Estar em casa!
Sempre amei estar em casa.
Amei estar em casa na minha infância, um pouco menos na adolescência quando queria estar com amigos e amigas e explorando o mundo, e agora adulta, voltei a amar estar em casa.
Talvez porque tenha nascido e crescido em um bairro onde a vizinhança era composta por várias gerações de imigrantes e amigos, onde todos os quintais das várias casas se transformavam praticamente um e a rua, não era um lugar inóspito e perigoso.
Também porque minhas referências de casa, foram moldadas passando muitas férias no interior de São Paulo, com a minha família materna, sentada em uma mini cadeira de palha e ao lado de um fogão a lenha ouvindo histórias e mais histórias da minha tia-avó.
Com cheiro de terra molhada, de café com leite ao final da tarde, de programas de rádio com música sertaneja, de cruzar e recruzar incansavelmente toda uma cidade a pé junto dos meus dois irmãos, primos e amigos explorando cada local como uma grande aventura.
Depois crescemos, estudamos, casamos, trabalhamos, passamos muitas e muitas horas em trânsito, no local de trabalho, em viagens profissionais, nos inúmeros happy hours e a casa muitas vezes, tornou-se apenas um ponto de referência para dormirmos, nos vestirmos.
Quando casados e com filhos, a casa deveria ser o local de estreitamento de laços com as crias, mas na maioria das vezes, para as crianças a casa também é apenas um ponto de referência, já que vivem muito tempo nos inúmeros cursos de línguas, esportes, em shoppings, na escola e em tantos outros lugares.
Antes, as casas térreas eram sonhadas e planejadas com cômodos grandes e imensos quintais, plantas e até os animais de estimação eram em sua maioria, cães de porte médio a grande. A lista de compras dos supermercados eram extensas, onde os suprimentos ficavam estocados em grandes despensas.
Com o passar dos anos, as casas foram se transformando em prédios verticais ou em sobrados geminados, onde em ambos tinham menos cômodos e menores, quintais menores.
As relações de trabalho também se transformaram.
Os empregos que ofereciam apenas um trabalho em troca de uma remuneração financeira e benefícios, passaram a oferecer locais deslocados, agradáveis, criando a sensação de extensão da casa, com áreas de jogos, salas de descanso, bebidas e comidas, academias e outros mimos.
Houve uma grande transformação social em todas as esferas.
"Os questionamentos mais simples são os mais profundos: Onde vais? Onde fica teu lar? O que fazes? Faz as mesmas perguntas de tempos em tempos e observa como mudam as tuas resoluções.
Richard Back"
A vida seguiu seu rumo.
Mas como toda era tem começo, meio e fim, mesmo sem estarmos preparados e de uma forma abrupta, amanhecemos com o mundo em mutação.
Como várias pessoas já mencionaram, talvez as transformações que viriam em 2 ou 5 anos, vieram em 1 e 2 meses.
Novamente uma grande mudança nas relações trabalhistas, econômicas, familiares, sociais.
Trabalho home office, aulas EAD, telemedicina, compras on line.
Empresas que sempre olharam com distanciamento e desconfiança para inovações e tecnologia, se viram sem muitas opções, tiveram que se reinventar, mudar e avançar.
Ou recuar, perder e desaparecer.
Como a própria história já mostrou, grandes organizações que resistiram as mudanças hoje são apenas referência sobre o que não fazer para serem competitivas e líderes.
De quarentena, a nossa rotina passou a ser feita dentro de casa.
Precisamos estar em casa.
E com o distanciamento social, muitas dificuldades surgiram. A convivência extensa entre familiares, filhos precisando de auxílio para se conectarem e estudarem, inúmeras reuniões on line.
Li uma matéria de que na China após o período de quarentena, ocorreu um aumento de divórcios:
"Coronavírus: após confinamento, cidade na China registra recorde em pedidos de divórcio"
E por isso, parei para refletir sobre meu tempo em casa, trabalhando, estudando, me relacionando on line com as pessoas e pensei como as várias pessoas que conheço que sempre tiveram dificuldades para estarem em suas casas, como agora seria essa permanência. E como tem sido minha permanência, pois estar em casa sem ser obrigada é bem diferente de quando é uma necessidade urgente, com tantas notícias trágicas.
Infelizmente perdi pessoas muito próximas e queridas.
Mas avançar não é uma das opções e sim a única forma de continuar e por isso, ressignifiquei meu entendimento,meu olhar.
Listei algumas sugestões, que fizeram e fazem todo sentido para mim, quando resolvi compartilhar ( aqui não quero ser piegas e muito menos simplista, mas penso que todos nós já sabemos, só precisamos lembrar e relembrar diariamente):
- Gratidão: Tenha gratidão por poder ter uma casa para estar. Poder abrigar sua família, seu trabalho, sua vida. Quantas notícias temos lido, ouvido, assistido ( pelo menos eu tenho) sobre moradores em situação de rua e várias outras pessoas que infelizmente não tem um teto sobre suas cabeças. Ou tem de forma precária e por isso, estão vivendo uma situação angustiante pelo medo da doença e por não ter condições dignas de moradia;
- Humildade: Muitas vezes nos referimos a nós mesmos como humildes (o que é totalmente diferente de situação financeira precária, ok), mas será que somos mesmo? Fui buscar o real significado no dicionário, e dando uma googada achei a melhor definição: Humildade vem do latim humilitas, e é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. Então seja humilde com as pessoas as quais você convive. Filhos, conjugês, pais, irmãos, pets (simmm);
- Autocontrole: A palavra vem de uma raiz da língua grega cujo sentido é "pegar" ou "segurar". Designa a força de uma pessoa que segura a si mesma, que se mantém no controle de si mesma. Aristóteles usou a mesma palavra para designar a capacidade de se restringir o desejo por meio da razão, de ser resoluto e estar sempre com disposição para suportar a carência natural e a dor (Extraído do livro Seja um líder de verdade);
- Comunicação: Você sabe verdadeiramente se comunicar? Quantas situações constrangedoras e ruins acontecem por não sabermos verdadeiramente nos comunicar! Não é o que você fala e sim o que o outro entende. Ouvimos muito por aí de que "eu falei isso ou aquilo e se fulano entendeu outra coisa, é problema dele". Será? Aqui cabe bem a humildade. Tentar se colocar no lugar do outro, dialogar e não monologar, não falar gritando, ouvir mais do que falar, não se antecipar na resposta antes da pessoa terminar de falar. No ambiente de trabalho, lembrar de que mensagens e e-mails não tem som e rosto, por isto, muitas vezes o cuidado com as palavras;
- Perdão: Não gostei da atitude da outra pessoa? Comunique a ela com humildade e autocontrole. Muitas vezes nós também fazemos e falamos coisas e nem nos damos conta de como ofendemos ou machucamos a outra pessoa. Seja humilde, reconheça e volte atrás. Outro dia assistindo uma live de uma excelente psicóloga, ela citou o fato de que devemos pedir perdão e não desculpas. Desculpar na semântica das palavras é o ato de pedirmos ao outro que tire nossa culpa. E quem pode tirar a nossa culpa? Não dá. Já o perdão, vem do termo grego que significa deixar ir. Perdão significa passar pela dor. Não tiramos a culpa de quem fez algo, mas sim passamos por aquilo e seguimos em frente. Também não é esquecer e sim aquele sentimento não causar mais dor;
- Finalmente Amor: O amor ao qual me refiro aqui não é um sentimento, uma emoção, uma paixão e sim uma ação. É a doação do meu ser a outrem em forma de auxílio e beneficiência. Falo de uma disposição de mente, um ato de vontade de doação em fazer pelo outro o que eu gostaria que fizessem a mim. Quando eu me preocupo com o bem estar do outro, é um ato de amor. Quando fico incomodada com a necessidade do outro e faço algo para mudar isso, estou fazendo um ato de amor.
Também faz muito bem:
Limpe gavetas e armários, tire roupas e itens que não usa, cultive plantas, reveja hábitos de alimentação e de cuidados pessoais, se interesse verdadeiramente pelas pessoas, lembre-se de que somos finitos por aqui e que tudo passa tão rápido, então pra que ficar remoendo tantas coisas?
Precisando de ajuda profissional não hesite em buscar. Vários profissionais tem se disposto a oferecer ajuda e muitas vezes de forma gratuita ou com preços acessíveis.
Como mencionei, não tenho a menor intenção de tornar o nosso período de confinamento, simplista ou fácil, mas sim lembrar de que talvez temos tantas coisas a agradecer, a repensarmos nossos valores, nossa caminhada, olharmos para tudo isto com outro olhos.
Continuo insistindo que é necessário deixarmos a bagagem mais leve, a jornada mais tranquila.
Caiu, se levante. Parou, continue. Não cobre tanto de si e nem dos outros.
Cada um tem uma história, um passado, com facilidades ou dificuldades ímpares, portanto saia da armadilha de comparar sua vida, suas conquistas, com a dos outros, não faça isso com você.
Olhe para si com carinho, com perdão, com cuidado, com amor.
Você é único ou única. Com suas limitações e capacidades humanas.
Assim, você conseguirá cobrar menos dos outros e ser mais feliz.
Espero que ajude, fique bem!
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Analista Financeiro | Assistente Financeiro | Contas a Pagar e Receber | Administrativo Financeiro
4 aQue texto lindo Cat! Me deixou emocionada