Menos release, mais relacionamento
Durante muito tempo, assessoria de imprensa era serviço essencial no portfólio de toda agência de comunicação. Por mais que as assessorias tivessem outras ferramentas, o tradicional release era imprescindível. Assim, quanto mais releases emplacados nos veículos, melhor — o cliente ficava satisfeito. Com a crise do tradicional modelo de negócio do jornalismo, novas formas de conexão com o público e o fenômeno das redes sociais, porém, as agências precisam se reinventar.
Há alguns dias, esse tema foi tratado por Leandro Ramalho — jornalista à frente da Pauta Comunicação juntamente com Iara Ieno —, durante uma aula inaugural de uma pós-graduação em assessoria de imprensa oferecida pela Unicorp. Estive ao lado de Leandro compondo a mesa de debatedores e, como sempre ocorre quando o encontro, adquiri novos conhecimentos.
Hoje, assessoria de imprensa é apenas 30% do que a Pauta Comunicação faz. O restante, relacionamento; muito relacionamento e não só com jornalistas. “A gente sempre trabalhou com o conceito de assessoria de comunicação, embora tenhamos nos especializado no relacionamento com a imprensa. E até hoje somos sempre muito associados a esse trabalho”, comentou Leandro comigo, quando eu quis saber um pouco mais sobre o tema, já longe da bancada do debate.
Após quase 20 anos de estrada, a Pauta (sempre incluída entre as melhores agências de comunicação da Paraíba), identificou mudanças no mercado: clientes querendo mais simplicidade em seus atendimentos; enxugamento de redações e fechamento de empresas de comunicação; e surgimento de uma nova mídia digital, formada por pessoas de áreas bem distantes do jornalismo.
A partir desse cenário, a Pauta Comunicação precisou (re) agir. “A gente entendeu que ou mudava ou acabava. E que é preciso evoluir na entrega de resultados para os clientes, seja na mídia espontânea (conquistada), seja na mídia paga (anúncios e informes publicitários) ou mídia própria (conteúdo desenvolvido para os canais da marca)”, revela Leandro.
Tudo isso são habilidades que as agências precisam adquirir para se manter ativas e estratégicas. Muitas vezes, fazendo parcerias com outras empresas de comunicação, para que o resultado final esperado pelo cliente seja alcançado. Por demanda mesmo dos clientes, lembra Leandro Ramalho, ferramentas de Relações Públicas vêm se tornando cada vez mais importantes para as agências.
“Os clientes querem que as agências de comunicação conversem com os seus mais variados públicos: jornalistas, influencers, empresários, entidades governamentais, público final”. Essa prosa exige saber qual a melhor forma de se comunicar com cada um desses atores. O que sempre funcionou com editores de jornal, por exemplo, é bem diferente do que é eficaz com digital influencers, lideranças comunitárias ou associações empresariais.
Não é fácil mudar, claro. Exige preparação, estudo, foco. No caso da Pauta Comunicação, a empresa ainda está em processo de leitura da realidade e ajuste de rota. Nesse processo de migração, procura entender a realidade do mercado e estuda como tornar iniciativas viáveis do ponto de vista empresarial, buscando parcerias e definindo caminhos de atuação.
Esse não é um momento exclusivo da Pauta. Tem sido vivenciado por várias outras agências de comunicação. Ajustar-se ao novo cenário se torna imperativo, afinal, como diz uma máxima repetida infinitas vezes por um antigo chefe: “Jacaré que cochila vira bolsa de madame”.
(Artigo publicado originalmente no jornal A União, edição de 1º de setembro de 2019)
Jornalista e Consultor de comunicação
5 aSeus artigos são incríveis!
Chefe da Unidade de Reportagem da Ebserh
5 aMandando muito bem, como sempre!