Líder: foco na vulnerabilidade ou na autoestima
No ambiente empresarial de hoje, de forte instabilidade emocional, as “conexões” são inúmeras, mas superficiais.
Nesse contexto (leia-me sem brigar comigo), parte do Brasil corporativo vive uma onda em que vulnerabilidade é a palavra-chave.
A pergunta é: estamos tratando a causa ou o sintoma?
A resposta requer diferentes níveis de análise, a exemplo de:
(i) foco na obtenção de resultados de curto prazo vs. longo prazo;
(ii) uso de técnicas de compartilhamento dos medos e das dores vs. conexões superficiais;
(iii) impaciência de jovens executivos em escalar a hierarquia vs. busca do significado do seu trabalho; e por aí vai.
Não existe dúvida de que os ambientes mais abertos a lidar com sentimentos do indivíduo e das equipes, assim como com as citadas vulnerabilidades, apresentam inúmeras vantagens, entre elas as bases para aumentar a relação de confiança, que diminui a pressão do curto prazo no dia a dia da empresa.
É relativamente simples criar condições para que uma pessoa abra seu coração, sua alma e sinta-se aliviada. A pergunta que fica é: e depois disso? O momento de alívio, de compartilhamento das vulnerabilidades, de acolhimento, é acalentador, mas insuficiente quando não há espaço para reconhecer e tratar as causas reais.
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Muitas pessoas têm se aventurado a lidar com as emoções do outro, mas entenda: o bom senso é valioso, porém não basta. É preciso ter formação técnica sólida para identificar corretamente os sintomas e as causas das doenças da alma.
Se uma infecção gera febre alta, trata-se a febre, sem dúvida, mas também a infecção. Uma das principais causas das doenças da alma é a baixa autoestima, pouco cuidada no ambiente corporativo.
A autoestima é um poderoso antídoto da ansiedade, da angústia, do medo, que hoje estão nos píncaros nas empresas! Entre outras doenças frequentes, estão a síndrome do impostor, a dificuldade de dormir, o alto grau de sofrimento.
Problemas de autoestima devem ser abordados por meio de processos de “autoconhecimento” e da “ação”: o fazer bem feito e o reconhecimento do que é realizado geram um círculo virtuoso e permitem o tratamento da causa da “febre” que desestabiliza o indivíduo e, com isso, o ambiente organizacional.
É fundamental destacar que o reconhecimento verdadeiro, ainda raro no mundo corporativo, precisa ter bases concretas e reais, caso contrário funciona como bumerangue.
Reconhecer somente para aliviar a pressão é “dar um tiro no pé”. Vulnerabilidade, erros, gaps e imperfeições sempre existirão, e reconhecer isso é sinal de maturidade emocional.
A grande diferença está no fato de que a autoestima em bom grau (atenção, o excesso vira arrogância!) contribui para que o indivíduo trate de seus problemas e dos problemas dos outros de modo natural, como algo que faz parte da vida como ela é. Suas próprias imperfeições não precisam gerar sofrimento.
Aliás, como diz Carlos Drummond de Andrade em uma das suas lapidares frases: “A dor é inevitável, o sofrimento é opcional”
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9 mExcelente reflexão, Betânia! Concordo que a vulnerabilidade e a autoestima são duas faces da mesma moeda na liderança. A capacidade de reconhecer as nossas fraquezas e, ao mesmo tempo, manter uma autoestima saudável é fundamental para inspirar e guiar a nossa equipe. Obrigado por compartilhar!
Negócios & Estratégia em Meios de Pagamento
9 mExcelente reflexão, Betânia!
Consultora em Desenvolvimento Organizacional e Humano
9 mExcelente reflexão, Betânia!
Sócia Fundadora - Conselheira da Reggiani Hunting Consultores Associados - Executive Search
9 mExcelente, seu texto, Betania! Vem ao encontro das preocupações que tenho ao conviver com o mundo corporativo. Tem muita gente tratando da febre e se esquecendo da doença, muitas vezes porque se aventura a cuidar das emoções do outro, sem o devido preparo para tal. Outro ponto relevante no seu artigo é a questão da autoestima. Uma autoestima bem trabalhada leva a resultados positivos, tanto no âmbito pessoal, como no profissional.
Executiva de Recursos Humanos| Diretora de Recursos Humanos Interina| Foco em Desenvolvimento de Talento, Cultura e Expansão Internacional.
9 mMuito bem pontuado. Às vezes, usamos palavras que acabam virando clichês, como vulnerabilidade, empoderamento, protagonismo, e deixamos de entender exatamente por que o ser humano precisa delas. No final, é sempre mais fácil, e cômodo, jogar os problemas para uma causa genérica do que entender que cada um de nós temos uma responsabilidade primeira, que é de se entender e se gerenciar, antes de entender e gerenciar os demais.