Mercados esperam payroll para calibrar apostas sobre o Fed
Por Olívia Bulla 白维娅
O Ibovespa abre o pregão desta sexta-feira (2) com as atenções dos mercados globais voltadas para os dados de emprego (payroll) nos Estados Unidos (9h30). Os investidores esperam que a criação de vagas, a taxa de desemprego e o rendimento médio real sejam ruins o suficiente para enfraquecer a postura agressiva (“hawkish”) do Federal Reserve.
No entanto, mesmo a abertura inferior a 300 mil postos de trabalho em agosto, acompanhada de uma desaceleração da inflação anual ao consumidor americano (CPI), na semana que vem, ainda sustenta um aumento de 0,50 ponto percentual (pp) pelo Fed neste mês. E qualquer número mais positivo reforça a chance já majoritária de nova alta de 0,75 pp.
Portanto, os números de hoje do payroll devem ser fundamentais para definir a dinâmica de curto prazo dos ativos de risco, em especial bolsas, commodities e rendimentos (yields) dos bônus. Afinal, o Fed deve mesmo aumentar os juros mais do que os mercados previam até recentemente e manter a taxa em um nível elevado por mais tempo?
Tudo isso girou muito rápido, à medida que a atenção dos investidores mudou dos temores de recessão para o discurso hawkish do Fed. Ou seja, os ventos contrários ao crescimento econômico global não tiveram força para mudar a postura agressiva dos principais BCs.
Vale lembrar que a maioria dos principais índices de ações globais subiram nas duas primeiras semanas de agosto, diante dos sinais de redução das pressões inflacionárias, o que encorajou os investidores a apostar que o Fed abandonaria o discurso hawkish. Porém, o compromisso em trazer a inflação de volta à meta esvaziou essas expectativas.
Aliás, o Banco Central Europeu (BCE) deve seguir o ritmo e promover uma alta de 0,75 pp no próximo dia 8. O BC inglês (BoE) também está atento, em meio às especulações de que a libra será a próxima moeda europeia a alcançar a paridade com o dólar.
Exceção à regra
A moeda americana está entre os poucos ativos financeiros a apresentar ganhos anormais no mês passado, com o índice DXY atingindo os maiores níveis em 20 anos. A exceção fica com o real brasileiro, que acumula valorização de 7,50% de janeiro a agosto, atrás apenas do rublo russo.
Tal desempenho nem de longe lembra do ataque à moeda brasileira às vésperas das eleições 20 anos atrás, quando o mesmo candidato hoje líder nas pesquisas eleitorais caminhava para ser eleito pela primeira vez. Aliás, o Datafolha divulgado ontem reforçou o cenário apontado pelos outros levantamentos.
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Ou seja, enquanto o ex-presidente Lula apresenta uma tendência negativa, o presidente Jair Bolsonaro mostra estabilidade. O destaque, então, fica com o crescimento importante dos candidatos de terceira via, com Simone Tebet (MDB) já ameaçando o terceiro lugar de Ciro Gomes (PDT).
A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h55:
EUA: o futuro do Dow Jones tinha leve baixa de 0,07%; o do S&P 500 caía 0,14%; e o do Nasdaq recuava 0,32%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha alta de 0,53%; a bolsa de Frankfurt subia 1,32%; a de Londres avançava 0,59% e a de Paris crescia 0,55%.
Câmbio: o DXY caía 0,35%, a 109.31 pontos; o euro subia 0,51%, a US$ 0,9999; a libra tinha alta de 0,16%, a US$ 1,1564; o dólar subia 0,09% ante o iene, a 140,33 ienes.
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,258%, de 3,264% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 3,496%, de 3,516% na sessão anterior
Commodities: o futuro do ouro tinha alta de 0,49%, a US$ 1.717,60 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 2,12%, a US$ 88,45 o barril; o do petróleo Brent ganhava 2,20%, a US$ 94,39 o barril; o minério de ferro para janeiro tombou 3,13% em Dalian (China), a 665,50 yuans.
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