EXISTE TRATAMENTO MODERNO PARA AS ÚLCERAS VENOSAS?
As úlceras vasculares estão presentes em uma parcela considerável da população brasileira portadora de comprometimento do sistema circulatório. Na maioria das vezes de origem venosa, as úlceras podem apresentar etiologia multifatorial e componentes mistos, envolvendo alterações provenientes do sistema arterial, do sistema venoso e dos nervos periféricos. Por sua complexidade e dificuldade de cicatrização, o tratamento das úlceras vasculares representam um problema de saúde pública e um desafio para o cirurgião vascular.
Além do aspecto fisiopatológico, o prejuízo na qualidade de vida é incontestável. Consequência imediata da insuficiência por tempo prolongado da veia safena, a úlcera venosa limita a deambulação do paciente, prejudica sua atividade diária, dificulta seu desempenho laboral e resulta em importante comprometimento estético. Muitas vezes, o paciente portador de úlcera venosa pode ser vítima de discriminação social devido a exsudação proveniente da úlcera ativa e de seu odor característico.
A adequada avaliação do sistema venoso superficial e profundo com ultrassom Doppler representa o primeiro passo no tratamento da úlcera venosa. Na presença de refluxo ou insuficiência completa da veia safena e das veias perfurantes, as técnicas termoablativas como Radiofrequência e Endolaser são de extrema valia na oclusão venosa e eliminação da hipertensão venosa crônica, que representa a base fisiopatológica da úlcera em atividade.
O segundo passo consiste na instituição de terapia compressiva individualizada. Técnicas compressivas elásticas e inelásticas são importantes na redução do edema venoso, no bombeamento do fluxo sanguíneo em direção ao coração e na cicatrização da ferida. Botas de Unna, meias elásticas de compressão graduada e terapias compressivas modernas como o sistema Circaid constituem opções favoráveis para a cicatrização da úlcera.
Por fim, o uso de matriz dérmica de regeneração representa um relevante progresso no tratamento da úlcera venosa. Tecnicamente seguro e eficaz, as matrizes dérmicas compostas por colágeno aderem ao tecido original com o auxílio do sistema de curativo à vácuo, estimulando a formação de uma neoderme pelo organismo, a partir da ativação de células inflamatórias e cicatriciais, como fibroblastos, macrófagos, linfócitos e células endoteliais capilares. Estudos já demonstraram o benefício do uso das matrizes de regeneração no tratamento da úlcera venosa, com menor tempo de cicatrização tecidual.