Jogos políticos

“Eleitor Go”. Está aberta a temporada de caça ao eleitor. A classe política nacional está desacreditada. Basta acompanhar os comentários jocosos, desconfiados, cheios de desalento e rancor por parte dos cidadãos. Para piorar o quadro, todos os candidatos, a seu modo, falam de mudança, ética, justiça, dignidade, nova política... Alguns, surfam na onda do descrédito geral para fazer acreditar que nenhum dos que agora estão no exercício do poder serve para continuar na função.

A turma ou não sabe ou se esqueceu de que mandato eletivo é um serviço que se presta ao povo eleitor. Por isso, não entendo como os que nem experiência tem podem simplesmente igualar a todos na vala comum e se oferecerem como saída viável e saudável. Os partidos, amiúde, não se pautam por ideologias nem por programas, ainda que registrados (!) em cartório; deixam-se conduzir pelas conveniências da hora.

Não à toa, em muitas cidades há coligações entre partidos que frequentam o noticiário da corrupção que conspurca o país e as suas instituições democráticas. Pior para os que gritam “golpe” no processo de impedimento da presidente da república diante das câmeras e silenciam diante das “coligações” nas “bases” eleitorais.

Neste cenário, o eleitor procura um candidato de nome conhecido ou que considere bom, mas ignora o partido ao qual está vinculado. Seria possível votar numa pessoa considerada boa, mas filiada ao partido político cujo programa é incoerente com as suas convicções pessoais?

Há um clima tóxico no país. As pessoas se combatem ao invés de debater ideias; esquecem-se de que conviverão depois. A vida pública carece de homens e mulheres. Urge arejamento nas instituições com funções representativo-eletivas.

A estrutura política está saturada. Quando os legisladores estabelecem novas regras, tudo parece piorar um pouco para ficar do jeito de sempre e eles possam usufruir de benesses cada vez mais escandalosas num país social e historicamente injusto.

A arte política parece atuada por gente esperta e não experta, infelizmente. O atual sistema corrompido reclama reformas. O povo acredita que o Ministério Público e boa parte do judiciário, atuando de modo aparentemente independente de poderes políticos e econômicos, propiciará um futuro menos deletério para a nação.

Faz alguns anos a CNBB divulgou a campanha “voto não tem preço, tem consequência”. A cada nova eleição, o círculo vicioso se manifesta. As atuações políticas são pautadas pelo que dá voto, é visível, resolve um problema urgente ou pontual, mas mantém as coisas malparadas.

A Olimpíada Rio 2016 termina hoje. Seria possível destacar os extremos do que deu certo e do que não deu; seria interessante destacar a má-educação da torcida nacional em alguns esportes que exigiam silêncio e concentração; seria oportuno destacar a falta de previsibilidade e planejamentos; poder-se-ia ufanisticamente comentar sobre a abertura com seus sons e cores; poder-se-ia declinar uma porção de pontos...

Pelo espaço disponível e pela incompetência de quem escreve, faz-se somente uma especulação. Os jogos olímpicos findam, o país continua. A “nossa pátria mãe tão distraída” nesses dias, acordará amanhã com o noticiário dividido pelo mau-cheiro das “tenebrosas transações” do mundo político-econômico. As torcidas continuarão gritando em hora imprópria e elevando aos altares, pelo simples motivo de serem dos seus, aqueles que não têm méritos suficientes para tal.

É de se esperar que os políticos cristãos atuem como cristãos que professam ser. Se estes não derem o suficiente exemplo de honra e dignidade, então, de fato, não se terá mais a quem recorrer nem de onde esperar. Reflexão e celebração, olhos abertos e atentos. Os jogos políticos estão no ar.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

Publicado no Jornal O Imparcial, Presidente Prudente, 21/8/2016

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