Liderando Mudanças – 3 lições da pandemia

Liderando Mudanças – 3 lições da pandemia

Há quase 7 anos eu me concentro em entender quais são as melhores práticas para melhorar negócios e pessoas. Eu já me dirigi a diversas abordagens e diferentes trilhas. Em todas elas, uma coisa em comum: a necessidade de MUDANÇAS.

Quando eu comecei meus estudos nessa área estratégica, ainda antes de me tornar Consultora, e bem antes de me tornar Master Coach, eu rapidamente compreendi que era preciso INCENTIVAR A MUDANÇA, e me dediquei a criar uma CULTURA DE MUDANÇAS, na qual o lema deve ser “MUDAR É BOM”.

É impressionante como apenas mudar o ponto de vista do cliente de consultoria sobre perdas e ganhos gerados por uma mudança pode alterar completamente o destino de uma empresa, de suas carreiras individuais como executivos, e como pessoas.

Afinal, quando uma mudança é bem-vinda, e bem liderada (não só gerenciada), e afasta-se o MEDO DA PERDA que decorre de toda e qualquer mudança, você passa a ter à sua frente um LÍDER SEGURO, confiante, com visão de futuro clara, e capaz de engajar seu time na direção dos objetivos da empresa.

E eis que antes da pandemia Covid-19, cada empresa e cada líder lutava com seus leões abrigados pelas quatro paredes que sempre protegeram a INTIMIDADE EMPRESARIAL: nossos erros e acertos, em sua maioria, não podiam ser (ou simplesmente não eram) compartilhados com o mercado e com o consumidor.

É como se até hoje soubéssemos que estávamos em um mundo globalizado, em um ambiente complexo, mas ainda tínhamos uma LUTA INTERNA nas empresas sobre como liderar mudanças, como inovar, como tratar a nossa gente e qual postura adotar diante das ambiguidades e incertezas de um novo tempo.

Não teve jeito. Cada líder e cada colaborador precisou SAIR DO CONFORTO de suas quatro paredes organizacionais para debater e dialogar com o mundo lá fora, liderar suas equipes remotamente, e fazer o seu trabalho de um jeito todo novo. Ainda estamos aprendendo e considero prematuro falar sobre esse “NOVO NORMAL”.

Mas já podemos extrair alguns aprendizados desse período, e penso se minhas observações e aprendizados nesse momento não poderiam – assim como os dilemas organizacionais – ser compartilhados e abertos. Que lugar melhor, senão aqui mesmo?

LIDERANDO MUDANÇAS – 3 LIÇÕES DA PANDEMIA:

1) O LÍDER NA FRENTE

Nunca quisemos tanto ver as “caras” daqueles que representam as marcas que consumimos. Nunca valorizamos tanto conhecer os valores e a missão de uma empresa, entender como ela lida com adversidades, com seu capital humano e como ela se comunica e se relaciona.

Queremos saber quem é quem, o que faz, para que veio.

Em tempos de crise, especialmente, o líder deve tomar à frente, ASSUMIR o comando e assegurar sua tripulação de que o barco não está à deriva, de que continuamos navegando e que, muito embora alguns ajustes sejam necessários para corrigir a rota, sabemos para onde estamos indo.

Como consultora organizacional eu conheci muitos líderes, passei a entender como eles pensam e ajudo-os a agir de uma forma mais ESTRATÉGICA, com visão clara e com um propósito definido.

Já vi muitos líderes com receio de tomar à frente, uns porque não gostam de grandes públicos, outros porque temem expor suas fraquezas, outros ainda porque simplesmente não gostam. MAS ESSE NÃO É O PAPEL DO LÍDER.

Independente do seu estilo de liderança, a pandemia está nos dando aula sobre técnicas que funcionam (liderança positiva, inspiracional, comprometida) e que não funcionam (micro gerenciamento, falta de inteligência emocional, comunicação falha ou insuficiente) em um processo de MUDANÇA. E liderar mudanças, seja para retomar a empresa na pós pandemia, seja para fazê-la sobreviver agora, vai depender de você se colocar à frente dos seus – do negócio, da estratégia, da marca, da sua gente. Não dá para não se comprometer com isso.

2) FEEDBACK RÁPIDO

Em toda a minha carreira como Coach Executiva, nunca conheci uma ferramenta mais eficaz do que o "FEEDBACK". Mesmo quando atuo com clientes seniores e experientes, faço questão de repassá-la, mesmo que por apenas um encontro.

O maior PROBLEMA do feedback é que todos conhecem, mas a maioria aplica errado. E o curioso é que quanto mais experiente é o líder, menos paciência ele tem para conduzir ou para receber um feedback. Ou muitas vezes não sabe mesmo.

A DIFICULDADE do feedback é técnica: ela é uma ferramenta de passo a passo. Existe uma ordem que deve ser respeitada, um processo natural, não dá para pular etapas, não dá para “enganar” aquele que o recebe. É aqui que a coisa enrosca: quanto mais experiente o líder, mais ele arrogantemente sente que não precisa cumprir todos os passos e rigores da técnica.

Uma das características de um feedback eficaz é que ele seja RÁPIDO. Note: não precisa ser imediato, e não precisa terminar logo, mas precisa ser ÁGIL. Precisa ser aplicado no “primeiro momento que for possível”.

Só que falar é fácil. E vem a pandemia para nos expor a inúmeras situações onde precisamos ser ágeis, e nessa agilidade toda podemos ter a tendência de não falar o que nos incomodou, até por eventualmente nos sentirmos protegidos pelo trabalho remoto.

O problema é que o que te incomodou – e precisava de CORREÇÃO do líder – não se resolve quando se desliga o call. Como você  já sabe, o problema volta a acontecer.

A crise cobra do líder uma resposta rápida, bem pensada e estruturada, mas ágil. Esse é o "timming" correto do feedback. Se trata de PRÁTICA: quanto mais você faz, mais fica natural.

A melhor parte do feedback rápido é que você fica aliviado e não precisa ficar remoendo aquele sentimento negativo (geralmente uma raiva danada). Ao falar, você fortalece sua opinião, realça sua autoridade e cumpre seu papel de líder (afinal, não é apenas sua prerrogativa, como dever).

3) RESILIÊNCIA (FORÇA E FLEXIBILIDADE)

Sempre que eu penso em LIDERANÇA RESILIENTE, penso na força que precisamos ter. Às vezes, força externa, quase física, geralmente relacionada a PODER E AUTORIDADE, capacidade de ser obedecido, de conduzir o time aos seus objetivos e planos traçados.

Às vezes, FORÇA INTERNA, e aqui me refiro àquela motivação intrínseca, que nem sempre te acompanha quando você se levanta da cama de manhã, mas que você consegue criar, lutando contra seus impulsos, em favor de um trabalho responsável que você assumiu e que conta com você.

Mas só força não funciona mais, desde que o mundo se globalizou, se tornou mais COMPETITIVO, e os colaboradores passaram a buscar “realização profissional”, e não mais apenas um “emprego”. Não é fácil liderar em tempos colaborativos. Às vezes, ninguém quer fazer o que você pede, eu sei como é.

Meus clientes de consultoria já me confessaram diversas vezes que eles já pensaram em como devia ser bom nos tempos mais antigos – e autoritários – em que o “chefe” mandava fazer, e podia ir para casa tranquilo, pois o trabalho seria feito. Esses clientes falam de uma época na qual os objetivos das pessoas era entrar em uma empresa e nela ficar para sempre, até a aposentadoria. Tempos nos quais, na verdade, não nos era exigido liderança, mas MERO GERENCIAMENTO – isso é outra coisa.

E em tempos modernos, líquidos, VUCA, pandêmicos, liderar precisa mais do que força: precisa também de FLEXIBILIDADE.

Isso não soa um pouco confuso para você?

É por isso que liderar é uma arte, e requer muita HABILIDADE: é preciso ser forte e flexível AO MESMO TEMPO. Quanto de cada? Até existe a regra do 80/20, que pode ser aplicável ao tentar quantificar um volume de força e de flexibilidade na atividade de liderança. A verdade? Na sua prática, só você vai saber.

Esse “timming” de saber o momento certo para um e outro é que faz um líder ser amado ou odiado, seguido ou isolado, e consequentemente, bem sucedido na liderança ou um completo fracasso.

E quando melhor para falar de RESILIÊNCIA, senão em tempos de MUDANÇA, em tempos de crise, em tempos de pandemia? Cada um de nós tem seus momentos de força e seus momentos de flexibilidade. E cada um de nós está dando seu melhor para encontrar o equilíbrio correto entre os dois.

LIDERAR MUDANÇAS É UM DESAFIO

Sempre foi desafiador conduzir uma estratégia de mudança.

Todo processo de mudança tem, além de seus desafios, suas OPORTUNIDADES. Quais oportunidades, você, como líder, está conseguindo ver? De que modo você tem comunicado essa visão para o seu time? E que outras lições estamos extraindo dessa pandemia?

Compartilho aqui minhas reflexões e deixo à vontade aqueles que quiserem, também, compartilhar as suas.

Grande abraço e fiquem bem!

Luciana Figueiredo

Instagram: @lu_figueiredo_

E-mail: lu.lucianafigueiredo@gmail.com

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