LUGAR DE LÍDER É NO DIVÃ
Enquanto muitos profissionais se deslumbram com status e posição e até com a cadeira diferenciada e sala privativa que ocuparão caso se tornem chefes, os verdadeiros líderes mantêm o pé no chão. A cadeira que mais os atrai é o “divã”, que pode ser físico ou representar a visita que se deve fazer periodicamente à sua consciência para uma autoanálise, com ou sem auxílio de outras pessoas. No entanto, é sempre bom contar com bons conselheiros.
Se não for assim, como poderão fazer uma análise mais profunda da empresa, comunidade, região ou país onde estão inseridos e manterem-se imparciais em meio a tantas pressões? Para se manter forte, é imprescindível manter-se conectado com seus valores e sua missão.
Caso contrário, ficamos ao léu, indo para onde o vento soprar, presos a conveniências e ao efeito manada, nada adequado para quem tem o desejo de transformar ambientes e deixar legado.
Quem faz esse processo de autoanálise profundo, mesmo quando aparentemente “perder” diante de olhares simplórios, vence por não vender o seu bem mais precioso: a consciência.
Quem não se conhece, na menor pressão de outros que têm influência e poder, saem a fazer as coisas em cascata, sem pensar e sem qualquer propósito. Para eles, basta o “bom” salário em algum momento do mês e travando guerras não com o mundo fora da empresa, mas com outros colegas e subordinados para não terem suas posições ameaçadas.
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Isso torna-se ainda mais delicado em uma realidade em que se tem uma redução da média de idade de pessoas que chegam a posições de gestores, diretores e presidentes de empresas. Nada contra os mais jovens e sei que há gente preparada e competente que chega a posições elevadas com clareza e valores sólidos, independentemente de idade.
No entanto, a experiência de vida e profissional de colocar a mão na massa conta muito para saber demandar e respeitar os demais profissionais e ter um autoconhecimento mais profundo de sua missão e propósito de vida. O tempo também é um fator importante para que empresas preparem seus profissionais com potencial para assumirem a liderança de forma mais madura e plena.
Em um momento em que há pressão para que negócios sejam mais sustentáveis, não só do ponto de vista financeiro, mas ambiental e social, é necessário mais coragem e determinação. Gestores precisam, mais do que nunca, se posicionarem contemplando as dores dos stakeholders que, definitivamente, não se resume aos acionistas.
Em um mundo cada vez mais interligado, um problema com uma parte interessada aqui pode atravancar negócios e torna-los inviáveis. A comunidade internacional nunca esteve tão engajada em bandeiras locais graças à velocidade da comunicação trazida, principalmente, pelas redes sociais.
Precisamos mudar a lógica de gerir negócios. As novas exigências pedem, mais do que nunca, verdadeiros líderes, que sejam empáticos e tenham um olhar de 360º sobre o negócio e, sobretudo, as pessoas. Não é sustentável mais olhares fragmentados, territoriais e egocêntricos. Quem tem medo de perder já perdeu. Tanto em relação no dever de promover ambientes mais justos, generosos e saudáveis quanto sobre a própria credibilidade e reputação. É, definitivamente, indispensável permanecermos no divã.