Governança corporativa e escândalos financeiros: onde está o erro?
O que as denúncias envolvendo empresas como Americanas e Banco Itaú nos ensinam? Será que organizações desse porte não possuem compliance ou auditorias internas? Ou será que seus modelos de governança não estavam adequados? Como essas irregularidades puderam ocorrer por tanto tempo sem serem detectadas?
Tanto a Americanas quanto o Banco Itaú possuem departamentos de compliance e auditoria interna, além de práticas alinhadas aos requisitos de governança corporativa, como Conselhos de Administração e auditorias externas. No entanto, essas estruturas, aparentemente robustas, falharam em prevenir ou mitigar práticas ilícitas. O que pode ter dado errado?
Mais do que discutir os mecanismos utilizados por executivos mal-intencionados, é fundamental analisar o que permite que essas práticas se perpetuem. Importante compreender que a governança corporativa, por si só, não é um fim, mas um meio. Assim, antes mesmo de questionarmos se o modelo de governança de uma empresa está adequado, devemos perguntar: quais interesses o modelo de governança defende?
Quanto mais restrita for a resposta, maior será o risco para a empresa, pois a governança será moldada por interesses limitados, deixando brechas que comprometem a sua efetividade e sustentabilidade.
Governanças desconectadas: problema e impacto
Modelos de governança desconectados, voltados exclusivamente para o atendimento de interesses de curto prazo, frequentemente geram impactos adversos. Governanças voltadas apenas para compliance ou cumprimento de normas não conseguem traduzir os objetivos estratégicos da empresa em ações que agreguem valor sustentável. Quando o foco está restrito a um grupo específico, outros stakeholders acabam negligenciados, resultando em insatisfação e perda de confiança.
O impacto dessas falhas é significativo:
Os casos das Americanas e Itaú exemplificam como sistemas de governança sem propósito claro podem permitir irregularidades, mesmo em empresas que cumprem os requisitos formais. A desconexão entre governança e criação de valor amplia os riscos e fragiliza a resiliência organizacional.
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A Governança por Valor como resposta
A Governança por Valor transcende a conformidade com processos, buscando alinhar as decisões empresariais aos interesses das partes interessadas e avaliando o propósito e os impactos dessas escolhas. Essa abordagem cria um mecanismo que não apenas detecta irregularidades, mas também dá sentido às decisões corporativas, considerando seus efeitos na cadeia de valor:
Ao transformar a governança corporativa em um modelo centrado no propósito e no impacto, a Governança por Valor cria barreiras naturais contra irregularidades, promovendo transparência, confiança e sustentabilidade.
Conclusão
A Governança por Valor redefine o papel da governança corporativa, ampliando seu alcance para além do cumprimento de normas e regras. Em um cenário onde práticas ilícitas colocam em xeque a credibilidade de grandes organizações, essa abordagem atua como uma força transformadora. Ela não apenas coíbe irregularidades, mas também estabelece uma nova lógica para a gestão empresarial: cada decisão deve criar valor tangível e sustentável para todas as partes interessadas.
Empresas que adotam a Governança por Valor estão mais preparadas para enfrentar desafios em um ambiente cada vez mais complexo e dinâmico. Ao conectar decisões estratégicas aos interesses legítimos das partes interessadas, ela cria um modelo de negócio resiliente, ético e competitivo.
A Governança por Valor é um compromisso com o futuro. Trata-se de uma governança que não busca apenas atender aos interesses de hoje, mas pavimentar o caminho para uma geração de valor perene e compartilhada, onde a confiança e a sustentabilidade são pilares inegociáveis.