Ligar os pontos do passado para trilhar o caminho futuro

Esta foi uma semana de fortes emoções, resultado de um processo que venho cultivando no meu íntimo há muito tempo. Como acredito que tudo na natureza tem um tempo de plantar e de colher, de inspirar e expirar, de contrair e expandir, entendo que esteja mesmo a sair de mim, depois de muito silêncio, essa vontade e este dom de ajudar as pessoas com o melhor do que pude experienciar ao longo do tempo.

Em 20 dias farei 56 anos. Na perspectiva do Universo é um microssegundo, na vida humana é um bom caminho, e embora me sinta com a jovialidade que não tinha na adolescência, sei que cinco décadas pesam sobre o meu corpo que já não tem o viço da juventude.

Entretanto, é no meu corpo que este pulsar das emoções inconscientes, do arrepio, da intuição e do toque divino se faz presente e me coloca alerta, atenta e ainda mais focada no que precisa de ser feito.

Me assumir como consteladora, como facilitadora de constelações em grupo ou individuais é assumir uma parte de mim que eu sempre soube que existiu, sempre tive contato com ela, só que a deixava camuflada, tímida, só vista por mim. Eu a travestia de dom de escrever e de falar mas sabia que o princípio era o de escutar. Eu a maquiava com a alegria de quem fala com as plantas, e no fundo sabia que sou toda a natureza. Deixava que o sol me alimentasse para que também pudesse aquecer os campos sistêmicos que eu conseguia intuir antes mesmo que alguém me contasse algo. Era no silêncio da minha meditação, das orações diárias, no respeito ao outro, na contemplação da beleza que há em todas as coisas que ela mais se manifestava em mim.

Estou feliz, só que na pequenez do meu ego e da minha racionalidade, duvidava que pudesse fazer disso uma profissão. Foi uma semana de desafios e a cada novo atendimento que fiz estes dias, de pessoas que eu nunca antes tinha visto, se confirmava o caminho aberto a foice e espada dentro de mim.

Nas horas de dúvida sempre me lembro de um texto que perguntava: “você tem coragem de ser quem é? E outro que dizia: Não temos medo da sombra, temos medo da nossa própria luz.

Ainda me soa um pouco arrogante assumir essa luz e vê-la brilhar iluminando os caminhos de quem vai chegar e também de quem já chegou a mim para uma constelação.

Só que isso é o que é, a vida é o que é. Cada um tem sua missão, obra e jornada a cumprir. Essa dádiva que saiu da fonte divina e chegou até mim, atravessando gerações, precisa ser honrada e aceita.

E eu aceito, porque metade de mim é alegria e a outra metade é amor.

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