Gestão do Conhecimento

Gestão do Conhecimento

Na relação da gestão do conhecimento organizacional, a questão emergente é como gerenciar algo a que não se pode obrigar sua aquisição. O conhecimento só se recebe voluntariamente, não é possível impô-lo. Na questão pessoal, é preciso entender que a busca por conhecimento deve ser multidisciplinar. A fertilidade gerada por um conhecimento diverso é sinérgica, exponencial, ratificando o que diz o professor Snowden que sempre se sabe mais do que é possível dizer; e sempre se diz mais do que é possível escrever. 

 

Nada nos parece mais moderno na empresa de hoje que a gestão do conhecimento e este, por sua vez, começa na aptidão de cada um de nós para aprender. Existem quatro estágios ou níveis de aprendizagem: o estágio da ignorância, da consciência, da arrogância e o da sabedoria. O primeiro estágio, o da ignorância, é aquele em que eu não sei e não sei que não sei. Complicado? Nem um pouco. Vamos exemplificar com a criança que ainda não sabe andar. Não sabe porque ainda não aprendeu, mas, sentada no chão da sala, ela observa que os adultos a sua volta levantam-se sem esforço do sofá e saem caminhando. Como ela não tem consciência de que não sabe andar, ela tenta se levantar e, ao fazê-lo, cai. 

 

Ela é inconscientemente ignorante. Ao tentar várias vezes, caindo e se machucando, ela começa a perceber que aquele ato que parece tão fácil aos adultos não é do seu domínio. Nesse exato momento, começa a entrar no segundo estágio, começa a ter a consciência de sua ignorância, pois agora ela sabe que não sabe andar. Esse é o passo mais importante no processo de aprendizagem: quando assumimos que não sabemos, nos abrimos para a aprendizagem. É quando a criança começa a escorar-se nos sofás, mesas e móveis da casa para ficar de pé e começa a dar seus primeiros passos rumo ao equilíbrio. Agarra-se às nossas pernas e caminha junto, de mãos dadas.

 

De repente, como que num passe de mágica, a criança se percebe andando só, sem ajuda de ninguém. Fica orgulhosa, mostra a todos sua proeza, com o narizinho empinado, pois agora ela sabe e, mais importante, ela sabe que sabe. Esse é o estágio mais perigoso do aprendizado. Ao supervalorizarmos o que sabemos, somos levados à soberba e à arrogância, não compartilhamos o que aprendemos, nos sentimos superiores e, o pior, corremos o risco de parar de aprender, o que nos levará novamente ao estágio da ignorância já que o saber não renovado é cada vez mais perecível.

 

Finalmente, a criança, como qualquer adulto, tem no seu ato de andar, algo cotidiano, rotineiro: anda, corre, dança e tudo isso é absolutamente normal. Ela acaba de atingir o quarto estágio: ela sabe e não tem a menor importância que ela sabe. É o conhecimento aplicado à vida. É – como disse no artigo anterior – a sabedoria, quando todo o conhecimento é aplicado para melhorar a minha vida, a vida dos meus familiares, amigos... Para a produtividade de nossas organizações, também podemos aplicar os estágios da aprendizagem. A vida toda estaremos, para cada tema ou situação especifica, em um dos estágios acima. O atalho para aprender novas ideias é admitir o que não sabemos para, imediatamente, ir ao aprendizado. 


Francisco Correa

Administrador | ME - Ministerio da Economia

1 a

👏👏👏

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