio de uma explicação sobre números e probabilidades, que eu soube: estava no lugar certo. A sala de aula me conquistou, e eu nunca mais quis sair dela.

Daquela primeira experiência até hoje, passei por várias escolas, trabalhei no ensino fundamental, médio, superior e pós-graduação. Ensinei disciplinas diversas, e conheci centenas e centenas de alunos. Foram muitas jornadas, desafios e aprendizados. Vale ressaltar, que no Amazonas, houve um tempo em que o governo contratava professores de forma temporária, era um contrato especial, e isso abriu portas para mim e tantos outros. Fui atravessando essas oportunidades e cada vez mais me reconhecendo como professora.

Quase 30 anos se passaram, e o que ficou foi a certeza de que sou parte de algo maior. A educação me definiu, moldou minha identidade. Hoje, não consigo imaginar minha vida sem essa entrega diária ao conhecimento. Cada aluno, cada desafio me lembram que estar em sala de aula ou à frente de grandes projetos educacionais é fomentar o que temos de mais valioso: o poder de transformar vidas por meio do conhecimento.

E é exatamente isso que sinto: um orgulho imenso de poder contribuir com a formação de tantas pessoas, de vê-las crescer, evoluir, e saber que, de alguma forma, faço parte de suas histórias. Não há emoção maior do que essa. Ser professor é, acima de tudo, uma jornada de amor e de luta. Amor pelo outro, amor pelo saber, e, principalmente, amor pelo futuro. Luta para superar os desafios que a realidade impõe.

Por isso, especialmente hoje, quero honrar e homenagear todos os professores. Somos guerreiros, somos inspiração, e somos fundamentais.