Você já teve bumerangues no time?
Tenho visto que alguns líderes se veem como “donos” das pessoas, não no sentido autoritário da palavra, mas sim quando tratam como ofensa a atitude de alguém que pede demissão para ser feliz em outro lugar.
É claro que uma pessoa que sai, leva consigo os investimentos de tempo do líder nas conversas de feedback, os investimentos em aprendizagem que a empresa e o próprio funcionário fizeram ao longo da jornada. Se por um lado alguns veem como uma “sangria de talento” outros podem pensar de outro modo: “fico feliz por você” como dizem os americanos, “I am happy for you”. Não no sentido cínico, “tomara que se ferre” e sim comemorando que a pessoa está saindo porque aproveitou as oportunidades para se desenvolver e crescer.
Alguns líderes concluíram que é melhor desenvolver mesmo que tenha de pagar o preço de perder o talento para o mercado, por diversas razões, do que ter uma equipe estagnada em termos de desenvolvimento e entrega, situação comum em que ninguém sai – para estes o mercado não está tão “fácil”. Sim, é uma escolha de Sofia.
Dá trabalho desenvolver. Vem um sentimento de traição – como a pessoa abandona o barco assim? E agora vou ter de me virar e me sobrecarregar até que alguém fique no lugar? São sentimentos humanos, da natureza de quem sofre uma perda. Meu ponto não é brigar com esses sentimentos, é deixá-los acontecerem como parte do processo de elaborar o luto pela perda, para depois refletir melhor que pode ter algum lado bom nisso tudo, seja por abrir oportunidades para promover alguém ou para oxigenar os quadros com talentos de fora.
Mas e o bumerangue, que menciono no título? Não raro, em alguns casos, as pessoas saem da organização na esperança que “a grama do vizinho seja mais verde” e acabam vendo que na realidade não era bem assim. Ou porque a empresa que atraiu oferecia uma remuneração atraente mas um ambiente de trabalho tóxico ou por que simplesmente era um outro tipo de cultura, por exemplo mais “hierárquica” e a pessoa, por pouco autoconhecimento, não sabia que preferia a cultura de autonomia em que trabalhava. Por estas e outras razões essa pessoa se arrepende do movimento de saída e resolve voltar. Isso é uma ótima notícia, nunca um motivo para espezinhar.
Os bumerangues que conheço mudaram completamente a atitude – antes da saída ficavam reclamando do dia a dia e de coisas banais, e ao voltarem aprenderam que eles tem na mão o que realmente importa para sua felicidade profissional. Frequentemente contam isso para os colegas e contagiam positivamente o restante do time.
Entretanto, pode ser que alguns bumerangues queiram voltar mas não sintam as portas abertas, por exemplo, pela forma como foi encarado seu pedido de demissão. Nesse sentido, líderes podem ressignificar a saída como algo “natural” e não como “traição”. Dizer algo com sinceridade simples como:
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“Bem, eu não queria que você saísse. Ao mesmo tempo entendo que você precisa buscar seu caminho. Saiba que se um dia quiser retornar, as portas estarão abertas.”
pode ser uma forma de deixar o caminho pavimentado para uma eventual volta. E manter-se em contato, pois isso pode acelerar o processo de descoberta de uma oportunidade interna e uma pessoa desiludida querendo voltar.
Espero que essas dicas experiências sejam, de algum modo, úteis para você!
Consultora | People Advisor | Desenvolvimento Humano | Volkswagen Financial Services (Brasil)
2 aSuper concordo com vc, Dante! Não é só uma questão de a outra empresa ser melhor que a atual, mas também a oportunidade, o projeto para aquele momento da carreira do profissional. Presenciei o retorno de pessoas com uma bagagem grandiosa. Ótimo artigo. Parabéns abordagem!
Diretor - GCONTT - Grupo de Consultoria em Teletrabalho - Ajudamos empresas a melhorar seus resultados através do Teletrabalho!
2 aCaro Dante, retomando o contato para parabeniza -lo pela publicação. Excelente, tanto no conteúdo quanto na forma; mensagem contributiva. Abraços, dê notícias!
Professor Universitário (UFBA) I Palestrante.
2 aParabéns Dante pelo ótimo artigo para reflexão de gestores e subordinados. Como gestor, sempre contribuo para o desenvolvimento das competências do profissional. Esse sentido de ser dono de alguém não tem sentido como se quer o melhor para a pessoa. Saber que alguém está cada dia melhor e que trabalhou com você, né muito bom.
Especialista em Inovação, PhD. Professor, Consultor e Pesquisador. Gestor Interino com larga experiência como executivo em Multinacionais do ramo Automotivo.
2 aFala Dante tudo bem? Parabéns pelo excelente artigo! Como gestor sempre tive uma postura empática com relação a desligamento voluntário de colaboradores. Entendo que nosso papel como gestores é formar talentos para a empresa e para a sociedade. E cabe a nós e à empresa reter os talentos com desafios à altura, clima organizacional saudável e produtivo além de políticas de retenção. Tivemos alguns casos de bumerangues, sempre enriquecedores para os dois lados.
IT and e-commerce logistics director. Anxious achiever.
2 aTemos bumerangues aqui sim! Alguns que deram mais de uma volta inclusive. Aliás eu também sou um deles. O maior risco para um time ou empresa é se tornar um sistema fechado! O mundo evoluindo e você admirando o seu umbigo, it looks really stupid.