Mito do "felizes para sempre" nas organizações

Mito do "felizes para sempre" nas organizações

Mergulho hoje em uma reflexão, estimulada por uma série de comentários de amigos sobre demissões e mudança de cultura das empresas.

Em muitas empresas, adotam-se práticas e um modelo de relação com os funcionários que cria tal nível de identificação que as pessoas sentem-se em casa, como parte de uma família. À medida que permanecem por mais tempo nessa organização, engajam-se por seus resultados e vibram com essas vitórias, sentindo que "fazem parte" de tudo aquilo. Mas a verdade é que essa ideia de “família” é ilusória. A relação é de emprego, uma troca entre as partes, em que uma faz a entrega do trabalho e outra reconhece financeiramente (não vamos entrar aqui na discussão sobre o ambiente de trabalho, todos sabemos que é importante, mas não vem ao caso no momento).

O tempo passa e as relações de trabalho SEMPRE acabam, ou por demissão ou por aposentadoria. No primeiro caso, isso é mais difícil para umas pessoas do que para outras, especialmente quando existe tanto sentimento envolvido. É uma quebra de um contrato psicológico que vai muito além do “parar de receber salário”. As pessoas sentem-se abandonadas, sem rumo e até mesmo traídas depois de dedicarem a vida à empresa.

Por que fui demitido depois de tanto tempo? Por que EU?

Não estou sendo inovadora fazendo a analogia das empresas a um organismo vivo, mas é a melhor forma que conheço de comparação.

Uma empresa, como organismo vivo, é formado por células, órgãos, sistemas. Neste momento, podemos dizer que as pessoas são exatamente essas células. Assim como em nosso corpo, onde de tempos em tempos as células são renovadas, o mesmo acontece nas organizações. O organismo precisa estar em constante transformação e reconstrução. Se sai uma pessoa, outra entra e faz a sua função. Pode até levar um tempo para os resultados aparecerem, mas o organismo se adapta. Em um sistema, pessoas são fundamentais, individualmente são "finitas" em idade e na contribuição que podem oferecer.

Neste caso, temos de nos lembrar que a longevidade potencial de uma empresa/organismo é muito maior que das pessoas/células. Assim, elas passarão e a empresa ficará, mudará e continuará. Além disso, as pessoas tornam-se obsoletas e nem sempre percebem isso. 

Observando minha própria experiência, teve uma época que eu estava sempre atualizada em relação à tecnologia e aos aspectos que me cercavam... Hoje certamente não acompanho essas tecnologias da informação na mesma velocidade, talvez certamente não tenha o mesmo nível. De alguma maneira, se não estar na vanguarda desses temas pode tirar de mim uma vantagem competitiva, por outro continuo estudando e me atualizando na área em que escolhi atuar, vendo o que o mercado está aplicando e tentando ficar "antenada" às novas possibilidades. 

Mas, DENTRO das organizações, nem todos conseguem esta contínua atualização. E ai vem uma geração de meninos que, embora sem a "bagagem do conhecimento", tem a energia e a cabeça tecnológica diferente. 

Quanto à nossa bagagem, é sempre importante saber o que devemos continuar levando na mochila ou o que devemos "jogar fora" porque não serve mais... Às vezes carregamos peso demais inutilmente e esquecemos de aprender o que há de novo.

Enfim, trabalhe e ame o que faz. Mas não se esqueça que trabalho não é um conto de fadas que acaba com “e foram felizes para sempre...”

Eduardo Gaudereto

Recursos Humanos | Outplacement | Coach Executivo | Consultor de Transição de Carreira | Talent Development | Palestrante | Psicólogo | Consultor RH | Revisor Currículo e perfil LinkedIn.

7 a

Boa reflexão Sofia Couto. Parabéns bela clareza das ideias. É bom o profissional lembrar que ele também é bem maior do que a empresa, afinal poderá encontrar outras oportunidades em empresas certamente melhores, ou quem sabe ele poderá dar força ao seu desejo antigo de possuir o seu próprio negócio. Nada é para sempre, nem a sensação ruim de alguns momentos na vida organizacional. "Bola prá frente."

Orlando Ferreira Ribeiro

Gestão de equipes de Vendas e Pós-vendas no setor automotivo e, Gestão de treinamento em empresa de médio e grande porte

7 a

Sofia. Gostei muito desta reflexão. Manter-se atualizado é fundamental. Acompanhar a evolução na mesma velocidade em que elas acontecem é a questão. Ma suma outra questão interessante é termos a humildade de aprender com os "MILLENIALS"que conforme você apresentou trazem com eles uma energia imensa e a cabeça high-tech. Equacionar experiência com potencia criativa é essencial. O que na verdade dura para sempre, são os exemplos e as amizades que deixamos e construimos.

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