#Semana04 - Dilemas e angústias da liderança média - Ética - Cap. 01 - Parte 02 - Confira: Vídeo-aula e Resumo da Semana
Você já sofreu tentando tomar uma decisão entre fazer o que foi pedido e colocar em risco a sua integridade, ou não fazer, mas manter a consciência tranquila, apesar das consequências?
Conforme eu já antecipei nos artigos anteriores (veja o da semana passada aqui), esse tema é duro e incomoda, mas certamente nos faz pensar. Esta é a continuação do artigo anterior, e aqui falarei ainda sobre a ética, mas - lhe asseguro - não do lugar comum. Meu objetivo é levar a questão da ética para o respeito, a justiça e o sofrimento pelo trabalho, que são temas muito mais profundos, mantendo sempre o viés acadêmico de escrita e pesquisa. Te convido a explorar a temática junto comigo nas próximas linhas.
No artigo anterior entendemos a problemática ética pelo começo, desafiamos o senso ético do leitor e procuramos caminhos nessa terra de espinhos. Nós falamos de ética como um apelo ao respeito e à justiça. Coordenar estes conceitos faz sentido à luz da obra de Terezinha Azerêdo Rios, quando ela explica:
“O respeito é princípio nuclear da ética – dele decorrem os outros. Respeitar implica, em primeiro lugar, em sua humanidade. Para respeitar alguém, é preciso, antes de mais nada, que se admita que ele existe, que se reconheça a sua existência. Parece algo simples, mas que guarda, na verdade, grande complexidade. (...) Justiça é igualdade na diferença. Somos diferentes, homens e mulheres, adultos e crianças, cristãos e muçulmanos. Mas somos iguais em direitos, iguais no direito de ter direitos, de criar direitos. Somos, portanto, diferentes e iguais. O contrário de igual não é diferente. É desigual, e tem uma conotação social e política. (...)”
Se você preferir ver o conteúdo deste artigo em formato de vídeo, conheça meu Canal Luciana Figueiredo Desenvolvimento Humano no Youtube:
No sentido de procurar entender o conceito da ética em nossa prática profissional, trazendo o tema do alto de sua teorização, para os corredores organizacionais, vale lembrar que em um mundo de constantes transformações e ambiguidades, a ética passa a ser uma preocupação de ainda maior relevo para as empresas. Rios observa que “é preciso estarmos atentos para o fato de que, muitas vezes, o apelo à ética se faz apenas no discurso e está ausente na prática das relações cotidianas. Daí a necessidade de fazermos constantemente o exercício da reflexão crítica, característica da filosofia, para identificar os limites e explorar as possibilidades de uma efetiva presença de ética.”
O apelo à ética se faz apenas no discurso e está ausente na prática das relações cotidianas.
Eis um ponto importantíssimo e que pode, desde já, representar um dos maiores dilemas dos líderes em suas empresas: notar que a ética não ultrapassa a fronteira do discurso, e que é usada para “fazer bonito” nas apresentações institucionais e nas promessas comerciais, mas que nem sempre é vista pelos corredores das organizações. Este é um problema grave, e de solução complicada.
Esse também é um tema abordado cuidadosamente por outros autores que buscam nos ajudar nesse enfrentamento da questão do que é a realidade versus o que deveria ser a realidade. Cortella procura nos socorrer, com sutileza, com o reconhecimento do dilema ético e o levantamento da questão da seguinte forma: “Nós vivemos muitas vezes dilemas éticos. Há coisas que eu quero, mas não devo. Há coisas que eu devo, mas não quero. Quando você tem paz de espírito? Quando tem um pouco de felicidade? Quando aquilo que você quer é o que você deve e que você pode. Todas as vezes que aquilo que você quer não é aquilo que você deve; todas as vezes que aquilo que você pode não é o que você quer, você vive um conflito, que muitas vezes é um dilema”.
Mas, e quando aquilo que você quer e acha que pode, não é o mesmo que a sua empresa espera que você faça?
Mas, e quando aquilo que você quer e acha que pode, não é o mesmo que a sua empresa espera que você faça? Esse pode ser um dilema profundo e doloroso para um gestor. Um líder se vê diante de cenários que verdadeiramente lhe colocam os critérios éticos à prova. Fazer o que lhe foi ordenado e colocar em risco a empregabilidade? Ou não fazer e manter a consciência tranquila e a integridade, apesar das circunstâncias?
Segundo Cortella, e a ele nós somos partidários, “uma empresa para trazer a ética para o dia a dia precisa manter vivas essas questões entre seus funcionários, fomentando a reflexão e o comportamento crítico.”
Veja o Vídeo-aula completo aqui:
Fábio de Biazzi, em “Lições essenciais sobre liderança e comportamento organizacional” assume com propriedade que “uma atuação consistentemente ética em uma organização é fruto das ações de seus executivos e de políticas que conjuntamente formem uma ‘estratégia de integridade’, direcionando as atitudes de todos e apontando claramente as consequências de se agir em desacordo com os princípios éticos.” Para fortalecer o argumento e oferecer sustentação à inferência, Biazzi faz menção à teoria dos oito princípios básicos de ética e conduta, de Lynn Paine, Rohit Despandé, Joshua Margolis e Kim Bettcher, que consideramos extremamente interessante para também dar peso ao nosso estudo.
Os oito princípios básicos de ética e conduta mencionados no parágrafo anterior são os seguintes: (1) princípio fiduciário: agir no melhor interesse da empresa e de seus investidores; (2) princípio de propriedade: fazer uso responsável da propriedade, vetando o roubo, apropriação indébita, apropriação indevida de propriedade intelectual; (3) princípio de confiabilidade: manter promessas, acordos e outros compromissos e não permitir a fraude; (4) princípio da transparência: condução dos negócios de maneira honesta e aberta; (5) princípio da dignidade: zelar pela segurança das pessoas, assim como pela proteção de sua saúde, privacidade, dignidade humana e respeito aos direitos fundamentais; (6) princípio da lisura: agir de forma imparcial com todas as partes, competição justa, sem tratamento preferencial ou arbitrário; (7) princípio da cidadania: atuar como membros da comunidade, respeitando regulamentos e a ordem comum, e fazendo contribuições cívicas; (8) princípio da receptividade: responder às reinvindicações legítimas dos outros com prontidão e compreensão.
No final do dia, quanto mais nos aprofundamos, mais percebemos que a decisão do gestor, frente a um dilema de natureza ética, será (e deverá ser) sempre no âmbito individual. Os dilemas sempre existirão, e será menos difícil (porque, ainda assim, reconhecemos que estará longe de se tornar fácil) enfrentá-los com sabedoria quando nossos princípios individuais de integridade e ética forem cada vez mais sólidos.
A decisão do gestor, frente a um dilema de natureza ética, será (e deverá ser) sempre no âmbito individual.
Trabalho não é sofrimento, mas fonte de sublimação
Se trabalhar é sofrimento, punição ou expiação, então aquele que oferece trabalho não passa de um algoz. Como pode viver o líder imaginando que tal afirmação seja verdadeira? Quando o gestor delega uma nova tarefa ou responsabilidade, ainda que sabendo o quanto pode ser válida aquela tarefa para o desenvolvimento do indivíduo, estaria ele oferecendo não mais do que sofrimento e amargura?
Do lado oposto, o liderado, por consequência, assumiria tal trabalho com ressentimento e dor? A cada nova oportunidade de desenvolvimento, estaria o colaborador a nutrir sentimentos negativos por seu gestor?
E como ficam, neste cenário, os critérios éticos?
E como ficam, neste cenário, os critérios éticos? Porque, se estamos assumindo que a ética é também respeito e justiça, se considerarmos que é verdadeiro que trabalho gera sofrimento, então, por questão de lógica, teríamos que assumir também que o líder é, pela sua própria natureza, antiético.
Eis uma questão que, vemos em nossa experiência profissional, pode se tornar dilemática a muitos gestores, em maior ou menor grau. Queremos aqui enfrentar essa questão, que consideramos animadora e entusiasmante: o trabalho faz sofrer? Será a segunda-feira o pior dia da semana? Queremos levantar algumas questões como essas e provocar o líder em desenvolvimento a refletir conosco neste tópico de nosso estudo, à luz do pensar da gestão contemporânea e estratégica de pessoas.
O dinheiro, por incrível que pareça, está perdendo o poder. As pessoas começam a tomar consciência das importantes descobertas acerca da satisfação com a vida.
“A vida profissional atravessa grandes mudanças nas nações mais ricas. O dinheiro, por incrível que pareça, está perdendo o poder. As pessoas começam a tomar consciência das importantes descobertas acerca da satisfação com a vida. (...) Nossa economia está mudando rapidamente de uma economia de dinheiro para uma economia de satisfação. Essas tendências sobem e descem (quando falta trabalho, a satisfação pessoal perde um pouco de peso; quando a oferta de emprego é abundante, a satisfação pessoal conta mais), mas há duas décadas elas vêm apontando decididamente no sentido da satisfação pessoal.” É assim que Martin E. P. Seligman, PhD e professor de Psicologia da Universidade da Pensilvânia, inicia o décimo capítulo da sua obra “Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização permanente”, o qual versa sobre a ligação cientificamente comprovada entre trabalho e satisfação pessoal.
Sim, trabalho gera satisfação pessoal – e não sofrimento. Como endereçar isso? Essa é a grande pergunta.
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As ferramentas mais pedidas:
Administração do tempo e gestão de conflitos foram os dois temas mais solicitamos para desenvolvimento em nossas sessões individuais no ano passado. Esses assuntos te afetaram aí também?
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Bibliografia em referência neste artigo:
- BIAZZI, Fabio de. Lições essenciais sobre liderança e comportamento organizacional / Fabio de Biazzi. – 2. Ed. – São Paulo: Labrador, 2019.
- CORTELLA, Mario Sergio. Qual é a tua obra? : inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética / Mario Sergio Cortella. 25. ed. Revista e atualizada – Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
- RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência / Terezinha Azerêdo Rios. – 20. ed. – São Paulo: Cortez, 2011. – (Questões da nossa época volume ; 7).
- SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica: usando a nova Psicologia Positiva para a realização permanente / Martin E. P. Seligman, tradução de Neuza Capelo. – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
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Mestre e especialista em linguagem | Planejadora, estrategista, produtora e criadora de conteúdo, revisora, redatora, roteirista, copywriter, comunicação e marketing digital
2 aMuito boa ideia, já assinei aqui. Parabéns, Lu!