Louvor e elogios... a distância
Quem nunca ouviu dizer que os nossos dirigentes, incluindo os empresários, são parcos em elogios e muito discretos na utilização de práticas de valorização dos seus colaboradores ? Quem nunca ouviu dizer que as práticas de reconhecimento e incentivo ficam claramente a perder em comparação com as outras ? Pois bem, há uma realidade nova ! Ou, se não é nova, são novas as circunstâncias em que ela surge, e que nos leva a refletir sobre tão interiorizada ideia, podendo mesmo retirá-la do patamar de " ideia feita ", desta vez, desfeita pela experiência mais recente.
Um passeio pelas diferentes formas de comunicação mediatizada, desde as redes sociais à televisão, passando pela profusão de vídeos, conversas gravadas e comunicações privadas em estilo acolhedor, tipo conversa em família, todos estes colocados a corar no estendal das referidas e variadas redes de consumo social, revela-nos uma transformação inspiradora, para utilizar uma das expressões obrigatórias, suscetíveis de serem aplaudidas mesmo antes de percebidas, basta que soem ao ouvido. Tenho ficado extasiado com a vaga de encómios, elogios e práticas laudatórias dirigidas às equipas, às pessoas, aos colaboradores das diferentes organizações, onde não há nenhum tipo de poupança, discrição ou contenção nos adjetivos..., ante pelo contrario.
Tudo isto acontece com naturalidade, grande à vontade, ênfase até, pela voz, presença ou pelo teclado de dirigentes, gestores, empresários. Eles estão presentes, em foto ou em gravação, os textos complementam e reforçam o tom, as organizações estão identificadas pelas mais diversas formas..., apenas os destinatários estão ausentes. Tenho ouvido expressões como " magnífica equipa"..., " extraordinários colaboradores "..., " fantásticas pessoas "..., e dou comigo pronto a reformular a tal ideia feita, da mesma forma que a procurar uma explicação para tão radical mudança de registo. Que registo !
É certo que os elogios surgem dirigindo-se a ausentes. Alguns, admito, definitivamente ausentes. Porque tendo perdido o trabalho que tinham, perderam o direito a serem considerados como legítimos destinatários de tais encómios. Não estou a dizer que quem assim fala é o mesmo ou a mesma que, entretanto e sob a capa da crise em curso, já despediu, colocou em lay-off ou descartou as fantásticas pessoas. Mas também não estou a dizer que não. O que digo é que fico na dúvida se este diferente, novo e apreciável registo é um momento de treino para ser aplicado na presença das pessoas a quem, tudo leva a crer, se dirige e como prática de trabalho corrente ou se se trata de uma afirmação que vem dar consistência ao princípio da comunicação que diz que, com a mediação tecnológica, nos aproximamos dos distantes e nos afastamos dos próximos.
Alguém me surpreendeu, certa vez, ao apresentar uma fórmula que nunca tinha visto e, por isso mesmo, pedi que me explicasse: PER = AS x PP / DS. Estava a debater-se a questão das práticas de louvor e elogio nas organizações e surgiu a referida fórmula, prontamente apresentada e fundamentada pelo seu portador. Dizia, então que as Práticas de Elogio e Reconhecimento... ( PER ), variam na razão direta do Alcance Social que conseguem ou podem atingir ( AS ) X a Promoção Pessoal ( PP ) percebida ou esperada por quem as faz, sobre a Distância Social ( DS ) para com os seus destinatários. Fiquei admirado. E a pensar. Tal como me encontro hoje, sempre pronto a encontrar as evidências que me permitam perceber o que não sei.
De forma diferente, igualmente avesso a títulos
4 aFilie, obrigado por se ter dado ao trabalho de ler o texto e, ainda por cima, comentá-lo com um acrescento. Registo.
Gestor de Negócios e Tecnologias - U.Porto Inovação
4 aIgualmente pasmado. Mas já agora uma sugestão. Não deveria ser PEA = Práticas de Elogio e Acontecimento? É que de "reconhecimento", as práticas deste exemplo têm muito pouco.